Em reunião realizada na tarde desta quinta-feira (29), o Centro de Apoio Operacional Ambiental (CAO), do Ministério Público do Estado, discutiu com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) uma possível parceria entre os órgãos em ações do Grupo de Trabalho de Defesa Animal no combate a pesca predatória no Pará. O objetivo é combater, de forma mais incisiva, esse tipo de prática, que coloca em risco espécies mais vulneráveis ou que já estão ameaçadas de extinção.
A reunião foi conduzida pela coordenado do CAO, promotora de justiça Albely Miranda Lobato. Pela Sedap participaram o secretário adjunto, Lucas Torres, o coordenador do Setor da Pesca, engenheiro de pesca Alan Pragana, e o técnico Thiago Cruz.
Durante a reunião, a bióloga do Grupo de Apoio Técnico Interdisciplinar (Gati), Soraia Marriba Knez, apresentou o Projeto “Enfrentamento à Pesca Predatória” do Grupo de Trabalho de Defesa Animal, cujo objetivo principal é contribuir para a redução da pesca predatória no estado e, assim, proporcionar a manutenção dos estoques pesqueiros, principalmente das espécies mais vulneráveis.
Elogiando a iniciativa do MPPA, o secretário adjunto explicou como a Sedap atua com conscientização e campanhas educacionais perante a população, sobre a pesca sustentável, não restrito ao pescado em si, mas incluindo caranguejo, lagosta e a fauna aquática em geral, além de incentivo à aquicultura, que possui importante panorama na pesca no Pará. O gestor viu como muito promissora a parceria com o MPPA e ressaltou a necessidade de incluir outras secretarias e agências, para que seja abrangido o escopo do Projeto do GT Defesa Animal.
A pesca predatória está entre os grandes problemas ambientais do planeta. Como a prática captura número de espécies além do que o ciclo natural de vida e ecossistema consegue suportar, a consequência é o aumento das chances de resultar no ciclo de extinção de espécies, desequilíbrio ecológico, colapso dos estoques pesqueiros e impacto socioeconômico sobre populações que dependem da pesca para sobreviver.
Vegetais aquáticos também podem sofrer em consequência dessa prática danosa o todo ecossistema aquático. A pesca comercial moderna registra mais de 32 milhões de toneladas de peixes capturados a cada ano.
Além de usar um sonar de localização de animais, os navios usam redes de arrasto, redes de deriva, palangres e o resultado disso é a sobrepesca, que ocorre quando mais peixes são capturados do que a população pode repor através da reprodução natural.
Biólogos marinhos dizem que, em meados do século 20, os esforços para aumentar a abundância de alimentos ricos em proteínas levaram a um aumento abrupto da pesca. Os consumidores logo se acostumaram a ter acesso a uma variedade de espécies a preços acessíveis – no entanto, essa acessibilidade tem um grande custo para os oceanos e rios.
Em 2017, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) listou 455 espécies de peixes criticamente ameaçadas de extinção, incluindo 87 marcadas como possivelmente extintas. Quanto menos peixes nos rios e oceanos, menos alimento os animais marinhos e aves têm para sobreviver, levando a um desequilíbrio nas teias alimentares.
Tina DeBord