Nos últimos dias foram veiculadas várias análises sobre o pleito eleitoral próximo passado. Li quase todos e devo dizer que concordo com a maioria dos argumentos, mas a meu ver, alguns detalhes devem ser aprofundados, até para que sejam digeridos com uma dose maior de verossimilidade.
Achei muito legal o artigo do Henrique Branco, do Blog do Branco, assim como adorei a leveza do texto do amigo Léo Mendes, que nos bons tempos costumava enriquecer as páginas do jornal HOJE com alguns artigos, bem como o Blog do Marcel, isso lá para os idos de 2010/2011. Por último, li e reli o material do Zé Dudu, “Vem aí uma era de oportunidades!”.
Num ponto os três concordam. A condução política do governo Valmir Mariano foi muito deficiente e abriu o flanco para que um projeto, tido e havido como carta fora do baralho renascesse das cinzas e ganhasse musculatura.
Branco enumera uma série de erros evitáveis que ajudaram o projeto Valmir a fazer água, como, por exemplo: transição deficiente, rotatividade de secretários, péssima articulação política, falta de iniciativa social, falta de carisma, denúncias de corrupção, crise econômica, não cumprimento de acordos políticos e por aí vai.
Já Leo Mendes, por sua vez, considerou o atual prefeito como um sujeito metódico, pouco criativo e desprovido de ousadia, ao contrário de Lermen, um tanto quanto indisciplinado, mas extremamente criativo e ousado, e que trará esperança ao povo de Parauapebas.
A análise do Zé Dudu é mais conjuntural. Com propriedade ele aborda a retração dos investimentos da Vale no município e o baixo valor do minério do ferro no mercado internacional, razão do desemprego em Parauapebas.
“Darci governou Parauapebas quando o município passava pelo seu melhor momento. A Vale vendia o minério do ferro por preços duas vezes e meia superiores ao que se pratica hoje e a maioria dos projetos na região do entorno de Parauapebas estava no início e a procura por mão de obra era latente. Hoje acontece o inverso. Sem contar que a Lei de Responsabilidade Fiscal, que apesar de promulgada no ano 2000, agora pegou e impõe aos gestores um controle rígido dos gastos e uma maior transparência nas prestações de contas. Fatos que não preocupavam gestores como Darci Lermen”.
Profundo conhecedor das realidades regionais, Zé Dudu colocou o dedo na ferida e fechou o artigo fazendo algumas pertinentes considerações, dentre as quais, antevendo uma ressaca indigesta quando se descobrir que as tais oportunidades que embalaram a campanha de Lermen estão cada vez mais escassas pelo simples fato de que a farinha é pouca pra alimentar uma grande quantidade de bocas famintas.
Bom, a meu gosto, ainda que todas contenham algumas verdades e uns poucos equívocos, a análise do Zé acaba se aproximando mais da verdade. Talvez por vivenciar mais de perto as particularidades da grande “Rio de Águas Rasas”, sendo um grande estudioso das coisas da cidade, ao contrário do Henrique Branco, que conforme ele mesmo afirma, chegou por essas paragens em 2014, ou do eminente Leo Mendes, que não esteve na cidade no mandato do prefeito, salvo nos primeiros meses, nos quais foi extremamente injustiçado, Zé Dudu chega na raiz da questão e dá uma pista que está se tornando um lugar comum no discurso dos políticos da vez: a necessidade de novas alternativas econômicas capazes de suportar a demanda de postos de trabalho que estão se tornando um artigo de luxo.
Em outras palavras: o governo que sai enfrentou arrecadação decrescente e problemas de urbanização herdados de tempos de outrora que se tornaram imensos nos últimos quatro anos. O exemplo maior são os problemas do chamado complexo Caetanópolis, onde quase 30 bairros se ressentem de todos os serviços essenciais, como água, energia elétrica, escola, pavimentação e etc, etc…
Por outro lado, a despeito dos problemas, Valmir Mariano deixa um legado de realizações que dificilmente será superado ou mesmo igualado. Concluindo, não foi por falta de trabalho que Valmir Mariano vai mais cedo pra casa.
Marcel Nogueira