Por Eleutério Gomes – de Marabá
Carlos Renato Milhomem Chaves, 47 anos de idade, marabaense, engenheiro civil há 21anos, é o novo presidente do CREA-PA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado do Pará). Eleito no último dia 15, com 728 votos, cerca de 36% do total, para o triênio 2018-2021. Ele concorreu com os candidatos Elias Lima, Hugo Aquino e André Tavares e se orgulha do fato de ter sido chamado pelos colegas para comandar a entidade.
Entrevistado pelo Blog nesta segunda-feira (18), ele contou que nunca planejou ser candidato a cargo algum, mas, em novembro passado, um grupo de colegas o procurou, explicando que pretendia lançar um candidato que realmente representasse a categoria, “aqueles que se sentiam fora do sistema, aqueles que não eram abraçados pelo CREA”.
“Então, a partir daí eles me indicaram; foi à revelia, sem me consultarem previamente, e eu não aceitei porque vinha de um problema de saúde, fui acometido por dois cânceres. Aí indicamos outro colega, ele, de imediato aceitou, mas, por impossibilidade de tempo, de muito trabalho, não teve como seguir no projeto”, conta o presidente eleito do CREA-PA.
Ainda segundo ele, novamente sem candidato, o grupo voltou a procurar Milhomem e ele se prontificou a indicar outro engenheiro, mas o grupo voltou a insistir que ele tinha de ser o candidato. “Quando eu vi, já estava inserido no processo. Eu já era o candidato”, lembra Renato.
Recorde
Daí para a frente, ele foi para Belém, mostrar suas propostas aos colegas da capital, onde foi abraçado por mais de sete entidades de classe, o que considera “um recorde” no sistema eleitoral do CREA-PA, “inclusive, a maior de todas, a Aben (Associação Brasileira dos Engenheiros Civis)”.
“Então, eu não me ofereci, fui requerido para ser candidato, o que, para mim, é mais gratificante do que qualquer outra situação. E, baseado nisso, é que eu tive essa força. Porque eu representava todo um grupo de profissionais”, observa Renato.
Sobre como vê o CREA-PA hoje, ele afirma que “poderia nem haver dolo”, mas o órgão entrou numa dormência, “num coma induzido” porque existe um grupo que está há mais de 30 anos à frente da diretoria que considera que tudo deu certo e deve continuar assim.
“Esse grupo não tem uma referência do certo ou do errado. Para ele, está certo porque tem se mantido no poder. Mas, só que, do lado de fora, os profissionais e a sociedade não viam isso. O CREA já vinha com uma imagem meio desgastada, que não atendia nem o público, em relação à fiscalização, ao atendimento, assim como seus profissionais”, define Milhomem.
Afastamento
Segundo ele, a maior queixa dos profissionais é a falta de fiscalização: “Hoje, profissionais que não são registrados, que não têm registro do CREA ou nem são profissionais mesmo, não têm formação alguma exercem atividades de técnicos e engenheiros. Isso gravíssimo, você coloca vidas em jogo. A partir do momento em que uma obra não é fiscalizada o resultado pode ser catastrófico”, adverte.
Outra queixa é de que não havia mais cursos direcionado ao aperfeiçoamento dos profissionais para melhorar o intelecto, o nível de informação. “Então, esse tipo de gestão afastou o profissional do CREA. O profissional só procurava o órgão para aquilo que era seu dever, pagar uma taxa de anuidade e o RT, que é necessário para que ele exerça sua função”, conta o presidente eleito.
Renato Milhomem afirma que sua primeira medida, ao assumir o CREA-PA, em 1º de janeiro de 2018, será reunir os servidores e mostrar como vai ser o novo modelo de gestão. E a prioridade será em relação ao atendimento ao público.
Nova mentalidade
“Tem de mudar, temos de dar uma celeridade, mesmo antes de mudar a metodologia, o sistema, naquilo que seja necessário mudar. A primeira coisa a mudar é a mentalidade do servidor. Ele não é dono do sistema e tem de estar de braços abertos, com cordialidade, com respeito àquele cliente que estiver do outro lado da mesa”, reafirmou.
Depois dessa etapa, afirma Renato Milhomem, vai passar a promover treinamento aos servidores, assim como melhorar a tecnologia, “tudo buscando um CREA mais eficiente, mais célere, dinâmico, mais próximo do profissional e da sociedade”.
“Tem muita coisa a ser implantada, porque o nosso CREA hoje se tornou um dos mais atrasados do País. Então, o campo de trabalho para a gente implantar está escancarado”, afirma ele, acrescentando que muitas das pessoas que estão ali são competentes, mas estavam se sentindo tolhidas de realizar seu trabalho.
Milhomem também disse que deve implantar no CREA-PA o sistema de meritocracia, onde estabelecerá metas de trabalho, as quais, ao serem cumpridas, resultarão em recompensas aos servidores.