Mulher que morreu em 2017 assina documento em 2018 em Jacundá

Essa é apenas uma amostra das ilegalidades que acontecem no DMTU daquela cidade, hoje alvo de três investigações que apontam para o antro de corrupção em que se transformou o órgão

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O Departamento Municipal de Trânsito de Jacundá (DMTU) vive a maior crise desde sua implantação, há mais de 10 anos. Dois procedimentos estão em andamento no Ministério Público Estadual, uma sindicância foi aberta pela gestão do órgão e uma investigação paralela conduzida pelo vereador Daniel Siqueira Neves já revelou um antro de corrupção dentro do DMTU.

No início de agosto deste ano, o Ministério Público de Jacundá instaurou uma investigação para apurar atos de improbidade administrativa no órgão baseado em denúncias relativa à liberação de veículos irregulares. E, nesta semana, foi instaurado procedimento para investigar a falta de estrutura, tais como a falta de combustível para os veículos, dentre outras irregularidades. Esse procedimento teve como base denúncias de sete agentes contra Haussen Nascimento, diretor do DMTU, prefeito Ismael Barbosa e o vereador Daniel dos Estudantes.

Paralelamente, as denúncias sobre a operacionalidade do departamento de trânsito são investigadas desde o ano passado pelo vereador Daniel dos Estudantes. Segundo ele, diversos ofícios foram encaminhados à gestão do DMTU solicitando esclarecimentos sobre supostas irregularidades cometidos por agentes de trânsito. “Temos recebidos diversos relatos de moradores questionando a prática abusiva por parte dos agentes. E o que sempre pedimos na Tribuna da Câmara Municipal foi mais transparência nas fiscalizações”.

O parlamentar deduz que sua insistência em moralizar o DMTU pode ter levado os agentes a denunciarem sua atuação ao Ministério Público. “Não tem outra explicação”. Após a instauração do MP, Daniel revelou um rosário de irregulares cometido nas instâncias do órgão municipal. Falsificação e adulteração de documentos e uso de carimbos oficiais. “Tudo isso para fabricar documentos falsos e liberar motos irregulares em troca de favorecimento, inclusive, encontramos documentos assinados posteriormente a morte de um cidadão”.

O dossiê montado por Daniel dos Estudantes já conta com mais de 500 páginas, que incluem documentos com assinaturas falsificadas, adulteração de selo do cartório de Jacundá e outras irregularidades. O envolvimento de agentes, despachante e outras pessoas estão sendo investigados em um inquérito na Delegacia de Jacundá. O parlamentar não descartou pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. O delegado responsável pela investigação não quis comentar sobre o andamento da investigação.

Baseado nas informações fornecidas pelo vereador jacundaense, o prefeito Ismael Barbosa determinou ao diretor do DMTU, Haussen Alves Nascimento, a instauração de uma sindicância “para apurar todas possíveis ilegalidades e irregularidades praticadas no Departamento Municipal de Trânsito Urbano de Jacundá”.

Haussen publicou a portaria na quinta-feira. E nela, são alegadas a “suposta existência de diversas denúncias de ilegalidades e irregularidades no DMTU”. Uma comissão formada por três servidores do quadro da Prefeitura de Jacundá são indicados para apurar as denúncias. “Para bem cumprir as atribuições, a Comissão terá acesso a toda documentação necessária à elucidação dos fatos, bem como deverá colher quaisquer declarações, depoimentos e demais provas que entender pertinentes”.

Ainda de acordo com a portaria, a Comissão tem o prazo de 60 dias para apurar os fatos e elaborar um relatório final.

Procurações

Creuzeni Maria Felizarda Fontes, falecida no dia 23 de março de 2017, “assinou” uma procuração no dia 8 de janeiro de 2018. O documento foi usado para liberar uma moto apreendida pelo DMTU. O veículo de propriedade da falecida foi apreendido no dia 4 de outubro de 2017, quase 7 meses a morte da mulher. Na procuração “ela” outorga a Roberto do Nascimento Araújo amplos poderes para retirar o veículo, uma moto Biz.

O veículo foi entregue a Roberto no dia 10 de janeiro deste ano, conforme o termo de entrega de entrega de veículo.

“Será necessária uma ampla investigação, pois temos diversos casos de irregularidades praticadas por agentes de trânsito, que somente uma CPI ou uma investigação do delegado para identificar a punir os culpados”, finaliza o parlamentar.

Por Antonio Barroso – de Jacundá

1 comentário em “Mulher que morreu em 2017 assina documento em 2018 em Jacundá

  1. Leandro Burlamaqui Responder

    Amigos, diante de uma prova cabal, flagrante, cristalina, cuja reprodução este confiável Blog exibe na matéria, todos os participantes dessa bandalheira já deveriam estar na cadeia. Para que mais evidências do mar de lama que é o DMTU de Jacundá do que essas? E o mui indigno diretor já deveria estar no olho da rua. Nós, contribuintes que pagamos o servidor público, entendemos que chefe, supervisor, superintendente, coordenador, seja lá qual for a denominação, deve, repito, deve, tem a obrigação de saber de tudo o que acontece no setor pelo qual é responsável. A não ser que seja cúmplice da bandalheira!!!

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