Por volta de 6 horas da manhã desta segunda-feira, 13, o eletricista José Joaquim dos Santos Filho, 29 anos, que atuava no setor de pontes rolantes da Laminação da Sinobras (Siderúrgica Norte Brasil), em Marabá, morreu eletrocutado com um choque de 1.000 volts.
Imediatamente, a segurança patrimonial da empresa isolou toda a área de produção do setor de Laminação e retirou todos os funcionários em uma van. Por volta de 10h30, o Centro de Perícias Renato Chaves enviou uma equipe para remoção do corpo e realização de perícia no local da tragédia.
O caso foi registrado na 21ª Seccional Urbana da Nova Marabá, onde foi comunicado que José Joaquim é funcionário da área de manutenção elétrica da empresa Sinobras e veio a óbito depois de receber uma descarga elétrica enquanto fazia manutenção de uma ponte rolante. A vítima recebeu primeiros socorros por uma técnica de enfermagem, mas veio a óbito, segundo o relato.
A Carteira de Trabalho de José Joaquim consta que ele trabalhava como Mantenedor elétrico III. Quem repassou informação sobre a voltagem do choque que matou o eletricista foram outros colegas de trabalho, que atuam no mesmo setor. A empresa ainda não divulgou nota sobre o assunto.
Tão logo aconteceu o acidente, o vice-presidente da empresa, Ian Correa, juntamente com diretores, foram às pressas de Fortaleza para Marabá e chegaram na cidade por volta de 13 horas.
Outros casos
Em 2008, antes mesmo de começar a produção de 300 mil toneladas de aço, uma caixa d´água desabou no canteiro de obras da Sinobras, exatamente em cima de um caminhão da empresa que transportava nitrogênio líquido. No veículo estava apenas o motorista, que conseguiu se salvar, mas dois funcionários da empresa, que trabalhavam no local, morreram e outros nove ficaram feridos. O acidente aconteceu no dia 25 de fevereiro daquele ano.
Os meses de crise na Sinobras parecem ser sempre em fevereiro. No dia 2 fevereiro do ano atual, a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho aplicou em R$ 300 mil o valor da indenização por dano moral devida a um empregado da referida siderúrgica que teve os cinco dedos da mão esquerda amputados em decorrência de acidente de trabalho.
A empresa foi condenada ainda ao pagamento de indenizações por danos materiais e estéticos no valor de R$ 100 mil por cada dedo.
O empregado contou que o acidente ocorreu ao trocar uma peça de uma máquina conhecida por gaiola de alta rotação. Devido à baixa iluminação no local ele não percebeu que a gaiola ainda estava em rotação depois que os equipamentos já tinham sido desligados e introduziu a mão esquerda dentro da engrenagem. Com a sucção, os dedos sofreram esmagamento, trituração e desenluvamento.
Segundo seu relato, somente após o acidente, “que o marcará para o resto da vida”, a empresa tomou as devidas precauções, instalando o mapa de bloqueio de energias perigosas. O operário ressaltou que as péssimas condições de visibilidade e a falta de equipamento de proteção adequada foram determinantes para a ocorrência do acidente.
A empresa alegou, no recurso para o TST, que as indenizações a que foi condenada ao pagamento pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA-AP) foram excessivas (R$ 700 mil), e pediu sua redução para patamares “condizentes com a realidade”.
Segundo o relator do recurso, ministro Alberto Bresciani, a dosimetria do valor da indenização por dano moral está diretamente relacionada com o princípio da restauração justa e proporcional, levando-se em conta a extensão do dano sofrido, o grau de culpa e a situação econômica de ambas as partes. Na sua avaliação, ao condenar a empresa ao pagamento de indenização de R$ 700 mil por dano moral, o Tribunal Regional não observou esses parâmetros, fixando valor desarrazoado para o caso. Assim, arbitrou o novo valor indenizatório em R$ 300 mil.
Em crise?
Desde o final de 2015, a Sinobras, empresa do Grupo Aço Cearense, com sede em Fortaleza, começou a demitir centenas de colaboradores de sua planta em Marabá. A partir de então, o vice-presidente, Ian Correa, e os demais diretores da empresa ausentaram-se de eventos e de tudo mais que diz respeito à cidade. Os releases informativos também desapareceram e a empresa isolou-se no Distrito Industrial de Marabá, sem prestar informações, por exemplo, sobre o projeto de duplicação de sua capacidade de produção. Só saíram do casulo por ocasião da Corrida do Aço, realizada no final do ano passado. E pronto.
Por outro lado, Vilmar Ferreira, presidente do Grupo Aço Cearense, que controla a Sinobras, foi destaque na Revista IstoÉDinheiro com o título de “O otimismo do homem de Aço”. Nela, Ferreira revela que perdeu 20% de receita em 2016, mas pretende recuperar esse percentual em 2017. Todo o teor da entrevista de Vilmar Ferreira pode ser conferido clicando aqui.
Atualização:
A Assessoria de Comunicação da Sinobras enviou ao Blog a seguinte nota sobre a morte do funcionário:
Nota de Esclarecimento
A SINOBRAS informa com profundo pesar o falecimento do colaborador José Joaquim dos S. Filho, Mantenedor Elétrico da área de Ponte Rolante, ocorrido nesta segunda-feira (13/02) nas dependências da empresa.
A SINOBRAS informa ainda que está tomando as devidas providências e dando todo o apoio necessário aos familiares, com os quais se solidariza neste momento de tristeza e dor.
Comunicação SINOBRAS – Siderúrgica Norte Brasil S.A.
3 comentários em “Marabá: eletricista da Sinobras morre com choque de 1.000 volts”
Acredito que o post deve apurar melhor as informações. SINOBRAS trabalha firmemente na prevenção de acidentes de trabalho visando o acidente zero. O POST deveria mostrar os índices positivos da companhia e não ficar especulando sem informação coerente sobre “crises”, ou “ausência” de diretores inloco, a companhia possui uma forte e eficiente gestão. Sugiro que o blog faça uma retratação à companhia.
Santos, boa tarde. Apurei sim, as informações. Nenhum jornalista da região conhece mais a Sinobras do que eu (por dentro e por fora). Quem deve mostrar índices positivos da siderúrgica é a assessoria de Imprensa da empresa, que resumiu-se em divulgar meio parágrafo sobre o acidente. E não especulei sobre crise. Falei o que é verdade e o próprio presidente confirmou isso em sua entrevista à IstoÉ Dinheiro. Em relação à “ausência” dos diretores, a ACIM está aí para comprovar o fato e eu, que sou quase onipresente nos eventos do setor econômico, reafirmo minha posição.
Ulisses Pompeu – jornalista
Fui uns dos primeiros funcionários da Sinobras na Implantação da linha de vergalhoes, entrei na empresa em 2006 e sai em 2011.
A Sinobras trabalha de forma muito forte quando o assunto é segurança do Trabalho, não mede esforços para que não haja acidente, porém fatalidade não deveria mais acontece e com certeza toda as equipes de departamentos estarão trabalhando mais e mais ainda para que não venha mais acontecer.
Sinobras e deve ser sempre sinônimo de orgulho para Maraba, falo pois trabalhei em outros polos Siderúrgicos maiores e a Sinobras não fica devendo em nada para eles e tem resultados em segurança do trabalho melhores que seus concorrentes.
Deus abençoe e conforte a família do Sr. Joaquim.
Jaime Parra