Embora não seja o mais populoso, nem o que produza mais bens e serviços expressos em Produto Interno Bruto (PIB), tampouco o que possua a prefeitura mais rica, o município de Marabá é, no interior do Pará, imbatível num quesito muito prático e próximo à realidade de todo mundo: dinheiro de verdade em conta bancária. Nada teórico. Sim, a população marabaense — seja pessoa física, seja jurídica — é a que possui o maior saldo em conta corrente, depois de Belém e Ananindeua, e se mostra um importante reduto de milionários discretos e anônimos que guardam muito mais de R$ 10 milhões no banco em investimentos diversos.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que mapeou, a partir de dados disponibilizados pelo Banco Central, os municípios onde a população mais tem dinheiro em conta. Os dados são discriminados de maneira genérica, com saldo por instituição e município. Em Marabá, a população mantinha até dezembro de 2019 — período informado como mais recente pelo Banco Central — R$ 156,23 milhões nas contas de 21 agências bancárias.
É um volume superior ao saldo bancário da população de Santarém (R$ 146,98 milhões em 15 agências), Castanhal (R$ 128,08 milhões em 11) e Parauapebas (R$ 100,94 milhões em 15). Em Parauapebas, aliás, onde se diz que “corre mais dinheiro”, a realidade das contas bancárias dos munícipes não é tão exuberante assim.
É certo que a capital do minério paga bons salários tanto no serviço público municipal quanto na iniciativa privada, mas é certo também que uma considerável parcela da população opta por fazer investimentos fora e, bem assim, manter conta bancária em outras praças, como Belém e Belo Horizonte. O número de milionários de fato — aqueles que mais guardam dinheiro e menos ostentam — é escasso, embora haja elevado número de “emergentes” — aqueles que ostentam e até fingem ter algum dinheiro enquanto todos fingem que acreditam.
A capital paraense ostenta R$ 3,23 bilhões estacionados em contas correntes, um valor superior ao saldo das contas bancárias da rica Goiânia, que ajuntava no final de dezembro R$ 2,66 bilhões, ou seja, quase R$ 600 milhões a menos que Belém. Vale comparar que Goiânia possui 207 agências bancárias, ao passo que a capital do Pará possui apenas 112.
Marabá X Araguaína
Rainha do agronegócio no sudeste do Pará, Marabá, na condição de cidade de interior e polo regional, só tem rivais em importância do outro lado da divisa. Uma das principais, com quem dividem funções, é a igualmente próspera Araguaína, no Tocantins. Aquela cidade, embora menos populosa e com arrecadação menor que a marabaense, é “ousada” em número de pessoas endinheiradas.
Quando da divisão de Goiás para criação do novo estado, três décadas atrás, muitos ex-goianos decidiram permanecer no norte do Tocantins e povoá-lo. Araguaína cresceu inicialmente na esteira de grandes visionários pecuaristas, hoje lideranças regionais do agronegócio. Mais tarde, os investimentos em educação tornaram-na um polo universitário concorridíssimo e tudo isso foi atraindo capital financeiro, de maneira que atualmente sua população tem R$ 132,91 milhões estocados em 12 agências. Não supera a riqueza das contas de Marabá, mas ameaça. E faz inveja a outros paraenses.
Em outra cena de comparação, Parauapebas, cuja população urbana é hoje pouco maior que a de Araguaína e tem prefeitura três vezes e meia mais rica, ainda não consegue acompanhar o poder financeiro real da cidade tocantinense. O rico município paraense produtor de minério de ferro ainda tem que fazer brotar R$ 32 milhões em conta corrente se quiser se igualar ao desenvolvido município universitário do Tocantins. É que nem sempre o dinheiro concentrado em prefeitura se traduz em riqueza de fato da população, e Parauapebas ainda não aprendeu esse segredo.
Marabá X Imperatriz
Se Araguaína não é capaz de “esbarrar” Marabá, Imperatriz, no Maranhão, humilha. Polo regional e universitário mais importante do interior do vizinho estado, Imperatriz desenvolveu-se fazendo dos serviços que oferece — principalmente nas áreas de saúde, educação e logística — seu ganha-pão. Com população urbana um pouco maior que a de Marabá, Imperatriz tem uma prefeitura que arrecada cerca de R$ 100 milhões a menos.
Mas, aqui especificamente, não é a conta da prefeitura que importa, mas a da população. E nesse quesito ela é 42% superior à do povo de Marabá. Com 19 agências bancárias, o município maranhense movimentava até dezembro em conta corrente R$ 221,49 milhões. É o maior montante entre todos os municípios de interior da Amazônia.
Confira o ranking das 21 maiores praças bancárias do Pará preparado pelo Blog do Zé Dudu!
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