Nilson Dias, presidente eleito do Partido dos Trabalhadores em Parauapebas, respondeu alguns questionamentos do Blogger. Confira o que disse o responsável por conciliar as várias tendências petistas no município.

 Nilson (foto) tem 39 anos, é casado, natural de Alcobaça, Bahia, tem 2 filhos, uma menina com 13 anos e um rapaz com 18 anos, no primeiro casamento  e atualmente uma filha com 3 anos e um recém nascido com 20 dias de nascido do segundo casamento, nível superior em Administração. Chegou a Parauapebas no final de 90. Foi funcionário pelo município como professor por quatro anos, e ainda trabalhou no comércio local e em Carajás como todos que aqui vieram. Como empreendedor, desde 98, tem duas empresas: um provedor de internet localizada na Rua 14 e a CKS Computer na Rua A, em frente ao CEUP.

Quando começou a sua militância política e como foi que você criou um vinculo com o PT?

Nilson – Militava ao PT desde 95, com a Juventude da Igreja Católica, mas só me filiei em 99. Em 2000 sair candidato a vereador representando a juventude escolhido em processo interno do qual concorri com o histórico Domingos Cardoso o popular Dudu. Na época o candidato a vereador obteve 225 votos. No PED de 2007 fui eleito como membro do Diretório do PT e somente em Maio de 2008, escolhido tesoureiro do Partido.

A eleição de 2004 foi uma surpresa para muitos que achavam que o eleito, Darci Lermen, não chegaria ao final como vencedor. Qual a sua participação nesse processo? ( as pesquisas indicavam o Darci bem atrás no início da campanha).

Nilson – A sociedade sonhava com mudanças, transpirava desejo de mudanças. Isso não apareceu nas pesquisas bem perto da eleição. Minha participação foi modesta. Cumpri algumas tarefas de articulação dados a mim pelo partido. Foi na verdade o espírito de militância petista o diferencial para a condução de uma campanha vitoriosa. Aprendi muito. Aprendi a valorizar, ainda mais, a militância de nosso partido.

Como você descreveria o primeiro mandato do petista Darci Lermen?

Nilson – Um bom mandato se tiver como referência os mandatos anteriores dos nossos adversários. Primeiro mandato é assim, uma espécie de primeiro tempo de uma partida de 90 minutos. Ganhamos no primeiro tempo (os primeiros 45 minutos), mas não foi de goleada. Agora e dar show de bola no segundo. O técnico é o mesmo, a torcida é fiel, se for necessário, mexer no time, substituir os que dão passe errados, os que não se movimentam e os que fazem gol contra.

É notório que na atual conjuntura política é preciso fazer coligações fortes para se obter êxito em uma eleição. Os acordos e compromissos assumidos pelo partido atrapalharam o primeiro mandato do prefeito Darci?

Nilson – Nossa primeira gestão foi melhor que a soma dos governos passados. Isso que dizer que a coligação eleitoral foi correta. Quanto as dificuldades de qualquer gestão, ela se devem ao fato não só dos compromissos assumidos com A ou com B, mas a um conjunto de condições que nem sempre estão dadas como possíveis de serem resolvidas.

O PT deve ter autonomia a cerca de suas decisões que dizem respeito à esfera da política. O Prefeito por sua vez deve ter a mesma autonomia em relação à administração. Quando tivermos que cruzar interesses políticos com administração pública, cada um deverá dar o “pitaco” que considere conveniente e mais acertado para o projeto em construção.

Durante a campanha de 2008 o PT de Parauapebas se viu rachado e o diretório chegou a lançar um outro candidato a prefeitura. Como você viu esse processo e o que pretende fazer para que tais atitudes não mais ocorram?

Nilson – O novo Diretório Municipal eleito mantém um equilíbrio de forças internas, o que exige de todos responsabilidade. Como Presidente, mas também como membro do coletivo de direção, o PT deverá construir condições políticas para evitar fraturas que prejudiquem o partido. Isso pressupõe capacidade de diálogo e humildade em assumir possíveis erros. Foi para isso que fomos eleitos: consolidar o Partido, qualificar sua intervenção na sociedade, fazê-lo digno de seus filiados e de seus eleitores.

O que o senhor tem a declarar sobre as denúncias que surgiram na imprensa durante o PED, que apontavam o senhor como beneficiário de favores do atual governo?

Nilson – Como em qualquer processo eleitoral, é natural que os concorrentes tentem macular a imagem dos adversários. Minha vida, por minhas ligações políticas, é pública, por isso assumo ônus disso. Todas as acusações que fizeram a minha pessoa terão respostas judiciais, e as internas ao PT, serão tratadas como internas ao PT, logo, não públicas.

