“Há três tipos de governo:o que faz acontecer; o que espera acontecer;e o que não sabe o que está acontecendo!”
(George Santayna)
Sempre ouvi dizer que “um ato vale mais que mil palavras”. Apesar disso, sempre acreditei que palavras e atos são indissociáveis: se o são em nosso dia-a-dia, o são ainda mais na política; e mais ainda numa campanha eleitoral.
E, embora esteja iniciando este artigo com frases de efeito sobre atos e governos, meu intuito é, digamos, ir além. Neste caso, ir além significa tentar, dentro das limitações que meu parco intelecto, meus poucos anos de residência e minha limitada capacidade de análise e compreensão da política local me permitem, analisar o “ato político-eleitoral”, se assim podemos considerar, promovido, ao que parece pela administração municipal, para lançamento oficial de suas candidaturas a deputância (federal e estadual), na quinta feira passada (22 de junho), em Parauapebas.
Na verdade, penso que o tal ato, do enredo à encenação, esteve condizente com a forma que a atual administração de Parauapebas vem sendo conduzida, segundo dizem, inclusive, devido à religiosa ausência permanente do prefeito da cidade, por uma trindade de sem votos, no caso, os senhores Hernandes Margalho (SEFAZ), João Fontana (Gabinete) e Luís Vieira (SEMAD), que, aliás, não compareceram ao ágape. Talvez por isso, tamanha infelicidade no “ato” e no “fato”.
Devo confessar aos leitores que também não compareci. Apenas, por força mais do oficio de articulista político do que pela vontade, busquei informações que, ajustadas, pudessem me permitir uma mentalização do dito evento. E chego à conclusão que ora pontuo: toda a concepção, como já o disse, do enredo à encenação, foi de tamanha infelicidade que chego a pensar se sua premeditação foi intencional ou apenas refletiu a ruidosa insensibilidade dos nossos “informais” administradores.
Comecemos pelo enredo. Em primeiro lugar, o patrocinador e, segundo os presentes, mestre de cerimônia, o prefeito Darci Lermen (PT) que, entre longas ausências e curtas presenças em nosso município, dignou-se a apresentar aos seletos convidados, seus candidatos: o velho amigo Milton Zimmer (PT) para deputância estadual; e o novo amigo neopetista Cláudio Puty (PT) para deputância federal. Neste ponto, temos o que comemorar: nosso alcaide esteve na cidade. Oxalá, venha mais vezes, mesmo que seja apenas para pedir votos!
Em segundo lugar, os convidados, se assim pudermos nos referir, ao conjunto de secretários, adjuntos e comissionados de todas as ordens, funções e faixas salariais que por lá deram o ar de sua graça. Alguns, certamente para regatear-se no “boca livre” oferecido. Outros, temerosos de que a ausência pudesse refletir na renda familiar ao final do mês. Outros tantos, por pura falta do que fazer mesmo ou para ter assunto na monotonia do final de semana. Sabe-se lá!
Em terceiro lugar, fechando o enredo, o local: a Chácara Nelore Quality, de propriedade do médico Luís Leite. Talvez, seja isso que chamemos de “fechar com chave de ouro”, pois, acharam de escolher um local longe da cidade e de seu povo, à noite, para evitar visibilidade, o que, não podemos negar, é um contra-senso. E não só: embora seja de se esperar que candidaturas petistas se identifiquem com a luta contra o latifúndio, foram fazer o tal lançamento num símbolo do latifúndio, até na marca, que, por sinal, soa bem: Nelore Quality. Novos tempos, novas idéias, novos métodos!
Agora, a encenação. Podemos sintetizar num único ato: os discursos dos candidatos. Talvez por obtusa percepção, falta desta, devaneio ou dissimulação, os agraciados não deram indicativos de que notaram quem representavam, onde estavam e para quem falavam, pois, se esmeraram em se apresentarem como defensores dos movimentos sociais (inclusive, dos anti-latifúndio e pela reforma agrária). Certamente, esperaram (e obtiveram) aplausos, afinal, o público presente estava lá para isso!
O tal Cláudio Puty chegou à desfaçatez de, como de praxe nos candidatos visitantes à região, anunciar-se “defensor radical do estado de Carajás”, aliás, segundo deixou a entender, “desde criancinha”. Só faltou dizer que a idéia foi dele. Fico, cá com meus botões, a imaginar se algum eleitor paraense de Belém o questionasse sobre o tema, se ele manteria tão “extremada” e “intransigente” posição. Era algo pelo qual eu pagaria pra ver: o novo ícone da revolucionária DS paraense defendendo, em Belém, o Estado de Carajás, a divisão, quase extinção do Estado do Pará. E olha que ele tentou tal intento ao tempo que esteve à frente da Casa Civil do Estado. Faltou pouco. Agora, ele consegue!
Entretanto, não podemos negar, alguns se apressaram em aplaudir mais para apressar o andamento da peça, antes que a carne do churrasco queimasse ou que alguém se apercebesse do vazio político-ideológico em que caiu grande parte do PT de Parauapebas e do Pará, reflexo indefectível do governo por atos, ações e/ou omissões. Talvez pelos três. A carne assada, espero eu, bem cuidada, amenizou e amainou a reflexão política sobre a cena, diria, de teatro, se com isso, não acreditasse está diminuindo tão nobre arte!
