Há 40 anos, em 1º de fevereiro de 1982, tinha início a história da participação feminina na Polícia Militar do Pará (PM-PA), com a entrada da primeira turma de policiais femininas no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), na ilha de Outeiro, em Belém. De 2019 para cá, na gestão do comandante-geral, Cel. Dilson Júnior, mais mulheres passaram a exercer cargos de destaque, chefia, comando e assessoramento superior, em uma atuação dedicada a valorizar a presença do gênero em vários ambientes da corporação.
“A Polícia Militar, para nós, é fundamental. Não é à toa que a gente fez questão de comemorar, dia 01 de fevereiro de 2022, os 40 anos da presença feminina na corporação. Uma presença que, quando se iniciou lá em fevereiro de 82, era uma presença muito incipiente”, destaca o comandante geral da PMPA, coronel PM José Dilson Melo de Souza Júnior.
Uma das pioneiras na instituição, a capitã veterana Máurea Mendes Leite, que hoje está na reserva remunerada, relembra que a chegada feminina na PM foi uma mudança de paradigma para a instituição e para as mulheres. “Foi um caminho simbólico, a maioria das mulheres tinham uma origem humilde e isso foi um grande salto na nossa vida profissional e na perspectiva de vida das nossas famílias. A carreira a ser trilhada na PM foi um marco de empoderamento das mulheres e uma nova perspectiva profissional a partir de então. A cada aniversário voltam as lembranças boas de luta e conquistas, e eu fico muito grata em fazer parte desta história”, ressalta a oficial da reserva. Atualmente, a PM-PA conta com um efetivo de cerca de três mil mulheres em suas fileiras, entre oficiais e praças. Em janeiro deste ano, entraram mais 278 alunas para os cursos de formação.
História
Lá em 1982, foram quatro alunas sargento e 50 alunas soldados, além de três alunas oficiais enviadas para realizar o Curso de Formação de Oficiais (CFO), na Academia de Polícia Militar do Barro Branco da PM de São Paulo. A primeira turma de praças foi coordenada pelo Cel. Roberto Pessoa Campos, da PM do Pará, que contou com o apoio de duas oficiais tenentes oriundos da Polícia Militar do Estado de São Paulo e de outros militares paraenses. Durante três meses, elas receberam instruções inerentes ao cargo de policial militar no CFAP.
Reconhecimento legislativo
No dia 14 de dezembro de 2011, foi aprovada a lei ordinária número 7.576, de autoria da deputada estadual Ana Cunha (PSDB), que instituiu o dia 1º de fevereiro como Dia da Policial Militar no Pará. A parlamentar conseguiu a aprovação justificando em seu projeto a importância da presença feminina no Pará. “A instituição de datas comemorativas tem como um de seus objetivos centrais valorizar a cultura e a formação da identidade social, por meio da colocação em evidência na memória coletiva de algo ou alguém que, por seus méritos, não deva ser esquecido”, informava o texto do projeto de lei.
Um bom exemplo disso é o reconhecimento do trabalho desempenhado pelas policiais militares que atuam nas ações de manutenção de ordem e segurança pública em nosso Estado. “Nunca houve tantas mulheres em função de comando como há agora na gestão do coronel Dilson Júnior, em funções administrativas e em funções operacionais, mulheres combatentes podendo exercer a mesma função que os homens. Essa valorização ocorre também na construção de melhores condições de trabalho, como por exemplo o cuidado em adquirir coletes balísticos apropriados para a anatomia feminina. É uma corporação que valoriza a presença, e se fortalece ao trazer a organização, a sensibilidade, a delicadeza e sobretudo a força das mulheres dentro da Polícia Militar”, reconhece a tenente-coronel Simone Chagas, que há 21 anos integra os quadros da PM-PA.
Para Natasha Vasconcelos, presidente da Comissão das Mulheres e Advogadas da Seccional Pará da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PA), o tempo de participação feminina na Polícia Militar é muito pouco diante do tempo de existência da instituição. “É fundamental buscarmos entender como que o processo de socialização das mulheres pode contribuir para os avanços da PM, ora na sua missão institucional, ora na sua função social. É inegável a importância que a PM tem no combate à violência, de uma forma geral, mas principalmente no tocante à violência contra mulheres. Trazer para dentro da instituição, de suas políticas e diretrizes, a perspectiva social, laboral e estratégica das mulheres é possibilitar formas alternativas, horizontais, mais comunitárias, mais humanizadas de resolução de problemas. Não pelos estigmas de gênero, mas pelas habilidades diferenciadas oriundas desse processo tradicional de socialização”, avalia.
(Fonte: Agência Pará)