A Polícia Militar prendeu, por volta de 21h40 de ontem, quinta-feira (5), no Bairro Vale do Sol, em Parauapebas, Maria Luiza Vieira da Silva, de 18 anos de idade. Após ter ingerido bebida alcoólica e ficado muito embriagada, ela matou a facadas o marido Daury Veira, de 26 anos. O crime foi motivado por ciúmes, após a mulher ter visto o marido bebendo em um local cercado de outras mulheres. A situação que culminou com o mariticídio, segundo a própria acusada, já se arrastava havia pelo menos dois dias.
Aos prantos, Maria Luiza foi ouvida pela Reportagem do Blog na Delegacia de Polícia Civil e falou sobre os fatos que antecederam o crime. Segundo ela, Daury havia conseguido emprego havia poucos dias em um supermercado e, ontem, ao examinar o celular do marido, com quem estava casada havia três anos, viu mensagens trocadas com uma funcionária do estabelecimento.
Imediatamente ela foi ao emprego do marido, “tomar satisfações com a moça”, mas a mulher não se encontrava no supermercado. Ela voltou à noite e teve ruidosa discussão com Daury. Depois, voltou para casa e bebeu muito.
Por volta das 21h – prossegue Maria Luiza -, Daury retornou para casa, a encontrando embriagada, e disse que “daquele jeito” não a queria, saindo em seguida. Logo depois, a mulher pegou uma faca e saiu atrás dele, o encontrando em outra casa, a um quarteirão da residência do casal, bebendo na companhia de várias mulheres, e o esfaqueou várias vezes. Removido ainda com vida ao Hospital Municipal, o homem morreu minutos depois.
Maria Luiza disse que não tinha a intenção de matar o marido, afirma nem saber o que estava fazendo. “Eu vou me matar, eu vivia para ele e os meus dois filhos”, desabafou, em prantos, na delegacia.
Ela foi presa por uma guarnição da PM que, ao passar pela rua, viu uma aglomeração e parou para saber o que estava havendo. No mesmo instante, conta o cabo S. Barros, o Centro de Controle Operacional comunicou que naquela área havia ocorrido um caso de esfaqueamento e que a vítima acabara de morrer no hospital. A guarnição fez um cerco ao local e flagrou Maria Luiza tentando fugir com os dois filhos, um garoto de 3 anos e 11 meses, e uma bebê de um ano e sete meses.
Jovem era vítima de violência doméstica
Uma testemunha que acompanhava a vida do casal e foi até a Delegacia de Polícia prestar depoimento, mas pediu para ter a identidade preservada, disse à Reportagem do Blog que Maria Luiza sempre foi vítima de violência doméstica por parte de Daury, que também maltratava fisicamente o filho dela, de 3 anos e 11 meses, porque não era dele, mas de um relacionamento anterior da mulher.
“Ele sempre foi agressivo, algumas vezes a agrediu grávida, inclusive dentro da igreja, a mantinha em cárcere privado muitas vezes. A agredia dentro da casa, com socos, tapas, chutes. A deixava sem alimentos assim como à criancinha de quatro anos, que era muito rejeitada por ele, por ser de outro pai”, contou a mulher, que pertence a uma igreja evangélica que Maria Luiza frequentava.
A testemunha contou ainda que, várias vezes, após cada ato de violência, a jovem pegava as crianças e voltava para a casa da mãe, mas Daury, dias depois, ia lá e pedia que ela voltasse para casa, afirmando que ia mudar e que tudo seria diferente, mas, quando Maria Luiza e os filhos retornavam, “a violência era pior”. “Muitas vezes ela e o filho ficavam presos em casa, sem alimentos, ele deixava comida apenas para a criança menor, filha dele”.
A evangélica disse também que Daury, apesar de frequentar a igreja, era dependente químico, mas não soube dizer que entorpecente ele usava. E afirmou, em contrapartida, que ele tinha qualidades: “Ele era muito trabalhador, fazia qualquer trabalho para ganhar dinheiro para o sustento. Quando membro ativo da igreja, era um excelente obreiro”.
A mãe de Maria Luiza, de prenome Edinalva, confirmou o que disse a testemunha e afirmou que a filha levava “uma vida sofrida”: “Ele parecia uma coisa, mas em casa era outra. Nunca o vi agredir minha filha, mas ela chegava na minha casa com muitos hematomas e ele maltratava a criança. Cheguei a ir à delegacia com ela e também ao Conselho Tutelar. Quando ela saía de casa, um pastor a recolhia, mas ela voltava. Ele dizia que queria cuidar dela e que não ia mais bater no garoto, em quem chegou a aplicar três chutes em certa ocasião”.
(Caetano Silva)
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