Brasília – O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta chega hoje ao meio-dia no Pará a convite do governador Helder Barbalho. Médico de formação, traz na bagagem, sua vasta experiência em saúde pública para ajudar a traçar um plano emergencial para conter o vírus chinês no Pará. Para o ex-ministro, o Pará será o epicentro da pandemia no país.
O presidente Jair Bolsonaro demitiu o então ministro Luiz Henrique Mandetta no mês passado, numa quinta-feira (16.abr.2020). Seu substituto, o oncologista Nelson Teich, também foi demitido pelo presidente na sexta-feira (15.mai.2020), menos de um mês depois de assumir o cargo, vago até hoje em plena pandemia.
A causa da demissão dos dois ministros foi a divergência com o presidente Bolsonaro sobre a política de isolamento social e o uso de medicamentos como a cloroquina que, segundo os ex-ministros, não têm comprovação científica segura de sua eficácia.
Lockdown
Após tomar conhecimentos dos números apresentados por relatórios setoriais pelos membros do Comitê de Crise da Pandemia Por Covid-19 no Pará, em reunião na sexta-feira (15), não restou alternativa ao governador Helder Barbalho, senão a ampliação do da decretação de estado de lockdown , ou seja, a suspensão total das atividades não essenciais, com restrição de circulação de pessoas em mais sete municípios paraenses.
A nova edição do decreto foi publicado no sábado (16), e agora atinge Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Castanhal, Santa Isabel do Pará, Santa Bárbara do Pará, Breves, Vigia, Santo Antônio do Tauá, Cametá, Canaã dos Carajás, Parauapebas, Marabá, Santarém, Abaetetuba e Capanema.
Epicentro
Em entrevista à imprensa do sul do país na sexta-feira (15), o ex-ministro Mandetta afirmou que: “O Pará vai ser o epicentro da doença no Brasil”. Ele afirmou que o sistema está começando a entrar em colapso. UFPA e UFRA previram situação há um mês.
“Se você me perguntar hoje quem é que tá com o maior problema, é o Pará. O Pará vai ser o epicentro, vai deslocar de Manaus e vai cair no Pará, em Belém. Ela tá com a curva dela só que sobe. Nas próximas duas, três semanas, ela vai sofrer muito. O sistema já tá começando a fase de colapso, ela vai atravessar o mês de junho colapsada. Então falar em atividade econômica em Belém é, assim uma, ninguém vai, as pessoas vão conhecer pessoas, vizinhos, que morreram. Não vai rolar”, afirmou Mandetta na entrevista da última 6ª feira.
Há um mês a Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) previram a situação que o Pará estaria em meados de maio em relação ao avanço da Covid-19. Pesquisadores estimaram que o pico da Covid-19 no Pará poderia ocorrer no dia 14 de maio, quando o Pará estaria com 12 mil novos infectados em 24 horas neste dia. A projeção estatística indicava que o número total de infectados pode chegar a 200 mil pessoas, caso não sejam atendidas as medidas de distanciamento social.
Agenda
Ex-ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, desembarca nesta segunda-feira (18), às 12h em Belém. Ele aceitou o convite do governador Helder Barbalho para conduzir um Plano Estratégico de combate ao coronavírus.
Mandetta, médico ortopedista com largo conhecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) leva para o Pará toda sua experiência, especialmente a recente como ministro, se juntará à equipe do Governo para iniciar, de imediato, as ações. O ex-ministro segue direto do aeroporto para o Palácio do Governo onde se reúne com Helder e equipe de governo. Ele não foi contratado para prestar essa consultoria.
Por Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.