Apareça de onde estiver quem se sente feliz e satisfeito com os serviços prestados pela concessionária de energia Equatorial. A empresa, uma das campeãs de reclamações nas unidades do Procon no Pará, tem sido alvo de queixas constantes e diárias de clientes de Parauapebas, mas se mostra inapta e completamente alheia à situação. Que o digam moradores de bairros como Liberdade e União, onde a queda de energia virou rotina e expõe os consumidores à perda de equipamentos domésticos.

O problema da falta de energia não é novidade para a população de Parauapebas, mas ficou insustentável nas últimas semanas. Na Rua Cora Coralina, Bairro Liberdade, moradores contabilizam que a energia faltou “trocentas vezes” — eles até perderam as contas. Mas não só isso. Eles perderam alimentos guardados em freezeres e geladeiras, e o mais importante: perderam a paciência.

“É a maior cachorrada. A gente não pode trabalhar direito porque a energia, de tão fraca, não serve sequer para fazer uma chapinha no cabelo das clientes”, dispara a cabeleireira Maria das Graças Alves, que tem salão na Rua Santa Catarina. “Dia desses, uma cliente teve de ir embora com metade do cabelo espichado e a outra metade não porque simplesmente a energia faltou e não voltou até a noite. É constrangedor”, reclama.

Outra irritada com o que chamada de “palhaçada” da Equatorial é Maria Zenaide Costa. Ela diz que já chegou a perder equipamentos de trabalho em razão da oscilação de energia. “Virou rotina e ninguém toma providências. Ontem, segunda-feira, à noite, a energia ficou em apenas uma fase, e muito fraca. Ruas escuras, que se tornam pouco seguras, e não apareceu um cristão até as 22 horas para resolver a situação. É muita incompetência por parte dessa concessionária”, detona a microempreendedora da Rua Cora Coralina, onde, de uma ponta a outra, os moradores reclamam da precariedade do serviço.

A Capital do Minério tem hoje 96,1 mil consumidores residenciais, 4,2 mil consumidores comerciais e 4 mil consumidores de outras categorias, a exemplo de consumidores rurais, órgãos públicos e a própria iluminação pública.

Prefeitura também sofre

E não são apenas os “pequenos” que estão desassistidos do serviço prestado pela Equatorial. A própria Prefeitura de Parauapebas também tem sido vítima de quedas de energia. Em prédios públicos que ficam fechados em horário noturno, apenas com vigias guardando-os, os espaços e até mesmo os trabalhadores ficam vulneráveis ao ataque de malfazejos que operam na calada da noite e se aproveitam do clima de breu total patrocinado pela Equatorial.

Escolas da rede municipal, estabelecimentos de saúde, prédios vinculados à assistência social, entre outros, viram trevas ao dissabor dos péssimos serviços atualmente prestados pela concessionária de energia. Mas as contas não param de chegar.

O Blog do Zé Dudu levantou nesta terça-feira (22) que a Prefeitura de Parauapebas já pagou à Equatorial este ano a bagatela de R$ 15.811.387,74 em contas de energia. É tanto dinheiro que daria para iluminar praticamente uma cidade do porte de Curionópolis. E nem mesmo assim, com os bolsos cheios, a empresa consegue prestar serviço minimamente decente, causando irritação em todos os estratos de clientes.

O alerta da situação de penúria dos consumidores com relação aos serviços da Equatorial foi dado pela Câmara em junho deste ano. À época, a vereadora Eliene Soares apresentou uma indicação pedindo ao Governo Municipal que cobrasse explicações da concessionária acerca do serviço deficiente prestado no Bairro Liberdade (relembre aqui).

Em 2022, a empresa já tinha virado alvo de audiência pública convocada pelo legislativo local (relembre aqui), mas os esclarecimentos prestados pela concessionária não resultaram em nada prático e nada mudou. Aliás, mudou: o fornecimento de energia piorou.

Enquanto isso, a Equatorial segue livre, leve e solta, fornecendo a que pode ser a pior energia do Brasil e levando risco a milhares de consumidores, que podem ter seus aparelhos queimados abruptamente pela má qualidade do serviço. E agora, quem poderá ajudá-los?