Brasília – Quando os Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem no mesmo dia, o jargão do mercado designa o dia como “superquarta”. É o que ocorrerá nesta quarta-feira (15). Os olhos do mercado observam com expectativa, quanto será o percentual de aumento da taxa de juros, aqui no Brasil, da Selic, que é o parâmetro de referência do mercado para o custo do dinheiro e nos Estados Unidos, que referencia o mercado mundial. Trata-se especificamente da alta de juros do Federal Reserve, uma verdadeira bomba atômica contra a inflação.
A autoridade monetária norte-americana já havia descartado uma alta de 75 pontos-base nos juros nas reuniões anteriores. Porém, o cenário mudou e o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) norte-americano veio acima do esperado pelos analistas — o que deve exigir um esforço maior do BC americano contra a inflação.
Por aqui, a inflação reduziu o ritmo de alta, mas segue em patamares que fogem à meta do Banco Central. Analistas do mercado entendem que a Selic deve terminar o ano em 13,75%, mas outros especialistas entendem que será preciso ir além disso.
Para a reunião desta Superquarta, é esperado que o BC eleve os juros em 50 pontos-base, o que faria a Selic subir de 12,75% para 13,25%.
Seja por aqui ou nos EUA, tudo dependerá da fala dos representantes das autoridades monetárias após o anúncio. Está marcado uma coletiva à imprensa de Jerome Powell, presidente do Fed, após às 15h30 e maiores informações sobre o ciclo no Brasil devem acontecer após o fechamento dos mercados.
Nesse contexto, o Ibovespa encerrou a sessão de ontem (14) em queda de 0,52%, aos 102.063 pontos. O dólar à vista avançou 0,38%, a R$ 5,1343.
As estrelas do pregão foram as ações das elétricas com destaque para a mais nova privatizada do pedaço, a Eletrobras que fechou em alta de 3,47%, cotada a R$ 41,49. Bancos e petroleiras também tiveram bons resultados na média puxada para o chão com a baixa do pregão e com queda das empresas de commodities. A Vale fechou em baixa a R$ 81,75, com queda de -0,16%, enquanto a Petrobras fechou em leve alta a R$ 29,60, com 1,13% de ganho.
Banco Central Europeu
Além das decisões de juros do Fed e do Banco Central brasileiro, o Banco Central Europeu marcou para esta quarta uma reunião extraordinária do conselho da autoridade monetária.
Não está claro se os diretores do BCE estão decididos a antecipar o aperto monetário ou se pretendem apenas emitir sinais que tragam alívio às taxas dos títulos da dívida.
O BCE é um dos últimos bancos centrais a elevar os juros em meio a problemas globais de inflação — e, se o Fed já está “atrás da curva” da alta dos preços, o seu equivalente europeu está ainda mais distante do que isso, lembrando que o BCE está nomeio do furacão das consequências da guerra Rússia-Ucrânia.
As bolsas nesse meio
Os índices da Ásia e do Pacífico fecharam a sessão desta quarta-feira (15) sem direção definida. Os dados de produção industrial da China sustentaram os negócios em Xangai, mas o temor de um Fed mais agressivo contra a inflação limitou os ganhos do dia.
Na Europa, as bolsas também registram altas contidas, com a produção industrial avançando um pouco abaixo do esperado pelo mercado e também de olho no Banco Central americano.
Por fim, os futuros de Nova York operam em alta antes da decisão de juros do Fed. Não se trata, porém, de otimismo com as ações, mas de uma tentativa de reversão de perdas das últimas sessões.
Criptomoedas em queda mais um dia
As bolsas seguem sem direção definida, mas o bitcoin (BTC) e as demais criptomoedas do mundo seguem com sinal negativo.
Por volta das 7h45 da terça, a maior moeda digital do planeta — o Bitcoin — era negociada em queda de 8,31%, cotada a US$ 20.627,27, ante mais de US$ 60.000,00, no início do ano. O ethereum (ETH), por sua vez, registrava o menor patamar do ano, em US$ 1.068,45, uma queda de 10,54%.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.