A visível falta de serviço de conservação periódica, aliada ao período chuvoso que tem castigado a região sudeste do Pará, vêm contribuindo para castigar um trecho da PA-150, entre os bairros de São Félix e Morada Nova, em Marabá. O trecho em questão é relativamente pequeno, exatos 4 quilômetros, segundo o que a reportagem teve o cuidado de conferir, de ponta a ponta e in loco.
Mas, as verdadeiras “crateras” que se formaram em alguns pontos da pista, são suficientes para provocarem enormes danos materiais, sem falar nas possíveis perdas de vidas em casos de acidentes.
Os buracos são tantos que, motoristas, sejam de carros pequenos, de ônibus ou de grandes carretas, têm que realizar verdadeiros malabarismos para tentar desviar desses entraves. Missão quase impossível. “É desviar de um [buraco] e cair em outro maior”, reclama o caminhoneiro José Maria Pinheiro, 35 anos de estradas por esse País afora e, que já sofreu muitos prejuízos, não só neste, mas também em vários outros trechos não menos danificados, seja lá por onde ele anda transportando mercadorias variadas. Pinheiro foi ouvido em um posto de gasolina.
Para quem trafega pela PA-150, especificamente nesse trecho citado na matéria, é muito comum observar carros parados na beira da estrada, com algum tipo de problema, seja mecânico, ou não. Situações como pneus cortados em algumas das “crateras”, eixo quebrado, ou algum para-choque que não resistiu aos impactos, entre outros. Às vezes até mesmo alguma colisão. Já foram registrados vários acidentes nesse perímetro.
O caso é recorrente. Acidentes no local já produziram vítimas fatais, provocando revolta entre moradores do Residencial Tiradentes, no bairro Morada Nova, e até mesmo em São Félix. Inclusive com alguns atos de interdição da rodovia, quando o tráfego de veículos ficou interrompido por algumas horas. Manifestações que surtiram efeito apenas paliativo.
Recentemente foi realizada uma operação tapa buraco, um pouco depois do acesso ao Residencial Tiradentes, rumo a São Félix. Duas máquinas pesadas estiveram no local executando o serviço, o tráfego de veículos teve que ser interrompido parcialmente e de forma revezada, o que provocou um grande engarrafamento, muitas reclamações e inúmeros transtornos por várias longas horas. E foi só isso. Menos de um mês depois dessa “megaoperação”, a buraqueira já está ressurgindo.
Às proximidades daquela popular venda de caldo de cana, também teve esquema parecido, com resultados não menos decepcionante. O que demonstra serviço de péssima qualidade, sem trazer nenhuma tranquilidade para motoristas e condutores de motos, que diariamente trafegam por esse castigado trecho dessa rodovia estadual.
Nesses mesmos quatro quilômetros, aqui e acolá é possível observar uns pedaços de “remendos”, sem muito efeito prático. Já que, bem ao lado, já surgiram outros buracos.
Para tentar evitar passar diretamente pelas buraqueiras, motoristas têm duas opções: vão para a contramão ou tentam o acostamento; mas, nenhuma delas recomendáveis. Até porque acostamento propriamente não existe, além do que a beirada da pista está tomada pelo matagal. E, para piorar, sem nenhum tipo de sinalização. Encarar os buracos é inevitável.
“Mete o pau”
No palco da problemática não foi possível ouvir nenhum condutor de veículos. Não há condições de ninguém parar para dar entrevistas. Mas, ao perceberem a presença da reportagem colhendo imagens para ilustrar a matéria, a reação dos motoristas foram as mais variadas. Uns apontavam o polegar para baixo, indicando a indignação com a situação da rodovia, enquanto alguns chegaram a gritar o chavão “mete o pau”, sugerindo a que a matéria não poupasse críticas à situação precária daquele trecho da rodovia.
Em um ponto específico, a reportagem conseguiu conversar com alguns motoristas de aplicativos. Esses, por motivos óbvios, pediram para não serem identificados. Mas, as reclamações foram unânimes. Todos protestaram pelas péssimas condições de trafegabilidade, em apenas 4 quilômetros de extensão, entre o Residencial Tiradentes, e a sinaleira eletrônica, nas imediações do bairro Francolândia.
“O buraco é teu”
Em entrevista para uma TV online local, o secretário de Obras do município de Marabá, engenheiro Fábio Moreira, esclareceu que esse trecho entre Morada Nova até o quilômetro 6 da Nova Marabá, é competência do Estado, já que se trata de uma PA.
A reportagem tentou, mas não conseguiu manter nenhum contato com algum representante da Secretaria de Estado de Transporte (Setran) do Estado do Pará, para saber dos planejamentos para a recuperação da alça viária ao longo da Rodovia PA-150, especificamente desse ínfimo trecho tratado na matéria.
(Colaboração do jornalista Nilson Santos)