Nem mesmo o diagnóstico de paralisia cerebral a impediu de realizar um sonho comum aos jovens da sua idade, o de entrar numa universidade e poder fazer um curso superior. Acostumada a frequentar o ambiente da Unifesspa para participar de eventos e cursos, esta semana ela entrou na Unidade I do Campus de Marabá para tornar seu sonho realidade.
A jovem foi aprovada no curso de Sistemas de Informação na Unifesspa e fez sua matrícula na instituição. O momento foi acompanhado e comemorado pela família, por sua professora e pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (Naia) da Unifesspa. “Esse momento é muito importante para minha vida porque eu lutei, sonhei e cheguei com garra e determinação e com ajuda de Deus, da minha família e amigos. Estou muito feliz”, disse a estudante.
A mãe de Jennifer, emocionada, relembrou a trajetória de luta pelo desenvolvimento da sua filha. “Quando ela tinha três meses, eu cheguei a ouvir de uma neurologista que minha filha era um “vegetal”. Eu tinha 19 anos, e meu mundo desabou. Hoje eu vejo como essa profissional estava errada. Ela é grande, muito mais do que eu sonhei, ela lutou muito e conseguiu. Se todos tivessem a força de vontade e garra que ela tem, o mundo seria muito melhor. Aliás, o mundo é o limite pra ela agora”, declarou Adenilce Viana dos Santos, destacando que a Unifesspa será a casa de Jennifer pelos próximos quatro anos.
“Minha filha contou com apoio dessa instituição desde o início. O Naia deu todo apoio no processo de inscrição, entre tantos outros momentos, e sei que ela será bem acolhida aqui”, acrescentou.
A Unifesspa adota a reserva de vagas para pessoas com deficiência. São reservadas, anualmente, duas vagas em cada um dos 37 cursos oferecidos pela instituição. Com essas e outras ações afirmativas, a Unifesspa se destaca cada vez mais como uma universidade inclusiva, ajudando a transformar a vida de milhares de pessoas, em especial, na região sul e sudeste do Pará.
“A Unifesspa é uma das universidades que mais têm avançado com políticas de ações afirmativas. Nos últimos quatro anos, duplicamos o número de pessoas com deficiência. Estamos construindo uma cultura inclusiva, compreendendo que esse cidadão tem direito à educação e pode aprender como qualquer outro, desde que seja assegurado a ele as condições de acessibilidade. A universidade oportuniza espaço de formação acadêmica e profissional, fazendo com que exerçam também o seu direito ao mercado de trabalho”, afirma a professora Lucélia Cavalcante, coordenadora do Naia.
Ainda segundo Lucélia, as atitudes de discriminação e preconceito muitas vezes são resultado da falta de informação e a chegada de alunos com deficiência na Unifesspa vem ajudando a transformar a realidade da academia, com novas atitudes da própria comunidade acadêmica e até mesmo mudanças do espaço físico, revitalizando os ambientes, tornando-os cada vez mais inclusivos. “Como instituição temos o compromisso de assumir os desafios e garantir recursos necessários para o sucesso acadêmico dos nossos alunos com deficiência. Toda a universidade, professores, técnicos e alunos, precisam contribuir para esse processo de inclusão acadêmica”, ressalta a coordenadora do Naia.
O Naia também tem desempenhado papel decisivo no processo de ingresso dos alunos com deficiência à universidade, com diversas ações de apoio e assistência, seja no processo de inscrição no Enem, Sisu ou auxiliando na mediação nas provas. Em 2017, diversos integrantes do Naia trabalharam no Enem, garantindo assistência aos candidatos com deficiência, com equipes de ledores.
Além de Jennifer, a Unifesspa também deve receber outros alunos com deficiência, aprovados no Sisu 2018. A expectativa é que mais estudantes efetuem sua habilitação nos cursos para os quais foram aprovados de acordo com os prazos previstos no edital de convocação.
1 comentário em “Marabá: Estudante com paralisia cerebral prova que não era “vegetal” e é aprovada na Unifesspa”
Boa tarde! Gostaria de solicitar, que o Senhor pudesse editar essa chamada, da matéria aqui publicada, outrora divulgada no site da Unifesspa, por ser uma chamada inadequada e desagradável, pois de longe expressa a pessoa da Jennifer, ao contrário, usar a expressão “vegetal” mesmo que seja algo, como a mãe informou no teor do texto, algo que adveio de um profissional da medicina no passado, não contribui para destacar a grande conquista da caloura. Como militante dos direitos da pessoa com deficiência, pesquisadora da área, e uma das pessoas que tem falas registradas na matéria, sugiro que vossa senhoria possa adequar o título, de modo coerente com o que representa de fato nossa aluna. Uma pessoa com deficiência física – paralisia cerebral, que recebeu uma rede de apoios na vida (APAE, escolas públicas, etc), e nesa trajetória sofreu discriminações, vivenciou muitas barreiras, que apesar de todas elas, conquistou o seu direito a educação superior. Obrigada!