Marabá tinha quase 65 mil pessoas morando em favelas em 2022; veja ranking

Na 5ª cidade mais populosa do estado, há favelas maiores que grande parte dos municípios brasileiros. É o caso do Bom Planalto, onde IBGE identificou mais de 14 mil residentes vivendo em espaço urbano desprovido, entre outras coisas, de regularização fundiária. Favela é a mais populosa do interior do Pará

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Dois anos atrás, uma ocupação urbana de Marabá, considerada favela pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era mais populosa que 3.293 cidades brasileiras. E a mais populosa do interior do Pará. É o Bairro Bom Planalto, no núcleo Cidade Nova. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados recém-publicados pelo instituto referentes ao Censo de 2022.

De acordo com o IBGE, são considerados favelas os espaços com predominância de domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse, ou seja, sem regularização fundiária; ausência total, parcial ou oferta precária de serviços públicos; predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura autoproduzidos; e localização em áreas com restrição à ocupação definidas pela legislação ambiental ou urbanística.

A partir desses critérios, tem-se que, das quase uma centena de bairros e vilas que se espalham em Marabá, 21 são ocupações consideradas favelas, algumas delas bastante famosas. É o caso do próprio Bairro Bom Planalto, que tinha 14.293 moradores em 2022, mais gente que a população inteira de 59% das 5.570 cidades do país. Essa comunidade urbana de Marabá, 12ª maior do gênero no Pará, tinha, aliás, mais habitantes que o município vizinho de Nova Ipixuna, onde o último censo contabilizou 13.955 habitantes.

A segunda favela mais populosa de Marabá era o Bairro Araguaia, também conhecido como “Invasão da Fanta”. Com 8.224 residentes, ela bate 40% dos municípios do país em população, a exemplo de Palestina do Pará, que tinha apenas 6.885 habitantes. A cidade de Palestina, inclusive, era menor que a favela marabaense do Jardim Belo Horizonte, que computava 7.137 moradores, e quase perdeu em tamanho também para as ocupações irregulares dos bairros São Félix 1 e 2, que juntas abarcavam 6.715 residentes.

A famosa “Invasão da Coca-Cola”, apelido do Bairro Nossa Senhora Aparecida, tinha 5.008 habitantes. Considerada uma das favelas históricas de Marabá, o bairro está cada vez mais urbanizado, ainda assim sem a devida regularização fundiária. Cortado pelo traçado do Estrada de Ferro Carajás (EFC), o bairro parou de crescer de forma “desesperada” como nos anos 90 e 2000, uma vez que muitos moradores migraram para desbravar novas ocupações em outras partes da cidade.

Mas que ninguém se iluda: a “Invasão da Coca” parou de crescer apenas desesperadamente, ainda assim segue crescendo, tendo ampliado seu tamanho em 70% de 2010 para 2022.

As “piquititas”

Longe da fama das comunidades urbanas mais badaladas, algumas minifavelas estão sendo erguidas dentro de bairros que até contam com certo grau de regularização fundiária e ordenação pelo poder público, mas que começaram em 2022 a dar sinais de ocupação irregular. O IBGE identificou, ao todo, meia dúzia de microfavelas, que não contavam sequer com 500 habitantes, mas com potencial de crescer e se espalhar rapidamente.

Essas áreas eram ou estavam nos bairros São Félix 3 (com 489 habitantes) e Infraero (479); nas ocupações Del Cobra (340), Nova Canaã (328) e Maurinão (254); e na Folha 33 (com 247 residentes). O cenário para o poder público é desafiador. Em 2022, um de cada quatro moradores no município de Marabá residia em favelas.

Em 2010, quando o IBGE ainda denominava favelas pela classificação antiga, de “aglomerados subnormais”, Marabá contabilizou 28.821 habitantes nesse tipo de espaço urbano. Agora, são 64.902, crescimento da ordem de 125%. No mesmo período, a vizinha Parauapebas, que tinha 13.687 moradores em aglomerados, passou a 26.802 em favelas, salto de 96%.

Há 14 anos, o IBGE registrou em Marabá 11 aglomerados subnormais, sendo o Bairro da Paz, com 6.206 habitantes, o mais populoso deles, seguido dos bairros Bela Vista, com 4.306 moradores, e São Miguel da Conquista, com 3.905. Com o passar dos anos, muitas localidades — como o próprio Bairro da Paz, Bela Vista e Conquista — obtiveram ordenamento espacial e deixaram de ser consideradas favelas, mas outros espaços entraram para a nada gloriosa categoria.

Confira o ranking populacional preparado pelo Blog do Zé Dudu de todas as favelas identificadas pelo IBGE em 2022!

1 comentário em “Marabá tinha quase 65 mil pessoas morando em favelas em 2022; veja ranking

  1. Marcelo Responder

    Situação crítica a de Marabá. O atual prefeito, Tião Mentira, se preocupou tanto em pintar praças que se esqueceu de que a população precisa de emprego, renda, dignidade, e a cidade virou isso aí, esse caos de ocupação desordenada, parecendo um grande acampamento de sem-terra. É cruel.

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