Com a necessidade urgente de introduzir alternativa econômica sólida e que seja viável ao fim do ciclo da indústria extrativa mineral, o cinturão do minério de ferro formado pelos municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás, Curionópolis, mais Eldorado do Carajás e Água Azul do Norte, é um dos mais fracos do Pará no ramo do agronegócio. A conclusão a que chegou o Blog do Zé Dudu baseia-se nos resultados definitivos do Censo Agropecuário 2017 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma das razões que podem explicar a marcha lenta em fazendas e roças da região talvez seja a falta de incentivo ao homem do campo, além do êxodo rural causado pela força de atração de empregos temporários nas cidades sustentadas pelas riquezas da mineração. Entre os cinco municípios da microrregião, Parauapebas é justamente o menos produtivo. Em 2017, o município movimentou apenas R$ 88,39 milhões em commodities agrícolas, sendo que a criação de gado e de aves para abate respondeu por R$ 52,93 milhões do total.
O município de Curionópolis, com R$ 191,28 milhões movimentados no agronegócio, é o que tem a melhor situação, seguido de muito perto por Água Azul do Norte, com R$ 190,93 milhões. Ambos têm em comum nesse movimento de milhões a criação de gado. Já Canaã dos Carajás movimenta R$ 141,24 milhões, ao passo que Eldorado do Carajás movimenta R$ 118,02 milhões, também impulsionados pela pecuária.
Parauapebas desidrata produção rural
O principal município da microrregião é o lugar com a situação mais preocupante porque, pela população que possui (mais de 200 mil habitantes), só tem como sustentáculo a mineradora multinacional Vale, que explora minério de ferro no subsolo local e é, direta e indiretamente, a grande responsável pelo gigantismo econômico-financeiro atualmente verificado.
Em mais de 30 décadas sobrevivendo de indústria extrativa mineral, o governo de Parauapebas já arrecadou uma fortuna de aproximadamente R$ 12 bilhões em receita líquida, mas não usou um centavo sequer — ao menos não com efeito prático e concreto — para diversificar sua economia, adensando cadeias de grande impacto como o ensino superior (por meio da expansão de cursos universitários com potencial de atração nas áreas de saúde e engenharia, por exemplo) e a agricultura (com incentivo à produção local de alta performance, mesmo com limitação de área produtiva).
Ao contrário disso, nos últimos anos a Prefeitura de Parauapebas tem desidratado a área de agricultura, com a retirada de investimentos no setor. O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) que tramita na Câmara mostra que o governo está prevendo R$ 15,7 milhões para aplicar no setor ano que vem ante R$ 22,72 milhões orçados para 2019. A proposta vai contribuir para minguar uma área que já vem mal das pernas.
Segundo dados do IBGE, a produção agrícola de Parauapebas está em franco encolhimento. O município perdeu R$ 52,2 milhões em produção de 2017 para 2018 (ou 39%). Ano passado, a produção de commodities agrícolas foi de R$ 82,5 milhões, bastante inferior aos R$ 134,8 milhões movimentados em 2017. Pelo andar da carruagem, a tendência é desacelerar a principal turbina de alternativa economia à mineração.