Quem já foi esporado de arraia garante que “neguim vê estrela”, outros dizem que “borraram as calças” e há ainda os que afirmam que desmaiaram porque a dor é lancinante. Nos dois primeiros finais de semana na Praia do Tucunaré, o mais movimentado balneário da região, uma multidão desfilou na areia e um grande número de pessoas mergulhou nas águas do Rio Tocantins para afogar o calor.
A boa notícia que vem da Praia do Tucunaré é que nenhum afogamento foi registrado até agora, nem mesmo caso de brigas, tiros ou qualquer confusão. O Corpo de Bombeiros realizou a demarcação da área de banho no local mais frequentado com boias, criando uma área destinada ao lazer dos banhistas. “Pedimos que as pessoas permaneçam nessas áreas cobertas por guarda-vidas, para que o serviço tenha mais êxito. Além disso, temos o apoio de todo sistema integrado de segurança, com ambulâncias do outro lado do rio para dar suporte até os hospitais em casos mais graves. Entretanto, até o momento não houve nenhuma ocorrência grave, está transcorrendo tudo dentro da normalidade”, endossou o subtenente Moisés, do 5º GBM (Grupamento de Bombeiro Militar).
Por outro lado, nos dois primeiros finais de semana já foram registrados pelas autoridades de saúde pelo menos seis casos de ferroada de arraia em banhistas na Praia do Tucunaré. Mas nem mesmo esses registros metem medo na grande multidão que frequenta o balneário diariamente, principalmente sábados e domingos.
Um mergulho no final de tarde terminou mal para o comerciante Antônio Augusto de Oliveira Junior, de 38 anos. Ele foi ferroado no pé por uma arraia no momento em que saia da água. Ele disse que retornava tranquilo para a barraca onde está acampado com amigos e acabou sendo “presenteado” com uma esporada. “Cara, eu vi estrela. Chorei igual criança, é muito rápido e a dor parece que não vai parar nunca. Só depois de três horas que me aplicaram medicação é que melhorou”, conta.
O acidente aconteceu na tarde do último sábado (14). Junior conta que, por pouco, a vítima não foi uma criança. Pois, várias brincavam ao lado de onde estava o animal. “Estava com a minha esposa e meu filho recém-nascido. Como estava muito calor, meu irmão e eu resolvemos dar um mergulho. Na hora que fui sair, a arraia esporou meu pé”, relata.
A vítima da ferroada de arraia sente uma dor aguda e sofre um ferimento de cicatrização difícil, de consequências como necroses (morte de tecidos) ou problemas cardiorrespiratórios. Ainda assim, acidentes fatais com humanos são bastante raros – é preciso que um órgão vital seja atingido ou que a pessoa seja muito sensível à peçonha.
Assim, é bom ficar longe delas. Evite nadar em lugares com lama, o predileto das arraias. Pescadores e ribeirinhos, vítimas comuns desses animais, costumam dar outra dica: ao entrar na água, não dê passos largos – arraste os pés para avisar a arraia, que tem tempo de fugir sem que ninguém saia ferido.