O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), subordinado ao Ministério dos Transportes, adiou para o primeiro semestre de 2024 a conclusão das obras da ponte rodoviária do rio Araguaia, na BR-153, que vai ligar São Geraldo do Araguaia, no sul do Pará, ao município de Xambioá, no norte do Tocantins. A Ordem de Serviço para essa obra foi assinada em 2017, ainda no governo Temer, mas uma das empresas que disputava a licitação conseguiu liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) embargando as obras, que não chegaram a começar.

A construção, então, começou efetivamente em 2020, com o custo estimado de R$ 193,1 milhões, mas que já supera os R$ 200 milhões. A ponte é considerada a maior obra sobre rio no país e, após sua conclusão, será a maior ponte em extensão do estado do Tocantins, com extensão de 1,7 mil metros, além da importância estratégica para a Região Norte do Brasil.

Um dos maiores investimentos para toda a região, a obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento, o novo PAC, tanto para o Norte do Tocantins – que contempla as microrregiões de Araguaína e Bico do Papagaio – quanto para o sudeste do Pará (microrregiões de Marabá, Parauapebas, Redenção e Tucuruí).

Com a ponte, a expectativa é de grande melhoria na logística da BR-153, principal rota para o escoamento da produção local, caracterizada principalmente pelas atividades de agropecuária e mineração.

A BR-153 tem grande importância econômica para o escoamento da produção da fronteira agrícola chamada de Matopibapa que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia e mais recentemente o Pará. A região, que contempla cerca de 320 mil estabelecimentos agrícolas distribuídos em 337 municípios, não inclusos os municípios paraenses, já é responsável por 10% da safra de grãos do país.

Atualmente, a travessia da BR-153 entre os estados do Tocantins e Pará é realizada por balsas pelo Rio Araguaia. O alto custo da travessia, tempo de espera nas filas das balsas e o período de estiagem de janeiro a abril têm gerado entraves econômicos para os produtores e comerciantes, o que justifica a grande expectativa pela conclusão das obras da ponte.

Segundo o Dnit, está faltando a conclusão de um pequeno trecho de menos de 100 metros no centro, que faz a amarração estrutural da obra. Entretanto, uma série de obras devem ser realizadas pelas prefeituras de Xambioá e São Geraldo com o auxílio das secretarias de Obras e Transportes do Pará e do Tocantins.

A prefeita de Xambioá, Patrícia Angelin (União Brasil), promete realizar outras benfeitorias em função do aumento do fluxo de veículos que a abertura da ponte vai provocar. “Ali vão passar várias carretas de minérios. O nosso estado tem uma logística muito bacana e essa ponte vai melhorar cada vez mais o escoamento das produções que aqui nós temos,” disse.

Segundo ela, as obras dos acessos já estão inclusive sendo licitadas. “Eu acredito que no primeiro trimestre do ano que vem a gente estará entregando uma obra de grande relevância, de grande importância, não só para o nosso estado, mas para o nosso país,” prevê Angelin.

Já o prefeito de São Geraldo do Araguaia, Jefferson Douglas (PTB), está otimista com o desenvolvimento do município após encontro com o secretário regional de governo do sul e sudeste do Pará, João Chamon Neto, que hipotecou o apoio do estado aos projetos complementares às obras da ponte que devem ser realizados no âmbito do município. A ponte sobre o Araguaia na BR-153 deve beneficiar cerca de 500 mil pessoas, calculou o Dnit.

A BR-153/PA/TO é um importante eixo de ligação entre as regiões Norte e Sul do Brasil, por permitir a integração multimodal entre a ferrovia Norte-Sul e a hidrovia Tocantins-Araguaia.

Sete travessias revitalizadas no Pará

O Dnit concluiu as atividades de manutenção em outra ponte sobre o rio Araguaia, a que faz ligação entre os estados do Pará e Tocantins, e outras estruturas localizadas ao longo da BR-230/PA. Os serviços são gerenciados pelo Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (PROARTE), responsável pelos serviços de manutenção e de reabilitação em Obras de Arte Especiais (OAEs) – pontes, túneis, viadutos, passarelas e estruturas de contenção, que integram a malha rodoviária federal em todo o país.

Para promover a revitalização completa da ponte sobre o rio Araguaia, localizada no km 0 da BR-230/PA, conhecida também como Rodovia Transamazônica, as equipes da autarquia realizaram diversos serviços como a recuperação estrutural, limpeza, recomposição de drenos, substituição das juntas de dilatação e instalação de pingadeiras de elastômero, entre outros serviços.

A realização de manutenção adequada “envolve inspeções regulares para identificar qualquer dano ou desgaste, reparos oportunos e a substituição de componentes desgastados. Isso não apenas garante a segurança dos usuários, mas também prolonga a vida útil da ponte, economizando recursos a longo prazo,” frisou o Dnit.

Para a manutenção completa da estrutura foram investidos R$ 2 milhões. A ponte sobre o rio Araguaia possui 900 metros de extensão e é uma estrutura vital para a região, pois desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social. Além disso, é crucial em situações de emergência, como resgates, evacuações e transporte de suprimentos em caso de desastres naturais.

Mais pontes revitalizadas

Além da ponte sobre o rio Araguaia, outras sete travessias localizadas na BR-230/PA, também foram revitalizadas pelo Dnit. As OAEs, sendo duas em Palestina do Pará (km 28,82 e km 34,4), uma em Marabá (km 136,6) e quatro em Itupiranga (km 145,38, km150,8, km 160,1 e km 174,35), passaram pelos mesmos serviços de revitalização e agora os usuários podem trafegar com mais tranquilidade pela rodovia.

As atividades de recuperação estrutural fazem parte do contrato de manutenção e revitalização de um total de 51 pontes ao longo das rodovias BR-230/PA, BR-153/PA, BR-222/PA e BR-422/PA, todos em território paraense.

O Dnit segue com as atividades de manutenção em andamento nas demais estruturas contempladas no contrato. “A manutenção prioriza melhorias nas OAEs e visa a conservação das estruturas e segurança viária aos usuários. O valor investido das intervenções soma R$ 5 milhões, perfazendo cerca de 50% do total previsto para o contrato de R$ 10 milhões,” informou.

Por Val-André Mutran – de Brasília