Mercado de trabalho de Parauapebas teve dezembro agonizante em 2024

O saldo de empregos foi “vermelho escuro”: 1.065 demissões a mais que contratações, o que colocou Capital do Minério entre 100 cidades que mais desempregaram no país no último mês do ano. Áreas de construção civil e serviços registraram volumes acentuados de pais de família mandados para rua

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Considerado um dos municípios que mais produzem riquezas e exportam commodities no país, inclusive com destaque na mídia nacional até pouco tempo atrás, Parauapebas está perdendo o fôlego — e numa velocidade que assusta. Sua geração de postos de trabalho com carteira assinada foi por água abaixo no último mês de 2024, e a Capital do Minério esteve entre as 100 cidades do país que mais demitiram em dezembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) liberados ontem (30) pelo Ministério do Trabalho. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.

Exatos 1.065 trabalhadores CLT (755 homens e 310 mulheres) foram parar na rua da amargura no mês passado, naquele que é considerado um dezembro trágico para a geração de postos formais. Parauapebas assistiu à demissão de mais pais e mães de família em apenas um mês que a população inteira de algumas cidades brasileiras.

Além de Parauapebas, o mês passado teve como “vítimas do desemprego” Belém (com saldo de 1.571 trabalhadores desligados) e Canaã dos Carajás (com saldo de 1.398 trabalhadores a menos). Inclusive, das 144 cidades paraenses, 106 (74%) tiveram mais demissões que contratações. No Pará como um todo, os desligamentos superaram as admissões em 11.375 postos em dezembro.

Setores duramente afetados

Em Parauapebas, a construção civil foi o setor com a maior baixa em dezembro, com 649 trabalhadores demitidos a mais que contratados. Nesse setor, pedreiros, carpinteiros, armadores e ajudantes de obras foram os profissionais que mais ganharam as contas, uma vez que estavam alocados em oportunidades temporárias, a maioria delas sob a alçada da Prefeitura de Parauapebas.

Por seu turno, o setor de serviços contribuiu com o desligamento de 461 trabalhadores na Capital do Minério, sendo que os profissionais mais afetados nesse segmento estavam alocados nos ramos de hospedagem (hotéis e dormitórios), alimentação (restaurantes e bares) e limpeza. Até o comércio, que tradicionalmente contrata mais para as vendas de fim de ano, registrou mais demissões que contratações em Parauapebas, com saldo negativo de 41 postos.

A indústria extrativa mineral, que rende a segunda maior massa salarial depois da administração pública, está sendo poupada das estatísticas ruins de demissão por enquanto. Acontece que, diante de preços em queda do minério de ferro em 2024, o setor mineral de Parauapebas poderá ser atingindo por corte de custos, o que implica demissões no médio prazo — neste caso, em 2025.

Perspectivas para este ano

E as perspectivas para 2025 não são as melhores. Muito embora no cômputo total de 2024 Parauapebas tenha encerrado com saldo positivo de 514 empregos, para este ano o cenário não se apresenta favorável, especialmente pela ausência de projetos de grande porte para o município. Além disso, nos últimos anos a geração de empregos local estava escorada nas obras de construção civil do Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas (Prosap), que está caminho para o fim.

Na mineração, Parauapebas enfrenta tempos difíceis, com retração na produção ano após ano, conforme revelou recentemente o Blog do Zé Dudu (relembre aqui) e esta semana foi confirmado pela mineradora multinacional Vale em seu relatório de produção do 4º trimestre de 2024.

Sem a mão poderosa da Vale para “abençoar” o mercado de trabalho de Parauapebas, a cidade vive dias comuns e sob temor de demissões de trabalhadores da indústria mineral Serra dos Carajás abaixo. Os tempos de bonança parecem ter ficado no passado e no álbum de recordações.

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