Por Ulisses Miranda – Marabá
O médico obstetra Fábio Oliveira Costa, que trabalha no HMI (Hospital Materno Infantil), em Marabá, foi à Delegacia de Polícia Civil nesta segunda-feira, 23, para registrar Boletim de Ocorrência sobre a falta de material para realizar parto cesariano naquela casa de saúde.
A denúncia do médico coloca mais lenha na fogueira e reacende a discussão sobre a causa da morte de bebês e parturientes na maior maternidade de Marabá e região. Fábio Costa, ainda na delegacia, disse à Imprensa que não é a primeira vez que falta de material dessa natureza. “Infelizmente, nós não temos material para fazer parto cesariano no Hospital Materno Infantil. Então, se chegar alguém em emergência, precisando de um parto cesário com urgência, os médicos, eu, doutor Garibaldi, Orlando e Sérgio, não teremos como fazer a cesariana, a não ser que façamos com a unha”, ironizou.
Na avaliação de Fábio Costa, a população anda culpando muito os médicos sobre as mortes no HMI, mas não sabe a realidade que eles vivem com a falta de material e a luta diária. “Essa situação é constante, uma, duas, três vezes por mês nós ficamos sem material para fazer parto cesariano, e muitas vezes até sem material para fazer parto normal, que às vezes fazemos na improvisação.
O médico Fábio Costa reconhece que a falta de material causa risco para pacientes, para mães e s bebês e para a carreira deles. “O caso Teresa Carosi foi específico e eu não estava presente, não tenho como me manifestar”, explicou, quando questionado pela Imprensa.
O médico disse que a direção do HMI sempre alega que o autoclave (equipamento que faz a esterilização do material cirúrgico) não está funcionando, e esse é um problema que pode causar risco aos pacientes. “É difícil trabalhar assim, temos que fazer o Boletim de Ocorrência para nos respaldar, caso aconteça alguma coisa que a gente não deseja, para que a população saiba que não foi nossa culpa”, advertiu.
Fábio Costa diz que estava falando em defesa não somente dos médicos, mas de toda equipe do Hospital Materno Infantil, que vem sendo alvo de denúncias de forma generalizada e de forma injusta, na avaliação dele. Citou o caso das lesões do plexo braquial em várias crianças nascidas no HMI, que gerou uma ação em conjunto no Ministério Público Estadual, em que ele mesmo é um dos acusados, dizendo que a média desses casos é quatro vezes menor que a nacional.
Quanto à mortalidade dos recém-nascidos, considerada alta, ele também defendeu a classe médica e jogou a responsabilidade pela mortes ao pré-natal mal feito nos centros de saúde da rede municipal e também de municípios da região. “Não tem pré-natal nenhum na cidade que seja decente, nem nas cidades vizinhas e absorvemos a mortalidade de Itupiranga, Bom Jesus, de todas as cidades ao redor. Quando há bebê pré-maturo, eles mandam pra cá pra gente, então acabamos absorvendo as mortes, não somente de Marabá, como da região. Ou seja, é um pouco maior que a média realmente”.
Na avaliação do médico Fábio Costa, se não fosse o trabalho dedicado dos profissionais de saúde do HMI, muitos outros bebês e parturientes teriam morrido. “As pessoas têm de saber de quem é a culpa, se é dos médicos ou do sistema. Desde o pré-natal no posto de saúde que não é feito por médico, que é feito por gente não capacitada, desde a falta de material”, critica.
A reportagem do CT tentou falar com o secretário de Saúde, Nilson Piedade, e com a coordenadora de Atenção Básica do município, Marly Maltarollo, mas eles não atenderam o telefone. À noite, o próprio prefeito Maurino Magalhães esteve no Jornal e foi solicitado para pedir ligação para o secretário de saúde, mas o contato com o repórter não foi estabelecido.
