Um despacho publicado na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (24) revela o quanto as mineradoras estão se movimentando, caladinhas, atrás de novas frentes de aproveitamento econômico no subsolo do Pará. A gerência regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) no estado deu ciência sobre 15 relatórios de pesquisa aprovados, de figurinhas já carimbadas, para extração de recursos naturais por aqui (veja a íntegra do despacho).
A mineradora multinacional Vale, por exemplo, teve relatório de pesquisa aprovado para minério de ferro entre os municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas. O teor do relatório de pesquisa está sob sigilo, resguardado por meio de uma resolução da ANM. No entanto, o Blog do Zé Dudu pesquisou que o processo a que o relatório faz referência é de número 850.000, iniciado há mais de duas décadas, em 2 de janeiro de 1996.
Desde então, a referida área vem sendo espécie de uma série de contratempos. Em 11 de maio de 2015, ela até foi reduzida para efeito de pesquisa, de 4.999 hectares para 1.291,98. Em 17 de setembro do ano passado, a área chegou a ser bloqueada judicialmente, sendo liberada 48 horas após. Pelas informações constantes na poligonal do processo, o perímetro está mais dentro de Canaã dos Carajás que em Parauapebas. Não por acaso, Canaã possui a maior reserva medida, provada e provável de minério de ferro no Pará, enquanto a reserva de Parauapebas caminha aceleradamente para exaustão.
A Vale também está tentando encontrar novas províncias de minério de ferro em Santa Maria das Barreiras, no sul do estado. É lá que dois processos seus caminham e cujos relatórios de pesquisa foram aprovados também com redução de área. Já entre Parauapebas e São Félix do Xingu a multinacional fareja cobre e ouro numa área de 7.131,12 hectares. Esperta, a Vale sabe que na confluência entre Parauapebas e São Félix, perto de onde estes se encontram com Marabá, está a maior planície medida, provada e provável de cobre do país. Não por acaso, o projeto Salobo, em Marabá, está a alguns quilômetros da nova área de interesse.
Caulim, bauxita e ouro
A empresa Imerys é outro nome que aparece no despacho da ANM, com relatório de pesquisa aprovado para caulim entre Ipixuna do Pará e Paragominas numa área de 2.896,48 hectares. Paragominas, aliás, é o município campeão em relatórios de pesquisa neste despacho, tendo seu nome envolvido em nada menos que sete processos para investigação mineral. Além do documento aprovado da Imerys, a Mineração Paragominas também obteve aprovação de relatório para bauxita em seis áreas distintas.
Quem também está interessada em bauxita, mas fora de Paragominas, é a Votorantim, que aprovou dois relatórios sem redução de área: um com pesquisa dentro de Dom Eliseu e outro entre Dom Eliseu e Ulianópolis. A gigante brasileira do setor de metais iniciou processo na região há 12 anos.
No coração do Pará, em Altamira, a Mineração Castelo dos Sonhos vai no rastro do minério de ferro, em processo aberto em 2009 (1.517,91 hectares), e do ouro, em processo de 2011 (589,38 hectares). O Blog do Zé Dudu apurou que, até o último dia 15, o Pará movimentou R$ 40,33 bilhões em extração de recursos minerais, assumindo a liderança nacional da indústria extrativa, antes pertencente a Minas Gerais, que operacionalizou este ano R$ 39,08 bilhões.