O presidente da mineradora Vale, Murilo Ferreira, deve ser reconduzido, no fim do mês de maio, segundo avaliação consensual de fontes no mercado, para cumprir o terceiro mandato consecutivo à frente da companhia. “Ninguém pensa [entre investidores da Vale] na substituição de Murilo na presidência da empresa”, disse um analista que preferiu não se identificar, segundo o jornal Valor.
O executivo será também submetido à aprovação dos acionistas da Petrobras, em assembleia geral ordinária prevista para 29 de abril, quando deve ser eleito para a presidência do conselho de administração da estatal.
Este momento anterior à recondução de Ferreira na Vale coincide com a indicação do executivo para presidir o conselho de administração da Petrobras. Ferreira foi formalmente indicado para presidir o conselho da Petrobras no dia 27 de março deste ano. A confirmação do nome do executivo, que vinha sendo apontado para o cargo, gerou dúvidas no mercado sobre potenciais efeitos negativos na gestão da mineradora, com a divisão de tempo de Ferreira entre a Petrobras e a Vale.
As duas empresas passam por momentos delicados. Enquanto a Petrobras está há meses envolvida em uma crise resultante das denúncias de desvios de recursos investigados pela Operação Lava-Jato, a Vale enfrenta o desafio de conviver com um cenário de queda nos preços das commodities. Eventuais conflitos de interesses passam a ser observados no acúmulo das funções, mas do ponto de visto técnico não há impedimento para que um executivo assuma dois cargos do tipo.
No mercado, a ideia de Ferreira passar a acumular funções na Vale e na Petrobras é vista com reservas. “Não é o ideal”, disse um analista. Mas fontes próximas da mineradora discordaram afirmando que, na presidência do conselho da Petrobras, Ferreira vai validar estratégias, mas o executor será Aldemir Bendine, presidente-executivo da estatal. A indicação de Ferreira para o conselho da Petrobras é vista como uma forma de restabelecer a confiança do mercado na companhia.
A nomeação de Aldemir Bendine, que substituiu Graça Foster na presidência da Petrobras em fevereiro, causou reação negativa nos mercados, por sua forte ligação com o governo federal e atuação como presidente do Banco do Brasil. O executivo recebeu voto contrário dos três conselheiros independentes da estatal: Mauro Cunha e José Guimarães Monforte, ligados a acionistas minoritários, e Sílvio Sinedino, indicado dos funcionários.
Em quatro anos na Vale, Ferreira implementou política de austeridade cortando custos e despesas e vendendo ativos não prioritários. A venda de ativos ainda é uma meta importante para a Vale. A estratégia definida pelo conselho e implementada pela diretoria executiva da companhia, comandada por Ferreira, se diferencia da gestão anterior, quando a empresa era comandada por Roger Agnelli.
A esperada recondução de Ferreira na Vale caberá a um conselho de administração renovado na mineradora. Em 17 de abril, os acionistas vão se reunir em assembleia geral ordinária, no Rio de Janeiro, para eleger os membros do conselho para o período de 2015 a 2017. Do atual conselho de administração da Vale, composto por onze membros titulares, quatro nomes estão sendo substituídos.
Um dos conselheiros que está há mais tempo na Vale, Mário da Silveira Teixeira Junior, indicado pela Bradespar, deixará o conselho. Ele, que ocupa o cargo desde 2003, será substituído por Fernando Jorge Buso Gomes, diretor do Banco Bradesco BBI desde 2006. A Bradespar, braço de participações do Bradesco, é uma das acionistas da Valepar, a controladora da Vale, junto a Litel, veículo de participação dos fundos de pensão, Mitusi e BNDESPar, além de Eletron.
Dan Conrado, ex-presidente da Previ e atual presidente do conselho de administração da Vale, está entre os indicados da Valepar para permanecer no conselho, assim como Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros. O atual presidente do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Gueitiro Genso, também permanecerá no conselho de administração da Vale.
Genso ingressou no conselho da Vale este ano no lugar de Paulo Rogério Caffarelli, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, que era indicado pela Previ no conselho da Vale. Outros indicados pela Valepar para conselheiros da Vale e que são ligados à Previ são Marcel Juviniano Barros, conselheiro desde 2012, e Tarcísio José Massote de Godoy, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Godoy substituirá Robson Rocha, presidente do conselho deliberativo da Previ. As informações são dos jornais Valor Econômico e do Estado de S. Paulo.
1 comentário em “Mercado acredita que Murilo Ferreira deve continuar à frente da Vale”
Enquanto isso.. O Pebinha vai afundando em crise