A suspensão de operações da mineradora multinacional Vale no estado de Minas Gerais em decorrência da tragédia em Brumadinho, após o rompimento da barragem de rejeitos da mina de Córrego do Feijão, ainda não teve impacto relevante nas exportações de minério de ferro do país. O Blog do Zé Dudu vasculhou os dados de fevereiro — os mais recentes disponíveis — da balança comercial, disponibilizados pelo Ministério da Economia, e constatou que os embarques de minério de ferro aumentaram 9,5% em relação a fevereiro de 2018.
De acordo com a pasta, foram exportados 1,53 bilhão de dólares em minério de ferro no mês passado. É o terceiro produto mais rentável do Brasil depois da soja (2,21 bilhões de dólares) e do petróleo (1,53 bilhão de dólares). No ano passado, no mesmo período, o país exportou 1,26 bilhão de dólares.
Apesar de o Ministério da Economia ainda não ter divulgado dados em níveis estadual e municipal, é sabido que o maior exportador de minério de ferro é o Pará, com suas operações concentradas nas serras Norte (Parauapebas), Sul (Canaã dos Carajás) e Leste (Curionópolis) do complexo minerador de Carajás. Minas, diga-se de passagem, segue como maior produtor de minério em termos de volume, mas considerável fatia de seu produto atende ao mercado doméstico.
A Vale, que domina a exploração do minério no país e é soberana no Pará, movimentou R$ 36,3 bilhões em 2018 aqui no estado, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), ou seja, 25% de todas as riquezas produzidas localmente.
Pará dá surra no berço da Vale
O Blog levantou que, no ano passado, a Vale produziu R$ 28,4 bilhões apenas em minério de ferro no Pará. Em Minas Gerais, ela produziu R$ 13,6 bilhões, menos da metade da lavra paraense. Mesmo se ajuntar toda essa produção mineira da multinacional, o montante não é páreo para o que ela extraiu apenas em Parauapebas (R$ 19,8 bilhões), e até Canaã dos Carajás (R$ 8,1 bilhões) já caminha para ser maior e mais rentável que toda a estrutura da Vale em Minas.