Já existem muitas evidências de que a população total de Parauapebas está encostada, em tamanho, na de Marabá, embora estimativas anuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportem diferença numérica ainda fantasiosa. Nos cálculos do instituto, que leva em consideração apenas os caducos recenseamentos de 2010 e 2000, Marabá teria hoje cerca de 288 mil habitantes, enquanto Parauapebas teria 219 mil.
Na prática, esses dados estão fora da realidade. O Blog do Zé Dudu cruzou vários indicadores e constatou que, em alguns cenários e recortes, a população da Capital do Minério já ultrapassou à do município-mãe. Hoje, Parauapebas tem mais alunos urbanos na rede pública municipal (1.500 a mais) e, também, mais eleitores biometrizados (5.200 a mais) que Marabá. Também possui mais trabalhadores com vínculo formal (16.500) que a Capital do Cobre.
À ausência de dados oficiais sobre migração, com os quais nenhum instituto trabalha — nem mesmo o IBGE, a não ser em ano de censo —, o confronto mais interessante entre Marabá e Parauapebas está no campo das estatísticas vitais: mortes e nascimentos. Este último indicador, sobretudo, fornece a noção de como está o crescimento nos municípios. Em se tratando das duas cidades mais populosas do sudeste do Pará, os números são embolados.
Em 2020, de acordo com pesquisa do IBGE divulgada ontem (18), Marabá registrou 4.600 nascimentos, enquanto Parauapebas reportou 4.405. A retomada do pódio aconteceu após a Capital do Minério ter, em 2019, contabilizado 4.465 nascimentos ante 4.425 de Marabá. Mas Parauapebas já tinha dado um susto em Marabá em 2015, quando registrou 5.139 frente a 5.210 do município-mãe, e em 2017, com 4.610 nascimento, diante de 4.786 do vizinho mais populoso.
Crescimento vegetativo
Em uma década, entre 2010 e 2020, Marabá computou 58.275 nascimentos, de acordo com dados do IBGE. Foram tantas novas crianças que dariam para fazer um berçário do tamanho da cidade de Jacundá. Já em Parauapebas, no mesmo período, nasceram 50.409 novos cidadãos, o equivalente a uma cidade e meia do tamanho de Xinguara.
O Blog subtraiu dos números de natalidade a quantidade de mortes registradas no período para apurar o crescimento vegetativo real nesses municípios. Em Marabá, foram registradas em dez anos 10.548 mortes, conferindo àquele município adicional de 47.727 novos habitantes até hoje. Por seu turno, Parauapebas computou 6.249 óbitos na década, o que fez seu incremento populacional, de 44.160 novos parauapebenses, muito se aproximar de Marabá.
Esses números não consideram, entretanto, dados migratórios. Marabá tem uma particularidade por ter recebido levas de estudantes universitários para ocupar vagas em suas instituições públicas e privadas (hoje, dos 18 mil estudantes universitários marabaenses, dez mil são de fora), além de um batalhão de servidores aprovados em quase 50 concursos públicos de todas as esferas realizados com lotação para o município ao longo da década.
Parauapebas, por outro lado, após um período sombrio de repulsão populacional, entre 2015 e 2017, em decorrência da baixa na oferta de empregos e queda drástica nos ramos imobiliário e comercial, voltou a atrair formigueiros humanos com obras públicas financiadas pela administração local e, também, pela iniciativa privada.
O tira-teima populacional para ambos os municípios será conhecido até dezembro de 2022, quando os resultados gerais do censo demográfico estão previstos para serem divulgados. Até lá, Marabá segue “muito maior” que Parauapebas, o que só parece ser verdade quando se compara o tamanho territorial de ambos os municípios no mapa. Todo o resto é especulação.
1 comentário em “Marabá e Parauapebas duelam por status de maior “berçário” do sudeste do Pará”
Eu lembro do dia em que foram divulgado os dados da coleta do Censo 2010 para a população recenseada por município, a população recenseada de Marabá havia sido de 218.000 habitantes. No dia da divulgação oficial, essa população estava em 233.000 (15 mil a mais), enquanto que a população dos outros municípios da lista dos mais populosos do Pará haviam aumentado numa média de apenas 2 a 3 mil pessoas, a nota dizia que os dados tinham sido revisados porque ainda haviam recenceadores em muitas cidades além de dados sendo computados atrasados no dia em que divulgaram a primeira lista oficial. Não querendo desmerecer o trabalho e a reputação do IBGE, mas sabemos que erros podem acontecer, inclusive dados da Covid e da Vacinação pelo país foram duplicados em vários lugares e foram corrigidas em seguida, na coleta de Marabá pode ter acontecido algo parecido com algum chip dos computadores de mão usados no recenseamento talvez.