Representantes das áreas de saúde, educação e assistência social se uniram em Marabá para debater políticas públicas voltadas para o atendimento de adolescentes, mais especificamente para criação de um plano de ação para frear o grande número de casos de gravidez não planejada na adolescência.
Nesta quinta-feira, 15, na Câmara Municipal de Marabá foi realizada a terceira reunião da comissão, que luta para reduzir os índices de gravidez na adolescência e infância e dar suporte e acompanhamento no pós-parto dessas adolescentes.
Dármina Duarte, diretora de Média e Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Saúde, lembrou que o número de escolas nas redes municipal e estadual é enorme e que é necessário alcançar o maior número possível. Ela propôs que a SMS faça a formação dos multiplicadores que trabalhão nas escolas. “Devemos trabalhar a perspectiva de vida de quem engravida na adolescência, além de combater a gravidez. No ano passado, no grupo de meninas de 10 a 14 anos foram realizados 36 partos, enquanto de 15 a 19 anos ocorreram 519 partos no Hospital Materno Infantil”, revela.
Fábio Rogério Rodrigues, diretor de Ensino da Secretaria Municipal de Educação, lamentou que essa temática tenha sido, infelizmente, tratada de forma natural nas escolas, ponderando que o público alvo nesse processo são os jovens. “A concepção dos adolescentes não varia muito de classe social. Não pensem que é um problema só da periferia”.
O representante da SEMED lembrou que o condutor desse problema social sempre foi a educação. Fábio também reconheceu que as escolas do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental têm o maior índice de gravidez na adolescência. Ele garantiu que a Secretaria Municipal de Educação se compromete em envolver todos os orientadores educacionais, mas com apoio da Secretaria de Saúde, que poderá trabalhar a formação com um grupo de educadores e discutir a temática em rede e não centrar apenas nas escolas periféricas. “Podemos envolver as 37 escolas do 6° ao 9°, onde há crianças em idade entre 12 a 14 anos. Antes, devemos montar um plano de trabalho junto com a Secretaria de Saúde com ações que envolvam a todas as escolas”, disse Rogério.
Orlando Morais, secretário adjunto de Educação, lamentou que todos os problemas sociais, em geral, desembocam na escola. Para ele, uma escola que não consegue ensinar não tem expectativa de crescimento. “Hoje o desafio está posto com revisão da grade curricular e a quantidade de ações que um professor precisa executar não permite que ele tenha fôlego para implementar outras discussões que não sejam a de ensinar”.
Por outro lado, Orlando sustentou que é preciso estabelecer uma ação integrada, criando um plano de ação com o protagonismo para o grupo inteiro e dando ênfase aos jovens.
O secretário municipal de Saúde, Marcones Santos, disse estar motivado com o envolvimento de vários atores na discussão de um problema crônico e que precisa ser enfrentado. “Precisamos saber por que as políticas públicas, muitas vezes, não têm a eficiência necessária para iniciarmos um projeto piloto em Marabá e, para isso, necessitamos partir para a coleta de informações, para que se construa um plano de ação”.
Fransciscleia de Souza, representante do Conselho Tutelar I, viu com grande interesse dos encaminhamentos da reunião. “Pela minha experiência, percebi que as adolescentes que engravidam, em regra, não ingressam na faculdade ou terminam os estudos escolares”, lamentou.
Ficou definida uma pauta para dar continuidade ao diálogo sobre o assunto com realização de uma reunião de trabalho no dia 4 de julho, quando será apresentado um levantamento, pela SMS, do número de gravidez na adolescência e um diagnóstico real da situação. Outra reunião está agendada para o dia 7 de agosto, às 14h30, com orientadores pedagógicos das escolas municipais, psicólogos da saúde e assistentes sociais para construir um plano de ação. Na ocasião, será construído também um plano de trabalho em rede, formação de uma rede em ação.