A chegada do período chuvoso representa mudança de rotina para a dona Aldenora Conceição Damasceno, que redobra o cuidado com o quintal da casa, onde mora, no bairro Novo Planalto há mais de 20 anos, e sempre recebe os Agentes Comunitários de Endemias (ACE) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Marabá.
“O tempo todo é olhando, eu quase não tenho plantas em vasos e esse tambor aqui, encheu ontem à noite, mas eu já vou tirar porque meu velho mexe com construção e a gente aproveita a água da chuva mesmo pra fazer o piso que estamos fazendo, mas graças a Deus a gente cuida bem”, explica.
Outra moradora que também ganhou nota 10 da equipe de ACE foi Maria de Fátima Farias, orgulhosa do quintal limpo cheio de plantas bem cuidadas, ela revela que a rotina inclui conversar com familiares sobre o cuidado com o descarte de lixo.
“Todo dia eu coloco minha mão nessas plantas e isso aí é uma coisa que a gente tem que ter cuidado. Eu sempre digo pra meus meninos, aqui joga uma sacola e eu tiro a sacola; uma tampa e eu vou lá e pego a tampa: ‘não joga porque cria o mosquito e vai acumulando e cria sujeira’. Eu sei que é perigoso e toda vida minha rotina é essa, eu não gosto de deixar nada acumulado”.
Essa conscientização e receptividade com as equipes de Saúde é fundamental para acabar com as infestações de mosquito, principalmente do Aedes aegypti, transmissor de sorotipos da Dengue, Zika e Chikungunya. Mas, de acordo com Bruno Anchieta, coordenador de Vigilância Ambiental e de Endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), infelizmente em muitos bairros de Marabá a realidade é justamente o oposto: muitas casas fechadas e terrenos baldios com acúmulo de entulho.
“Pedimos à população para que receba bem esses Agentes Comunitários de Saúde, mostrem o ambiente para que os ACS possam verificar, fazer esvaziamento de objetos e vasilhas. Essa é uma das grandes problemáticas no município porque temos muitos terrenos baldios, tem muito lixo. A população precisa ter essa consciência que jogar lixo em local inadequado ajuda na transmissão do mosquito e outras doenças também”.
Ainda segundo Bruno Anchieta, a equipe está trabalhando nos bairros do Núcleo Cidade Nova, onde faz uma varredura com base na prévia dos resultados do primeiro ciclo do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado na segunda semana de janeiro deste ano e que apontou Alto Risco de surto nessa área da cidade.
“Com esses resultados do LIRAa, acima de 4% o bairro é considerado com alto índice de surto da Dengue e abaixo dessa porcentagem tem médio e baixo risco de surto e de transmissão também. A equipe faz um bloqueio naquela região que deu esse alto índice, colhe as larvas, faz o monitoramento de casa em casa”, explica.
Este cenário de risco de surto pode ser revertido se cada marabaense fizer a sua parte, conforme lembrou a moradora do bairro Novo Planalto, Maria de Fátima Farias. “Eu acho que a pessoa tem que ter o pensamento do que é certo pra nós e pra outras pessoas. Porque a limpeza para evitar o mosquito que a gente faz, não é só pra nós. A gente faz pra muitas pessoas”.
(Secom PMM)