Agora, para fechar este artigo com mais uma frase de efeito, talvez tão eloqüente como a que o abri, uma pichação que vi nas paredes da cidade de Olinda, em outros carnavais, anônima: “Neste mundo, o que se diz e se pensa interessam muito; mas, o que se faz interessa muito mais!”
Por Leônidas Mendes – Tendência petista AE
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8 comentários em “Nas entrelinhas do ato”
O pior é que o governo sabe que ta uma administração “SOFRÍVEL”, não admite, claro, e ainda persegue quem reclama, vai trabalhar bando de imcopetentes, sacanas, guardiãs do dinheiro alheio, perseguidores, traidores, lesa-município, lesa-trabalhador. Aí vem agora c um punhadinho de obras e acha que fica tudo bem, o eleitor num ta mais bobo não.
Pra quem só anda de avião… uma vez vi o Darci em Brasília andando de TÊNIS, ué, ele foi lá pra fazer turismo??? Nunca vi político em Brasília andando de tenis, só de sapato.
E olha q fui lá 3 vezes.
Esse menino não deve ter valor nenhum por lá…
É verdade, as calçadas estão uma vergonha… o coitado do cidadão pena pra andar na cidade
Concordo com o pensamento do Léo, o que a gente queria náo era isto que se apresenta, esse projeto de governo, e sim um verdaderio GOVERNO, grande, onde as pessoas teriam vez e fossem realmente respeitados como CIDADÃOS. Gostaria que o Governo tirasse o cidadão do nome, pq disso não tem nada.
Zé…
apenas para responder ao meu caro Damilson: voce tem razão! Não posso justificar, mas posso explicar porque votei. Eu vim morar em Parauapebas em 2007, mas já conhecia a cidade e vários de seus moradores, entre eles o “professor Darci”, que conheci através do meu irmão, 10 anos antes, numa de minhas férias. Quando votei, achei que estava votando na pessoa que conhecia, não no sócio João Fontana, do Margalho, estes eu não conhecia, aliás, não conheço. Não justifica, eu sei: mas, a isso juntou minha, às vezes, infantil, que voce conhece bem, permanente utopia. Gosto de imaginar que sempre tento ver o melhor das pessoas, mesmo sabendo que elas tem defeitos.
Damilson, me penitencio todos os dias… e tento, dentro de minhas possibilidades, corrigir meus erros.
Como diz o ditado: “errar é humano; persistir no erro é burrice!”.
Quanto ao PT, quando penso no Partido, eu penso no governo Lula, no Florestan Fernandes, no Valter Pomar, no Hélio Bicudo, no Paulo Freire; não no Darci ou na Ana Júlia, não nos espertalhões que dilapidam o patrimônio público (de dinheiro a telhas).
Mas, agradeço, as palavras e refletirei sobre elas.
Leo Mendes Filho
o debate esta esquentando! sera que vai aparecer algum defensor do atual governo pra enriquecer o debate?
Isso não te pertence mais.
A necrose já consumiu toda a utopia, e citando alguns, como vosso post também cita.
“Não Falai aos ouvidos dos tolos, pois desprezerás a sabedoria de tuas palavras”. (Provérbios…)
Léo sai do PT e vem ser gente como a gente, livre da infectuosa politicagem.
“Abandonai toda esperança, Ó vós que entrais”
Dante Alighieri – Divina Comédia Humana (O Inferno)
que por sinal é vermelho.
Os governantes são uma extensão dos seus eleitores, certo professor? Por que votou nele?
Foi Gandhi que defendeu a máxima “Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. Apesar de batida, tantas vezes repetida em perfis das redes sociais do mundo todo, conversas de boteco (no Redondo do Baixinho) e discursos baratos, essa é uma verdade inegável. A sociedade é resultado da relação e interação do ser humano com os seus semelhantes, com o ambiente e com os valores éticos que permeiam a nossa realidade. Se nos queixamos dos nossos governantes (Darci e sua quadrinha), devemos entender que fomos nós que os colocamos no poder certo Léo?. É uma ideia simples, mas muito importante. Os governantes são uma extensão dos seus eleitores sim? Professor, representam sua ideologia, crenças e até comportamento. Se uma sociedade reelege um representante que cometeram vários erros no passado (EEPP e seu primeiro pleito na PMP), é sinal de que tem uma memória fraca e desinteresse pela vida política. Se, por outro lado, elege um corrupto, comprador de votos, é porque é corruptível. Se elege alguém honesto e comprometido, é porque mostra comprometimento com suas escolhas políticas.
Obviamente, não devemos deixar de lado as questões que explicam a causa do comportamento apolítico da sociedade Parauapebence.
Em tudo, o que me estranha é ver o senhor agora falando mal desse moço.
Entender a política atual é evitar que pessoas erradas voltem ao poder e cometam os mesmos erros, porque no final, quem paga somos nós.
Carro Professor um dia quem saber, poderemos refletir “Aristóteles” quando afirma que “ O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sobre tudo o diz. caro colunista.
DAMILSON BARROS