A anunciada terceira ponte do Rio Itacaiúnas, que deve ligar o bairro Filadélfia, no Núcleo Cidade Nova, à rodovia Transamazônica, saindo ao lado do quartel da Polícia Militar (4º BPM), ainda não teve seu projeto “parido” do papel vegetal. Mas, a obra, se ainda não decolou, pelo menos já serviu para um fato curioso: a especulação urbana com vistas ao mercado imobiliário e empresas diversas.
É certo que o projeto já vem sendo especulado há algum tempo, mas que, num primeiro momento, não chegou a despertar maior atenção em torno do assunto, encarado com certo ceticismo. Em janeiro do ano passado, o panorama mudou. A presença de trabalhadores para fazer a sondagem no local, e trabalho de topografia, já deixou os moradores do Filadélfia mais otimistas. Não só eles, mas também dos outros bairros do entorno, como Vale do Itacaiúnas, São Miguel da Conquista, Novo Horizonte e Belo Horizonte, que serão beneficiados diretamente.
Fenômeno
A partir de então aconteceu uma supervalorização de lotes por todo o Filadélfia, bairro que margeia o Rio Itacaiúnas. Um terreno de 10m x 30m, que antes valia em torno de R$ 10 mil a 12 mil, dependendo da localização, pulou rapidamente para cerca de R$ 15 mil à R$ 30 mil. Somente uma área mais extensa, localizada a poucos metros de onde a ponte deve sair, pulou de R$ 40 mil para R$ 80 mil. E por aí vai.
De olho nesse mercado promissor, o imobiliário, tem empresário investindo pesado no bairro. Alguns estão “arrematando” de quatro a cinco lotes, ou mais, desde que sejam vizinhos. Mas outros ramos diversificados, estão chegando também.
Exemplo disso é um empreendedor do ramo da Energia Solar, e de Material Elétrico e de Construção, Franklin Rommel Fernandes. Em pouco tempo já adquiriu vários lotes no bairro. Onde tem áreas disponíveis, ele vai comprando, com o intuito de ampliar a presença física de suas empresas.
Na Rua 06, Franklin já está construindo um grande galpão para facilitar a logística de suas empresas e, um pouco mais acima, na rua Armando Brito, está em andamento uma loja de materiais de construção. O galpão, disse ele, será para a montagem dos painéis das placas solares, além de servir também como depósito.
Na hora mesmo em que estava gravando esta entrevista, Rommel teve de interromper para atender uma ligação de seu advogado. Este estava informando sobre a aquisição de mais quatro lotes, no Filadélfia.
O empresário não nega ter sido atraído para o local, pela promessa da ponte. Ele acredita que o bairro Filadélfia venha a vislumbrar um grande desenvolvimento, tão logo o sonho da ponte se torne realidade: “Pela facilidade de escoamento”.
Apesar da demora para o início da obra, Rommel não perde o otimismo. Ele acredita no comprometimento do prefeito Sebastião Miranda (PSD). “Com certeza vai sair [a ponte]. O Tião é um prefeito comprometido com obras. Acredito que dentro do seu portfólio de grandes realizações, vai ser mais um feito em sua grande gestão”, confia o empresário.
Sobre os vários terrenos que vem comprando no bairro Filadélfia, Rommel Fernandes não esconde que, num futuro próximo, venha à investir também no ramo imobiliário. E dá uma dica para outros empreendedores: “Este é o momento [de comprar áreas]. Eu já estou comprando meus terrenos e aqui serão fincadas minhas empresas, como marco para o bairro Filadélfia”.
O empresário reconhece que realmente os preços das áreas supervalorizaram, da noite para o dia, a partir do anúncio de que em janeiro passado o projeto da ponte iria deslanchar. O que acabou não acontecendo.
Já o professor e também empresário David Freitas, nega que tenha sido atraído para o bairro pela promessa da ponte. Do ramo dos pré-moldados, manilhas, pingadeiras e bloquetes, ele garante ter desembarcado na área pela oferta de bons terrenos a preços compatíveis, na época. Chegou há três anos e, hoje, seus lotes já estão valendo quase, ou mais que o dobro de quando os comprou.
A empresa do professor David já está em plena atividade, e com oferta de empregos para a mão de obra especializada, no próprio bairro.
Outros empreendimentos também estão chegando, gradativamente. Todos de olho na grande demanda e a promessa de desenvolvimento que o bairro Filadélfia deve experimentar, com o advento da nova ponte. Uma empresa do ramo imobiliário comprou e já murou a área da antiga Cerita, que foi uma das mais tradicionais produtoras de telhas e tijolos da Marabá de outrora.
Supermercados, Transportadoras, distribuidoras de bebidas, de água e de gás, entre outras, também estão otimistas em torno do potencial econômico, vislumbrado para o bairro Filadélfia.
A ponte
Orçada em R$ 109 milhões, a terceira ponte do Rio Itacaiúnas terá 524 metros de extensão, com 12m de largura; 1,85 metros destinados à faixa de passeio. O prazo para a execução da obra, a partir do seu início, será de 20 meses.
De acordo com informações do engenheiro civil Fábio Moreira, titular da Secretaria de Viação e Obras Públicas de Marabá (Sevop), os trabalhos devem iniciar em meados de maio deste ano.
Dos R$ 109 milhões a serem empregados no projeto, 50 milhões já foram aportados pelo governo do Estado do Pará, enquanto os restantes 59 milhões vêm de recursos próprios do município.
(Colaboração do jornalista Nilson Santos, de Marabá)