Ulisses Pompeu – de Marabá
Dezessete dias após assumir a Prefeitura de Marabá, até agora o prefeito Tião Miranda não nomeou o secretário municipal de Cultura, a última pasta ainda indefinida. Com isso, surgem perguntas de todo tipo e até movimentos de artistas para realização de um protesto em breve. “Acabou a Secult? Tião não vai nomear secretário? Quando? O Carnaval não está bem aí em cima?”. Essas são as principais perguntas feitas por ativistas culturais que estão inconformados com o silêncio do gestor municipal. Eles elaboraram uma Carta Manifesto que será entregue ainda esta semana ao prefeito, vice-prefeito e a todos os vereadores.
Na última semana, um grupo de artistas promoveu uma reunião aberta a todos os segmentos artísticos da cidade para discutir sobre os rumos da Secretaria de Cultura nessa nova gestão da Prefeitura Municipal de Marabá. “Vamos organizar reivindicações a serem levadas ao novo prefeito sobre as demandas de cultura do município no intuito de mostrar que é um contrassenso a Secretaria de Cultura ser extinta ou relegada a um departamento dentro de outra secretaria ou instituição, como tem sido veiculado extraoficialmente”.
Um dos líderes do movimento, o poeta Airton Souza vê com preocupação a demora para nomear um secretário para a Cultura. “Pensamos que a Secult ainda precisa avançar muito na contribuição cultural dessa cidade. Mas, infelizmente, as estruturas são precárias. Esta secretaria não tem nem mesmo um prédio próprio. Está alojada, no bom sentido da palavra, na Biblioteca Municipal, localizada na Marabá Pioneira. Além disso, o acesso ao orçamento anual é muito complicado, pois a burocracia tem prejudicado em muito os avanços e a possibilidade de abarcar os principais segmentos culturais da cidade de Marabá”, lamenta.
Francisco Xavier dos Santos, o Javier de May-ra-bá, disse que um grupo composto por representantes de várias entidades está elaborando uma Carta Manifesto para ser entregue ao prefeito Tião Miranda e aos 21 vereadores da Câmara Municipal, questionando a vacância do cargo de secretário, a implementação da Lei Municipal 17.369, que define o Sistema de Cultura de Marabá. “A Secretaria de Cultura não pode voltar a ser departamento, como no passado. Isso seria um retrocesso para todos, sobretudo para os movimentos culturais”, lamentar Javier.
Pelo menos 30 entidades estão apoiando o movimento, como Academia de Letras, Galpão de Artes de Marabá, Instituto Hosana Lopes, bois-bumbás, Instituto de Artes Vitória Barros, Arma (Associação dos Artistas Plásticos) e Associação dos Escritores do Sul e Sudeste do Pará, entre outras. “Todas as manifestações artístico-culturais desse município têm ocorrido sob os esforços de anônimos batalhadores. Repudiaremos veementemente qualquer tentativa de desqualificar a possibilidade de uma efetiva participação popular na condução de forma democrática e ordeira das Políticas Públicas Culturais as quais estamos inseridos e por assim ser: parte constitutiva e preponderante no processo”, diz trecho da carta a que o blog teve acesso.
O grupo chegou a manter reunião com o chefe de Gabinete do prefeito Tião Miranda, Walmor Costa, no dia 12 deste mês, mas alega que nenhuma resposta foi dada em relação aos pedidos formulados.
O prefeito Tião Miranda informou ao blog que não deverá acabar com a Secretaria de Cultura, mas que pensa em agregar a ela a Secretaria de Turismo. O prefeito não apontou uma data em que deverá nomear o novo titular da pasta, alegando que neste primeiro momento a pasta fica sem titular para “enxugar despesas”.