A Coordenação Estadual de Políticas Públicas para o Autismo em Marabá realizou, na manhã desta quinta-feira (20), uma ação itinerante oferecendo capacitação para equipe técnica multiprofissional e familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além da entrega de carteiras de identificação para pessoas no espectro. Na ocasião, ainda foi anunciada a criação do Núcleo de Atenção ao Transtorno do Espectro Autista (NATEA) dentro da Policlínica, junto à Usina da Paz.
“Marabá foi escolhida por ser um município com muita demanda,” explicou Nayara Barbalho, ativista pela inclusão.
Durante a capacitação foi abordada a importância do diagnóstico feito por um profissional, evitando assim a desinformação e o capacitismo. “É importante a conscientização e que as pessoas aprendam a reconhecer, lidar e ajudar em casos de crises,” afirma a neuropsicopedagoga Thamyris Mendes.
Muitas famílias de autistas estiveram presentes durante a ação, como a marabaense Kátia Cristina, que participou com seu filho Eduardo Joaquim, de três anos. Ela conta que sua jornada começou há cinco meses, quando percebeu uma dificuldade pertinente na fala de Eduardo, o que fez com que, posteriormente, fosse diagnosticado.
“Foi através do Eduardo que eu descobri esse mundo particular e incrível,” relata, acrescentando que possuía um conhecimento muito superficial do TEA, mas se aprofundou depois do diagnóstico do filho. Eduardo carrega no pescoço o crachá de identificação do transtorno. O documento possui seu nome, sobrenome, foto, nome da mãe e contato. Kátia explica que é importante em eventos grandes, caso se perca.
“Os dados de pessoas autistas no Pará ainda estão em construção com a ajuda da Cipitea, pois quanto mais são feitas, mais exata é a informação da quantidade de pessoas autistas”, diz. Até então, a estatística mostra que, a cada 36 pessoas, uma possui o transtorno. “Estamos trabalhando arduamente para mudar essa realidade,” finaliza.
É preciso evoluir bastante no que diz respeito às políticas públicas voltadas para as pessoas com TEA. Mendes afirma que é uma demanda muito reprimida e esquecida e, somente a partir da criação da autarquia específica foi que ganhou força no estado, sendo hoje referência nacional no tratamento e atendimento ao TEA.
A coordenadora da área de saúde da Secretaria Regional de Governo do Sul e Sudeste do Pará, Minea Furtado, destacou o trabalho diferenciado exercido pelo governo do estado quanto à causa autista: “Muitas coisas já foram conquistadas, mas faltam muitas outras, ainda. Através da Lei Mion, nós tivemos a chance de fazer um trabalho de políticas públicas voltadas às pessoas com TEA”.
Ela aproveitou para falar da dificuldade generalizada em fechar laudos do transtorno, a alta discriminação e o acesso ao tratamento. Furtado pontuou ainda que é necessário que as esferas pública e privada se unam, visando o bem-estar e garantindo os direitos dessas pessoas.