Por Ulisses Pompeu – de Marabá
O volume de chuvas que caiu em Marabá nos primeiros 12 dias de fevereiro já superaram todo o mês de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, segundo o INMET (Instituto Nacional de Metereologia). A Defesa Civil Municipal informa que de 8 horas da manhã da última sexta-feira, dia 10, até o mesmo horário na manhã deste domingo, 12, o nível do Rio Tocantins subiu exatamente 1,06 metro.
Com isso, a média de subida por dia é de cinquenta centímetros. Jairo Milhomem, bombeiro militar que deverá assumir a coordenação da Defesa Civil nos próximos dias, explica que a régua pluviométrica instalada numa base do Exército no Rio Tocantins, Orla de Marabá, marcava 5,70 metros acima do nível normal. Na manhã de sábado apontava 6,32 metros e no mesmo horário, no domingo, a régua marcava 6,76.
Segundo Jairon, o nível do Rio Tocantins já se encontra 6,5 metro acima do nível normal e os próximos dias serão determinantes para avaliação da equipe da Defesa Civil em relação à construção de abrigos para famílias que residem em áreas mais baixas da cidade, geralmente invasões urbanas às margens dos rios Itacaiúnas e Tocantins, que banham a cidade. “Ele pode subir, mas também pode descer. Precisamos acompanhar de perto os boletins da Eletronorte para avaliar a situação. Acredito que com 9 metros acima do nível normal já teremos famílias afetadas em áreas mais baixas”, prevê Milhomem.
E o final de semana foi de chuva intensa na cidade de Marabá. De sábado para domingo a chuva se intensificou mais ainda e na madrugada dezenas de ruas e centenas de residências foram invadidas por água acumulada pela chuva, em função do sistema de drenagem estar bastante deficitário por causa do lixo que entupiu as bueiras.
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura, procurada pelo blog no início da tarde deste domingo, 12, informou que uma equipe da Secretaria de Viação e Obras Públicas (Sevop) havia identificado quatro pontos críticos de alagamento na cidade: Avenida Boa Esperança, Avenida Antônio Vilhena, no núcleo Liberdade; várias vias do núcleo Morada Nova; e a avenida Manaus, no Belo Horizonte. A equipe providenciou a limpeza desses bueiros e, se for necessário, a equipe será ampliada nesta segunda-feira.
Nas redes socais as fotos publicadas por moradores apontavam para diversas outras vias com enchentes das águas das chuvas. É o caso da Avenida no entorno da Grota do Aeroporto, Folha 33, bairros Da Paz, São Miguel da Conquista, Nossa Senhora Aparecida, entre outros, que também amanheceram com ruas e casas inundadas neste domingo.
Os vendedores e visitantes da Feira da Laranjeiras, no bairro de mesmo nome, amanheceram literalmente com a água no meio da canela. E isso continuou até por volta de meio dia, quando a chuva deu uma trégua. E quem ficou com o prejuízo foram os feirantes que trabalham com produtos perecíveis, como frutas e verduras, porque o fluxo de clientes, segundo alguns vendedores consultados, caiu cerca de 70%. Muitos veículos não conseguiam chegar próximo à feira porque as ruas em volta estavam alagadas e com mais de 80 centímetros de profundidade.
Mas o maior prejuízo mesmo foram de dezenas de famílias que viram a água invadir suas casas no meio da madrugada e tiveram de acordar muito antes do previsto. É o caso de Marta Kátia dos Prazeres, residente na Avenida Boa Esperança, bairro Laranjeiras. Com uma vassoura na mão – às 10 horas da manhã – ela tentava retirar de dentro de casa o que ainda restava do que classificou como “dilúvio”. A comerciária, que mora com dois filhos e o marido, disse que precisou acordar os filhos, menores de 12 anos, para ajudar a “trepar” os móveis mais frágeis e equipamentos eletrônicos. “A gente não sabia até onde o nível ia chegar, então tivemos de colocar os equipamentos eletrônicos em cima do guarda roupa e armário da cozinha”, relata.
O site do INMET prevê pancada de chuva para esta segunda-feira, dia 13. E isso se estende também para os demais dias da semana.