Brasília – O jornal britânico The Telegraph, publicou na segunda-feira (11) uma denúncia que envolve o craque argentino de futebol Diego Maradona, morto no ano passado. Ele se filmou na cama com uma jovem de 16 anos que acusou a lenda do futebol de drogá-la, mantê-la trancada em um hotel e obrigá-la a aumentar os seios.
Os vídeos íntimos surgiram em meio a um caso de tráfico de pessoas contra os associados do falecido Maradona, que lançou uma sombra sobre o legado do ícone do futebol, carinhosamente considerado como “o menino de ouro” em sua Argentina natal.
A mulher, a cubana Mavys Alvarez, afirma que Maradona e seus associados a prepararam quando era adolescente e a levaram de avião para a Argentina sem a permissão de seus pais, onde ela permaneceu basicamente mantida em um hotel por quase três meses em regime de cárcere privado.
Alvarez disse que tinha apenas 16 anos quando a comitiva do futebolista a apresentou ao argentino de 40 anos em 2000.
Maradona, amplamente considerado um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos, estava em Cuba para um tratamento de reabilitação de drogas (ele era viciado em cocaína) na época.
Segundo reportagem bombástica publicada pela agência espanhola de notícias infobae, a garota foi abordada pelos associados de Maradona.
“Venha aqui, queremos apresentá-lo a Diego Maradona ”, disse um estranho a Mavys Álverez. Era setembro de 2000 e a jovem de 16 anos, nascida na cidade de Matanzas, em Cuba, estava assustada. Naquela época, a ditadura de Fidel Castro proibia terminantemente os cidadãos da ilha de interagirem com estrangeiros e os punia sob a figura de “cerco turístico”. No entanto, Carlos Ferro Viera conseguiu convencê-la a ir ao encontro do jogador mais famoso do mundo, que tinha ficado alguns dias num Hotel em Varadero.
Para falar a verdade, Maradona tinha ido para aquele lugar depois de uma briga de ciúmes com sua namorada durante dois anos, Laura Cibilla, que após uma briga de casal decidiu voltar para Buenos Aires. Ele estava convencido de que a ex-garçonete de La Diosa o havia traído com um animador daquele complexo turístico e tinha pedido ao empresário de La Plata que o acompanhasse até lá para verificar isso. Mas, ao corroborar que suas suspeitas eram infundadas, Maradona ficou transtornado. Por isso Ferro Viera achou melhor apresentá-lo a outra mulher. E, justamente naquele momento, Mavys apareceu.
Ao vê-la, Maradona ficou deslumbrado. E ambos iniciaram uma relação que, embora as leis cubanas não punissem, e a jovem não tivesse atingido a maioridade, hoje é evidente que era abusiva. O jogador refugiou-se com ela na casa de La Pradera, o centro de reabilitação para onde supostamente tinha ido tratar os seus vícios, sempre que Laura saía da ilha. E, como disse Álvarez, lá ele a induziu a usar drogas da mesma forma que fizera com Cibilla anos atrás.
O jogador de futebol mais tarde a mudou para um apartamento na capital Havana, afirmou, apresentando-a a uma vida de festas e drogas.
“Foi o maior erro da minha vida”, disse ela à estação de TV América TeVe, de Miami. “Eu era apenas uma menina. Eu era pura. Ele era um estranho, ele era rico e prestava atenção em mim. Eu não poderia dizer não.”
Alvarez disse que foi levada para Buenos Aires em 2001, onde foi mantida em um hotel por quase três meses e “pressionada” a fazer uma cirurgia de aumento dos seios.
O escândalo, bem documentado, levou a uma denúncia junto à Promotoria de Justiça contra o Tráfico e Exploração de Pessoas na Argentina. A senhora Alvarez entrou como demandante no processo na semana passada.
“Eu não podia sair sozinha, sempre tendo responsáveis pela minha estada lá. Durante toda a minha estada na [Argentina]”, disse ela em uma audiência recente do processo judicial.
Ela acrescentou que só teve permissão para realizar duas atividades durante sua estada no país — fazer compras e ir ao zoológico — e estava sempre acompanhada por uma escolta.
O caso está sendo supervisionado pelo juiz federal Julian Ercolini, que investigará se a comitiva de Maradona se envolveu no tráfico de pessoas ao transferir a jovem cubana para a Argentina sem o consentimento de seus pais.
A hoje senhora Alvarez também pediu que as autoridades de imigração que a deixaram entrar na Argentina sem o consentimento de seus pais sejam investigadas.
Seu advogado, Gaston Marano, disse: “Houve conluio entre as autoridades de imigração locais e estrangeiras.”
A senhora. Alvarez disse que seu relacionamento com Maradona durou três anos.
Em uma entrevista ao América TeVe, a senhora Alvarez disse que manteve silêncio sobre o assunto por décadas, com medo de que sua família pudesse enfrentar as repercussões do regime cubano. Maradona era amigo pessoal do ditador Fidel Castro e dos sucessivos presidentes argentinos. Era um intocado.
Ela também revelou que a certa altura o jogador de futebol a apresentou ao líder cubano Fidel Castro, que a abraçou e perguntou a Maradona como ele havia conhecido uma garota tão bonita.
Alvarez disse que Castro deu a ela uma dispensa especial para deixar o país, o que os cubanos estavam proibidos de fazer na época, para assistir a um jogo comemorativo por Maradona na Argentina.
Uma fotografia do ditador cubano com Alvarez e Maradona foi divulgada pela emissora de TV.
“Depois de todos esses anos tenho vergonha de mim mesma, por saber que tinha 16 anos e fiz parte disso tudo. Mas foi outra experiência na minha vida. Nem sempre escolhemos o que acontece com a gente”, disse ao América TeVe.
No vídeo recém-revelado, Maradona é visto com uma câmera nas mãos, enquanto a adolescente Alvarez parece visivelmente desconfortável.
Em uma cena, a dupla se filma em uma cama enquanto o comentário de uma partida de futebol pode ser ouvido ao fundo, de acordo com a agência de notícias em espanhol Infobae (veja) que obteve os vídeos.
Outros vídeos mostram os associados de Maradona na sala.
Maradona, que levou a Argentina à glória da Copa do Mundo em 1986, morreu em 2020 de um ataque cardíaco após passar por uma cirurgia no cérebro.
Fonte: The Telegraph e Agência Infobae
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.