6 comentários em “Marabá: médico denuncia na polícia falta de material para parto”
Parabéns dr, fábio
Vc fez muito bem em denuncia,pois assim a população fica informada e assim procura saber da secretaria de saúde e da prefeitura cade o dinheiro que e pra ser ivestido nas compras desses materias ??????
……..pra que venha ter melhorar nos temos que cobrar..ser niguem falar não vai mudar não vai ter melhoras.
Dia 09 de fevereiro eu tive bebê parto cesário e fui bem atendida por toda equipe do marterno e pelo dr fábio que fez o meu parto………………..
meus sinceros parabens DR FABIO PELA ATITUDE DE coragem quizera a população de parauapebas ter dentro do sesp ou melhor teofilo nao sei o que, um medico de atitude e coragem em denunciar que nao tem materias aki tambem talvez o sistema tomava vergonha e melhoraria o atendimento publico e nao vou longe ja aconteceu em minha familia
parabens DR FABIO
Parabéns Dr. Fábio, pela coragem de expor a situação, principalmente em ano eleitoral, onde muitos falsos administradores públicos fazem o que for preciso para não perder a teta; tomara que os órgãos fiscalizadores, comece a agir nesse país de impunidades.
AVISO DE UTILIDADE PÚBLICA…
Que nada caros amigos médicos, você pode se prejudicar com isso aqui no pará e também em outros lugares você é descriminado por essa atitude. Ir a policia é uma medida de desespero e de respaldo pois essa profissão é muito criticada e a mais linda de todas, é a profissão que ajuda a trazer a vida para essa terra.
Parabéns por sua atitude mas já estamos calejados com essa disputa de poderes a qual os administradores dos municipios FURTÃO O DINHEIRO ALHEIO de nossa sociedade calejada de tanto depreparo dos escolhidos, culpados somos nós com certeza sem ninguem a nos proteger.
Mas sem querer ser ironico ainda temos muitas pessoas que podem vos ajudar caros amigos médicos, AS PARTEIRAS, uma das profissões mais antigas temos relatos nos livros da data do século xv, e atualmente com dados rescentes o Ministério da Saúde (Brasil)mantém o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais que vem sendo implementado desde março de 2000 tendo como objetivo assegurar a melhoria do parto e do nascimento domiciliar assistido por parteiras tradicionais. Busca sensibilizar gestores e profissionais de saúde para que reconheçam as parteiras como parceiras na atenção à saúde da comunidade e desenvolvam ações para resgatar, valorizar, apoiar, qualificar e articular o seu trabalho ao do Sistema Único de Saúde (SUS) e, dessa maneira, possibilitar a preservação de seus saberes e práticas, bem como promover o encontro desses saberes com o conhecimento técnico-científico respeitando as especificidades étnicas e culturais (indígenas e quilombolas).
O Brasil, segundo Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS – 1996) ainda registra uma alta freqüência de partos domiciliares nas áreas rurais (20%) contudo destes apenas 40% tiveram assistência de enfermeiras e de parteiras (cerca de 40%). O referido programa do MS já capacitou desde a sua criação cerca de 3.000 parteiras e profissionais de saúde em 120 municípios do país.
Com tudo isso ainda uma pequena porcentagem da população esta a salva com a a ajuda das parteira na real precisamos de HOMENS E MULHERES, que respeitem a vida mesmo antes de vir a esse mundo.
E promover mais respeito e consideração a essa profissão tão linda que é a medicina, saudo os verdadeiros profissionais da saúde anjos da vida.
Agradeço bom dia
Ainda bem que este médico é corajoso. Pior que BO e nada não tem muita diferênça. E ainda é capaz do Maurino se reeleger tanto pelo voto do povo quanto pela “justiça”. Acredito que devemos criar novos nomes e conceitos para Justiça, Democracia, pois fico a imaginar um professor de filosofia retrogado e um adolescente pós moderno discutindo numa aula de filosfia do ensino médio estes conceitos… É só caos…