Milton Nascimento será um dos agraciados com a Comenda Câmara Cascudo de incentivo à cultura

Sessão Especial será realizada no Senado Federal no dia 28 de fevereiro
O carioca mais mineiro do Brasil se despediu dos palcos no ano passado em monumental show no Mineirão

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Brasília –Acontece no Plenário do Senado Federal na terça-feira (28), Sessão Especial agendada para as 10h, de entrega da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo. Instituída em 2018, a condecoração é destinada a personalidades, instituições e grupos que tenham contribuído com o fortalecimento da cultura, do folclore e dos saberes tradicionais no Brasil.

A indicação dos agraciados é feita pelos senadores. Nesta edição, serão homenageadas personalidades como: Flávio Capitulino, Milton Nascimento, Pedro Machado Mastrobuono, Yara Tupynambá e o Instituto Inhotim.

Agraciados

Milton Nascimento
 Milton Nascimento o carioca mais mineiro do Brasil, nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1942, é um cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos músicos da Música Popular Brasileira. Carioca de nascimento, mas mineiro de coração, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção “Travessia”, composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967.

Milton Nascimento já gravou ao todo 34 álbuns e recebeu 5 prêmios Grammy — o Oscar da música —, sendo um Grammy Award de Best World Music Album em 1998 pelo álbum Nascimento e um Grammy Latino de Best Contemporary Pop Album em 2000 pelo álbum Crooner.

Foi apelidado de “Bituca” ainda criança, por fazer um bico quando estava contrariado, numa referência aos índios botocudos. Milton começou a gostar de música por influência da mãe, que havia estudado com Villa Lobos. Aos quatro anos, ganhou uma sanfona de dois baixos, e desde cedo explorou sua voz. Aos 13 anos, era crooner do conjunto Continental de Duilio Tiso Cougo, grupo musical de baile de Três Pontas.

Após uma das carreiras mais premiadas da história da música nacional e internacional, considerado pela prestigiosa revista norte-americana Guitar Play, dono da mais linda e extraordinária voz da história, Milton Nascimento anunciou em 2021 que não fará mais apresentações no palco a partir de 2022, ano da sua última turnê em show histórico que lotou o Estádio do Mineirão (MG).

Com terninho colorido e juba esvoaçante dourado-cajá, Flávio Capitulino causa rebuliço ao saltar de seu BMW conversível para visitar o tradicional reduto popular na sua terra natal

Flávio Capitulino
Flávio Capitulino nasceu em Sousa, no agreste da Paraíba, e se mudou para Paris com apenas 80 dólares no bolso. Na Europa, foi de faxineiro a dançarino de lambada nas ruas, até chegar a restaurador de obras de arte, sua profissão atual.

Conhecido como “dândi do sertão”, começou essa carreira por acaso: restaurando o pé de uma mesa de uma madame francesa. De boca em boca, conquistou fama e abriu o próprio ateliê. Sem arrancar grandes admirações por colegas brasileiros, por falta de informação, chegou a reformar grandes quadros do pintor Picasso.  Hoje, Capitulino fatura até 20.000 euros (cerca de 80.000 reais) por mês e faz questão de viver uma vida de estilo extravagante na cidade onde cresceu, Campina Grande, também no sertão da Paraíba.

Com terninho colorido e juba esvoaçante dourado-cajá, ele causa rebuliço ao saltar de seu BMW conversível para visitar o tradicional reduto popular. Escoltado por um segurança, esse Michael Jackson do sertão é parado para fazer selfies. “Você é o orgulho da Paraíba”, diz um f

Quando um desinformado pergunta a outro quem é o exótico conterrâneo, nota-se que a fama pode ser um troço meio maluco: “Não conhece? Ele restaurou quadros de Sheiquispi (sic)”. Até onde se sabe, o bardo inglês William Shakespeare (1564-1616) nunca pintou um quadro. Mas, se algo tão improvável viesse a ser descoberto, não destoaria em nada dos detalhes inacreditáveis da biografia de Flavio Capitulino.

