Na contramão do país, inflação oficial no Pará sobe em agosto

Tanto IPCA, índice utilizado para calcular preços praticados sobre produtos e serviços, quanto INPC, índice que cobre reajuste de salários, subiram, mas cada município tem sua “sensação” de inflação particular, sendo ela mais agressiva em Parauapebas, Canaã e na Transamazônica

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A inflação oficial do Pará, medida a partir de preços praticados na Grande Belém, avançou 0,18% em agosto, mesmo no restante do país tendo caído 0,36%. A informação foi divulgada nesta sexta (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que consolidou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês passado. O estado foi o segundo com maior subida de preços nas prateleiras, atrás apenas da inflação do Espírito Santo, onde produtos e serviços ficaram 0,46% mais caros.

No acumulado de 12 meses, a inflação oficial está em 6,56% no Pará e 8,73% no Brasil, mas o índice está longe de ser consenso ou de ser percebido “só isso” pela população consumidora. No estado, em municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás, o IPCA, se calculado à parte, colocaria ambos entre os lugares mais caros do país para viver. Marabá segue no mesmo ritmo, principalmente com a atual movimentação, mesmo tímida, para construção da segunda ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, empreendimento que está reacendendo a chama do mercado de trabalho local e elevando o custo de produtos e serviços do dia a dia.

Além das localidades citadas e de forte tradição na indústria mineral, o Pará possui redutos de carestia situados ao longo ou no entorno de cidades cortadas pela Rodovia Transamazônica, particularmente Altamira, Vitória do Xingu, Novo Progresso e Itaituba, municípios que experimentaram ou têm experimentado forte dinamismo econômico em razão de grandes projetos de energia, logística e ocupação de terra.

Correção de salários

O indicador inflacionário utilizado para corrigir salários, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também subiu no Pará, na ordem de 0,29%, segundo maior aumento do país e na contramão do índice apurado nacionalmente, que foi de queda de 0,31%. No acumulado de 12 meses, o INPC registra 6,58% estado e 8,83% no Brasil.

Para municípios como Parauapebas, que possui folha de pagamento robusta, o INPC é um verdadeiro calo no sapato. Com base na atual despesa com pessoal da prefeitura local, o impacto do índice sobre as contas públicas do Executivo municipal para suportar uma eventual revisão salarial em 2023 seria de pelo menos R$ 95 milhões. Em dezembro, entidades de defesa dos interesses dos servidores devem começar a se movimentar pela campanha salarial do ano que vem, e o INPC é a sigla que estará facilmente na boca do povo.