Brasília – Nesta quarta-feira (20) o Brasil passou a ocupar o triste posto de 3º colocado em números de casos confirmados da covid-19, com 271.885 registros e 17.983 mortes. Com o objetivo de diminuir o impacto no sistema de saúde brasileiro, o cardiologista Leandro Rubio e o oncologista Raphael Brandão se uniram ao especialista em inovação digital Cristiano Kanashiro (da consultoria GO.K) para colocar de pé a plataforma Missão Covid, que permite o atendimento remoto e gratuito a pessoas com dúvidas sobre o coronavírus ou que apresentem alguns sintomas e não sabem se devem ou não procurar um hospital.
“Eu e o Leandro Rubio estávamos conversando sobre a angústia de ver tantos pacientes indo ao pronto-socorro sem necessidade e muitos outros com uma série de dúvidas e questionamentos com relação ao coronavírus, e juntos elaboramos uma ideia de atender de uma forma remota esses pacientes. A gente se juntou ao Cristiano Kanashiro, que tem a tecnologia, algo que nós médicos não temos”, conta Raphael Brandão. O resultado foi a criação do site no qual é realizado o contato entre pacientes e médicos.
“Nosso projeto vem de encontro ao momento de pandemia que a gente vive, basicamente um dos pilares é prestar assistência, tirar dúvidas sobre o coronavírus, e caso a pessoa tenha sintomas de covid-19, ela pode entrar na nossa plataforma para ser atendida por um médico voluntário”, explica Kanashiro.
Em atividade desde o dia 23 de março, a plataforma sem fins lucrativos já conta com quase 400 médicos cadastrados e 4 mil pacientes, entre já atendidos e agendados, inclusive brasileiros no exterior. “Já atendemos brasileiros na Austrália, Estados Unidos e Europa. Até o momento atendemos brasileiros em 64 países”, diz Rubio. “Todo trabalho é feito de forma voluntária e tem havido grande procura por parte dos médicos”, ressalta o médico.
Atendimento pelo whatsapp
Na prática, o paciente deve se cadastrar no site do projeto e aguarda o contato do médico pelo whatsapp. O atendimento de telemedicina é feito por meio de uma chamada de vídeo pelo whatsapp. “Nosso principal objetivo é evitar que pacientes precisem ir a hospitais, causando superlotação do sistema, e ao mesmo tempo a gente entrega assistência médica de maneira remota para a população brasileira que precisa ficar em isolamento”, explica Rubio.
Até o momento, 10,8% dos pacientes atendidos foram encaminhados para unidades de saúde. Destes, 41,9% tinham a hipótese diagnóstica da covid-19. O médico esclarece que se o paciente apresentar sinais e sintomas que indiquem avaliação médica presencial, ele será orientado a ir ao hospital.
“Nós queremos e vamos entregar assistência e impactar a saúde do nosso país nesse momento tão importante”, acredita Dr. º Rubio. “Estamos utilizando um projeto de inovação para diminuir o impacto no sistema de saúde brasileiro. Temos uma grande missão voluntária e humanitária de ajudar a população brasileira, por isso focamos todo o nosso time no desenvolvimento dessa plataforma dos últimos dias”, avalia Cristiano Kanashiro, CEO da GO.K., que acredita que o projeto continuará mesmo após o pico da crise.
A orientação médica por telemedicina já possui respaldo legal. No dia 19 de março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou um ofício ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em que informa sua decisão de reconhecer a possibilidade do uso da telemedicina no País, além do que está estabelecido na Resolução CFM nº 1.643/2002, que continua em vigor. Dia 31, o Senado aprovou a PL 696/20, que libera o uso da telemedicina durante a pandemia – o texto segue para sanção presidencial. A decisão vale em caráter excepcional e enquanto durar o combate à epidemia de COVID-19.
Sobre o Missão Covid
Criada pelo cardiologista Leandro Rubio e o oncologista Raphael Brandão, a plataforma Missão Covid-19 conecta médicos voluntários a pacientes que apresentam sintomas leves da doença e que se tornam casos suspeitos. A ideia é prestar um primeiro atendimento aos suspeitos de estarem com o novo coronavírus e distinguir quem deve de fato procurar um hospital ou quem deve permanecer dentro de casa. As consultas são totalmente gratuitas e o usuário recebe as orientações necessárias de como lidar com os sintomas em primeiro momento. Caso a pessoa relate febre alta por mais de 48 horas ou falta de ar, é imediatamente orientada a buscar uma unidade de saúde mais próxima.
Como acessa e fazer sua consulta?