Pedro Machado Mastrobuono
Pedro Machado Mastrobuono atualmente, é presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), membro do Conselho Nacional e Política Cultural (Ministério do Turismo), do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (Ministério da Justiça e Segurança Pública) e da Comissão Filatélica Nacional (Correios).

Advogado pela PUC-SP, com forte atuação na área de Direitos Autorais, graduou-se também nos cursos de “Storia dell’Arte Italiana” e de “Letteratura Italiana” pelo Instituto Italiano di Cultura, órgão ligado ao governo da Itália. É vencedor do prêmio Arruda Alvim de Direito Processual Civil e Doutor Honoris Causa em Cultura e Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UMFS.

Mastrobuono é membro fundador e ex-presidente do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna, que cuida do acervo e da divulgação das obras do pintor modernista ítalo- brasileiro. Foi, ainda, vice-presidente da Comissão Especial de Direito às Artes da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP, bem como membro efetivo da Comissão de Infraestrutura, Logística e Sustentabilidade da OAB.

É autor e coautor de várias publicações sobre Artes Plásticas e efetividade da proteção do patrimônio cultural.

Yara Tupynambá
Yara Tupynambá Gordilho Santos é mineira, pintora, gravadora, desenhista, muralista e professora. Iniciou nos estudos de arte com Guignard (1896-1962), em 1950, em Belo Horizonte, além de estudar gravura com Misabel Pedrosa (1927), em 1954, e aperfeiçoar-se posteriormente com Oswaldo Goeldi (1895-1961), no Rio de Janeiro.

Cursou a Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e, em 1967, defende tese sobre Albert Dürer. No ano seguinte, passa lecionar gravura na mesma universidade. Dedica-se à gravura, especialmente sobre madeira, preferindo o preto e branco à gama de cores. Em telas a óleo pinta congados, cavalhadas e violeiros, temas referentes a sua adolescência, e as andanças pelo interior do estado de Minas Gerais.

Ela mesma fabrica algumas tintas vinílicas. Foi escolhida pela crítica diversas vezes como destaque das artes, além de homenageada com poemas, como fez Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) ao escrever o poema Exposição sobre a artista.

Instituto Inhotim
O Instituto Inhotim é considerado o maior museu a céu aberto do mundo. a sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil. Está localizado em Brumadinho (Minas Gerais), uma cidade com 38 mil habitantes, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

O Instituto Inhotim localiza-se dentro do domínio da Mata Atlântica, com enclaves de cerrado nos topos das serras. Situado a uma altitude que varia entre 700 metros e 1 300 metros acima do nível do mar, sua área total é de 786,06 hectares, tendo como área de preservação 440,16 hectares, que compreendem os fragmentos de mata e incluem uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com 145,37 hectares.

A instituição surgiu em 2004 para abrigar a coleção de Bernardo Paz, empresário da área de mineração e siderurgia, que foi casado com a artista plástica carioca Adriana Varejão, e há 20 anos começou a se desfazer de sua valiosa coleção de arte modernista, que incluía trabalhos de Portinari, Guignard e Di Cavalcanti, para formar o acervo de arte contemporânea que agora está no Inhotim. Em 2014, o museu a céu aberto foi eleito, pelo site TripAdvisor, um dos 25 museus do mundo mais bem avaliados pelos usuários.

Comenda
A criação da comenda partiu da então senadora e atual governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) e foi instituída por resolução do Senado. A condecoração é entregue a cinco personalidades, instituições ou grupos analisados por um conselho composto por um representante de cada um dos partidos políticos com assento na Casa.

Histórico
A Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo foi inspirada na obra do potiguar: historiador, antropólogo, advogado e jornalista, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Ele viveu em Natal, capital do Rio Grande do Norte onde dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Pesquisador das manifestações culturais, deixou extensa obra, entre as quais O Dicionário do Folclore Brasileiro, de 1952. Sua obra completa engloba mais de 150 volumes.

Fonte: Com informações da Agência Senado e reportagem e pesquisa do correspondente.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.

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