A Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim) promoveu na última sexta-feira (23) o segundo Café com Negócios. Trata-se de palestra em forma de bate-papo descontraído, durante a qual acontece a interação entre os visitantes de outras cidades e empresários locais. A finalidade é trazer o relato de experiências bem sucedidas em outras praças e conhecer novas estratégias de negócios a fim de aplica-las no mercado local.
Com o tema “A Soja no Estado do Pará”, os convidados desta segunda edição foram: o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Pará), Vanderlei Silva Ataídes, também diretor da Aprosoja Brasil e produtor rural há mais de 20 anos no Estado; e Daniel Luiz Leal Mangas, administrador especialista em Agronegócio e funcionário da Embrapa desde 1986, onde é supervisor do Núcleo de Apoio a Pesquisa e Transferência de Tecnologias (Napt) Sudeste do Pará.
Daniel Mangas fez um histórico da soja no País e na região amazônica, falou sobre técnicas, descreveu os cultivares de soja, discorreu acerca de dados econômicos, sistemas de produção e falou também de produtividade. “Estamos cansados dos grandes ciclos, já tivemos o da borracha, castanha, diamantes, madeira, ouro e minério. Já, a agricultura não tem ciclo, basta que se desenvolva pesquisa”, opina Daniel Mangas.
Ele lembra que a Embrapa, entre as décadas de 1970 e 1980, conseguiu produzir soja no cerrado, onde estão hoje os maiores índices de produtividade, concentrados do Triângulo Mineiro, Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, norte de Goiás e Mato Grosso. “Só aí já se produz mais de 60% da soja exportada do Brasil”, observa.
Vanderlei Ataídes, presidente da Aprosoja, que há 20 anos está em Paragominas, detalhou todos os estágios, da escolha da semente à colheita da soja, aos empresários, que acompanharam com bastante interesse as explicações. Falou de valores de frete, alternativas de financiamento, tipos de solo, correção de solo, entressafra, silagem, maquinário, preços no mercado nacional e internacional, exportação, lucro líquido e logística, entre outros assuntos.
“Hoje nós temos três polos de agricultura no nosso Estado: Paragominas, Santarém e Santana do Araguaia. Marabá neste momento ainda não faz parte desse circuito, mas, eu acredito que em breve vai começar a ter plantio de soja e milho aqui, as terras de Marabá têm as mesmas aptidões da agricultura que temos em outras cidades”, previu Ataídes.
Ítalo Ipojucan Costa, presidente da Acim diz que a soja é um movimento real em que não existe “mais ou menos”. “Esse movimento veio para se implantar e está consolidado”, afirma ele, observando que, ano após ano, os números do setor do plantio de soja são recordes e a classe empreendedora precisa estar atenta e enxergar as oportunidades de negócios que há para o mundo empreendedor avançar.
Vice-presidente da Acim diz que o Pará é a bolada vez no plantio de soja
Eugênio Alegretti Neto, primeiro-vice- presidente da ACIM, é um entusiasta da cultura da soja em Marabá. Ele afirma que o grão está em plena expansão no Estado. Diz que o Pará é “a bola da vez” porque reúne condições “espetaculares” para a produção de soja, “tendo em vista a proximidade do porto”. “Além disso, nós temos toda a questão logística da soja do Mato Grosso que passa por esta região, indo para Barcarena. São mais de 200 caminhões por dia passando por Marabá, carregados de soja. Mas, num futuro próximo, essa carga ficará aqui e será escoada pela hidrovia, possibilitando a verticalização com o surgimento de esmagadoras, fábricas de alimentos, fábricas de ração”, prevê.
Então, nesse contexto, ele afirma que é preciso preparar o empresário local e, quem sabe, adiantar o processo, incentivando pessoas a investirem nessa área: “Eu não tenho dúvida de que esse é um caminho sem volta. A soja tem uma cadeia produtiva muito grande. Envolve não só o agricultor, mas também o comércio, a produção de máquinas agrícolas, a indústria de caminhões, indústria de adubos, de fertilizantes, de biotecnologia”.
A soja já está acontecendo, a 150 km de Marabá, em qualquer direção há soja sendo plantada – afirma o vice-presidente da ACIM – observando que seja em direção à Estrada do Rio Preto, seja na PA-150, seja na BR-222 no sentido de Rondon do Pará, em qualquer destino há soja sendo plantada. “E digo o seguinte: o ciclo da soja é o ciclo renovável, aquele ciclo com o qual a gente sempre sonhou. Nós passamos por vários ciclos extrativistas, mas o da agricultura é aquele que vai ficar, aquele que é renovável, que é passível de uma verticalização estando sempre renovável e em crescimento”, afirma, otimista.