O serviço está disponível via site: www.missaocovid.com.br, sendo necessário fazer um breve cadastro para ter acesso ao sistema. A partir daí o indivíduo que busca essa ajuda antes de ser encaminhado para o hospital, será atendido via telemedicina. O atendimento médico online é regulamentado apenas durante a pandemia, de acordo com a Portaria número 467 publicada no Diário Oficial da União, em 20 de março, que dispõe, em caráter excepcional e temporário, sobre as ações de Telemedicina, com o objetivo de regulamentar e operacionalizar as medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública
A Missão Covid está recrutando médicos: “Seja voluntário, seja um herói missionário nessa grande causa humanitária.”
A plataforma tem um hotpage que o internauta pode conferir as principais dúvidas da população sobre a doença e o que fazer.
Ao acessar o site, o internauta, se quiser, pode doar qualquer valor para ajudar nos custos do projeto.
O que é o Corona Vírus?
Os coronavírus são uma grande família de vírus que podem causar doenças em animais ou humanos. Em humanos, sabe-se que vários coronavírus causam infecções respiratórias que variam do resfriado comum a doenças mais graves. O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença COVID-19.
Devo me importar com isso?
A doença devido à infecção PELO NOVO CORONAVÍRUS é geralmente leve, especialmente em crianças e adultos jovens. No entanto, pode causar doenças graves: cerca de 1 em cada 5 pessoas precisam de cuidados hospitalares. Portanto, é bastante COMUM que as pessoas se preocupem com o impacto do surto de COVID-19, entre elas e seus entes queridos.
Transmissão?
A doença pode se espalhar entre pessoas, através de pequenas gotículas do nariz ou da boca que se espalham quando uma pessoa com COVID-19 tosse, espirra ou fala. Essas gotículas podem entrar em contato diretamente com o olho, nariz ou boca de outra pessoa ou se acumulam em objetos e superfícies. Quando alguém toca nesses objetos ou superfícies, podem se infectar ao tocar nos olhos, nariz ou boca. É por isso que é importante ficar a mais de 1 metro (3 pés) de uma pessoa doente.
Como Prevenir?
Lavagem das mãos com sabão, sabonetes várias vezes ao dia.
Não levar as mãos ao rosto, olhos, boca e nariz.
Usar álcool gel (se possível) ao pegar um elevador, ir ao mercado ou farmácia.
Isolamento Social: Manter distância de pessoas infectadas ou possivelmente infectadas de 1 a 2 metros, se possível.
Se estiver resfriado, evite manusear coisas em casa, fique de máscara, de preferência em local mais isolado (você pode infectar pessoas ao seu redor), não saia de casa e aguarde 14 dias para voltar às suas atividades habituais em casa.
Observar se seu quadro ‘gripal’ vier associado a febre persistente (mais de 48 horas), tosse persistente e desconforto/falta de ar.
Sinais e Sintomas
Os principais sintomas conhecidos até o momento são:
- Febre (acima de 37,8ºC)
- Tosse seca
- Dificuldade para respirar
- Coriza e dor de garganta podem ocorrer
Sinais de gravidade?
Os sintomas geralmente se parecem muito com uma gripe normal, porém pode haver sintomas graves como falta de ar e febre por mais de 48 horas (acima de 37.8ºC) e ocorrer o óbito.
Quem deve usar a máscara?
Use uma máscara cirúrgica apenas se estiver com sintomas de COVID-19 ou cuidando de alguém que possa ter COVID-19. As máscaras caseiras estão indicadas para toda a população, segundo a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde. Lembrando que a mascara caseira não substitui a higiene das mãos e o isolamento social e na terça-feira (19) a Câmara dos Deputados aprovou uma Lei (????) que obriga todos os brasileiros a usar a máscara quando saírem de casa, sob pena de multa individual no valor de R$ 300,00.
Tratamento
Ainda não existe vacina e tratamento para COVID-19, mas muitos médicos têm utilizado uma combinação de remédios que são ministrados logo no início dos sintomas que vem obtendo resultados animadores, esvaziando evitando a internação nos hospitais.
Casos leves podem ser acompanhados em domicilio, por médicos a distância, utilizando medicamentos sintomáticos para febre, coriza, tosse, etc.
Casos moderados e graves são acompanhados em hospitais e UTI.
Medicamentos como azitromicina e hidroxicloroquina mostraram-se promissores na terapêutica desses pacientes mais graves, porem ainda está sendo utilizado em caráter experimental, não devendo ser utilizado, até o momento como preventivo ou profilático para casos leves e alguns moderados.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.