Por Paulo Costa – de Marabá
Preocupados com a ocorrência de mais de 100 impactos socioambientais que a futura hidrelétrica de Marabá causará, prefeitos e representantes dos 11 municípios a serem impactados pela obra reúnem-se permanentemente para discutir medidas a serem cobradas do governo federal para minimizar os impactos anunciados. A última dessas reuniões aconteceu na tarde de sexta-feira, 16, com a presença do vice-governador do Pará, Helenilson Pontes, apontado pelo governador Simão Jatene como interlocutor do Estado nas discussões e negociações com o governo federal.
Uma das novas medidas adotadas pelo Grupo de Trabalho é a criação de um consórcio envolvendo os 11 municípios que serão afetados nos estados do Pará, Tocantins e Maranhão. Eles querem também garantir a construção de eclusas na hidrelétrica, que terá cerca de 11 quilômetros de muro de barramento. O consórcio deve ser feito nos mesmos moldes do que ocorreu em Belo Monte.
Foram designados como responsáveis por formar o consórcio os prefeitos de São Domingos do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins, Pedro Patrício de Medeiros, o Pedro Paraná, e Sidney Moreira de Souza, respectivamente. Também ficou decidido que o Grupo de Trabalho vai marcar audiência com a ministra da Casa Civil e o ministro de Minas e Energia para discutir o tema hidrelétrica de Marabá.
Os 11 municípios atingidos são Marabá, São João do Araguaia, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Nova Ipixuna e Palestina do Pará (no Pará); Ananás, Esperantina e Araguatins (Tocantins) e São Pedro da Água Branca e Santa Helena (Maranhão).
Orçada em R$ 12 bilhões, a Hidrelétrica de Marabá está planejada para ser construída distante 4 km a montante da Ponte Rodoferroviária do Tocantins. A obra deve iniciar em 2015, com prazo de construção médio de oito anos. Esta hidrelétrica terá capacidade de produção de 2.160 MW, tornando-se um aporte considerável para o Sistema Interligado Nacional. Em âmbito local fornecerá energia para empreendimentos siderúrgicos, ampliação das minas de ferro e cobre e projetos do parque de Ciência e Tecnologia de Marabá.
A hidrelétrica formará um lago de 3.055 km – bem maior do que o lago formado pela hidrelétrica de Tucuruí. Serão inundados 1.115 km² de terras (mais de 110 mil hectares de terras férteis). A barragem atingirá indígenas, quebradeiras de coco babaçu, pescadores, assentados, ribeirinhos, moradores de povoados e das cidades.