O senhor acaba de ser eleito para o cargo de presidente do PT municipal. A palavra de ordem do seu mandato será reconciliação? Ou o senhor usaria outra?

Nilson – O PT é o único partido do Brasil que experimenta democracia interna. Não é partido de caciques. O processo interno recentemente permitiu que três candidatos concorressem à Presidência e quatros chapas ao Diretório Municipal.

Quase setecentos filiados votaram, num processo onde o voto não é obrigatório. Tanto os que saíram vitoriosos, quanto os que não chegaram a vitória, sabem que o que está em jogo não é o ego pessoal, mas o projeto político que nosso partido defende. ´

Saímos, todos, maduros para construir a unidade do partido. Esse é o termo, é a palavra: unidade, que sabemos não virá apenas com belos discursos, gritos, “rolo compressor”, ou uso imoral da maioria. A gestão passada foi marcada por esses desvios, e quase levamos o partido a uma tragédia. Teremos um Diretório Municipal equilibrado, capaz de se legitimar, na prática e não apenas no voto, como direção partidária.

Por isso sou Presidente a serviço do meu Partido, subordinado as orientações do Diretório democraticamente eleito, que é a instância maior de decisões.

Qual a sua opinião a respeito da aproximação do PMDB e do PT, já que o atual Secretário de Obras, um dos cargos mais desejados do município, se filiou ao PMDB que até então era oposição ao governo do partido que o senhor presidirá?

Nilson – Nosso Partido foi feliz em lançar uma nota pública intitulada “Carta aberta do PT aos filiados, simpatizantes, aliados e população em geral” onde de modo combinado por suas forças internas, afirma que aproximação com o PMDB em Parauapebas, é de obra e graça do Sr. Prefeito. Ela reafirma o compromisso com seus aliados. Identifica o PMDB como adversário político local. E ainda que qualquer mudança na política de alianças, não partirá da cúpula petista sem a consulta a seus filiados e sem o respeitoso debate com seus aliados. É com esses que temos compromissos.

O PT terá candidatos de Parauapebas a deputado federal e estadual? O senhor poderia adiantar os nomes?

Nilson – Um município como o nosso, numa região importante como a nossa, deve estar bem representado na Assembleia Legislativa do Estado, assim como no Congresso Nacional, e o PT colocará nomes a apreciação da sociedade e de seus aliados.

No entanto, respeitando o próprio rito interno do PT, que estabelece um processo interno de debate e decisão, não é possível falar em nomes, mesmo que um ou outro já apareçam como prováveis pré-candidatos. Nosso Partido tem nomes à altura desses desafios.

O que o partido fará para que os partidos coligados não atrapalhem os candidatos do PT lançando candidatos em 2010?

Nilson – Primeiro : todo partido aliado tem o direito de discutir a eleição de 2010.

Segundo: se é aliado deve discutir conosco a estratégia, desde a condução da atual gestão até o processo eleitoral de 2010.

Terceiro: estamos construindo condições internas para uma relação respeitosa com os aliados. Acreditamos muito que um debate que passe por todos os que fazem parte da base política de sustentação do atual governo, deverá priorizar o que for melhor para o município e para a região. Não eleger um Deputado da base, poderá trazer prejuízos imensuráveis para todos.

Como o senhor vê o governo da petista Ana Julia Carepa?

Nilson – Considerando a herança tucana de 12 anos de mandato, anterior ao seu, nosso partido e seus aliados estão demonstrando que é possível governar com equidade um Estado tão grande, complexo e com problemas estruturais e históricos para resolver.

Com um segundo mandato, com certeza, teremos tudo para colocar o Pará no foco do cenário nacional.

Problemas como os atrasos nas obras da nova PMP e do Hospital Municipal desgastaram muito a imagem do partido pós eleição 2008. Haverá troca do secretariado municipal em 2010.

Nilson – Uma possível “reforma administrativa” será fruto de um processo que passa necessariamente pela vontade do Prefeito (eleito para isso, para conduzir a gestão) e da base política que sustenta o Governo.

O PT internamente debaterá essa possibilidade a luz de sua estratégia, que se consolidará com o IV Congresso no inicio do próximo ano.

Há algo que o senhor queira acrescentar?

Nilson – Nosso partido sai fortalecido após o processo eleitoral interno. Sou Presidente do PT e não de uma chapa ou de uma tendência. Construir a unidade interna do PT, fortalecer os aliados, consolidar nossa presença na Câmara de Vereadores. Fortalecer laços com a sociedade civil, e ampliar o debate sobre a Gestão Municipal devem ser as nossas metas.