Nos últimos oito anos, não houve um ano sequer sem greve de funcionários dos Correios em Marabá, que geralmente aderem ao movimento paredista nacional. Nesta segunda-feira, dia 12 de março, eles voltaram a cruzar os braços por tempo indeterminado. Por enquanto, os funcionários do setor administrativo, como atendentes, não aderiram à greve na cidade e o atendimento aos usuários está normal. As entregas, por outro lado, estão totalmente paralisadas. A última greve dos funcionários dos Correios foi há cerca de 6 meses e durou 17 dias.
As reivindicações começam pela alteração no plano de carreira e salários e retirada de benefícios, com cobrança de mensalidades e retirada de dependentes do plano de saúde; suspensão de férias a partir de abril para carteiros, atendentes e operadores de cargas; redução da carga horária e do salário de funcionários da área administrativa; extinção do cargo de operador de triagem e transbordo (responsável pelo processo de tratamento e encaminhamento de cartas e encomendas); fechamento de mais de 2.500 agências próprias por todo o Brasil; não realização de concurso público desde 2011 e planos de demissão voluntária que reduziram o número de funcionários.
Segundo os Correios, a questão do plano de saúde foi discutida “exaustivamente” com as representações dos trabalhadores, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho e que, após diversas tentativas sem sucesso, a forma de custeio segue para julgamento pelo TST.
O delegado sindical dos servidores dos Correios em Marabá, Walclécio Valente de Souza explica que eles exigem a contratação de novos funcionários via concurso público, uma vez que o Centro de Distribuição no município acumula muitas encomendas e falta pessoal para fazer a entrega qualificada.
“É um movimento nacional contra uma série de fatores e a favor do nosso convênio médico que o Governo quer reformular os moldes de como é cobrado. Atualmente, pagamos 10% sobre consultas e exames quando utilizamos, mas o Governo pretende cobrar uma mensalidade em torno de R$ 200 e mais 30% sobre exames e consultas”, lamenta o sindicalista.
Ainda segundo Walclécio, a questão das férias incomoda os trabalhadores. “Este ano não haverá mais férias para ninguém, quem tirou, tirou, quem não tirou está suspensa sob a alegação de enxugar a máquina. Eles querem fazer isso cobrando do trabalhador e não podemos pagar essa conta”.
Ainda nesta segunda-feira, os Correios publicaram a seguinte nota sobre a greve:
“A greve é um direito do trabalhador. No entanto, um movimento dessa natureza, neste momento, serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados.
Esclarecemos à sociedade que o plano de saúde, principal pauta da paralisação anunciada para a próxima segunda-feira (12) pelos trabalhadores, foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Após diversas tentativas de acordo sem sucesso, a forma de custeio do plano de saúde dos Correios segue, agora, para julgamento pelo TST.
A empresa aguarda uma decisão conclusiva por parte daquele tribunal para tomar as medidas necessárias, mas ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos”.