Em um trabalho intensivo no combate ao crime organizado, a Polícia Civil do Pará já prendeu, em um ano, cerca de 100 integrantes de facções criminosas que vinham agindo no estado, responsáveis por diversos crimes. Segundo a Polícia Civil, algumas células dessas organizações criminosas foram completamente desmanteladas no Pará, com a prisão dos cabeças dessas facões.
Os dados da PC, divulgado nesta terça-feira (14), mostram que ações realizadas, desde o início da atual gestão estadual, fizeram cair o índice de criminalidade no estado, que antes ocupava o topo da violência no país. O dado positivo, diz o delegado-geral Walter Resende, é resultado do trabalho conjunto dos órgãos de segurança e o investimento feito pelo governo em tecnologia e melhoria da infraestrutura do setor de Segurança Pública no estado.
Ele aponta que a estratégia eficiente tem refletido diretamente na redução de crimes como homicídios, roubos e tráfico de drogas, assim como a prisão de membros de facções criminosas. “Nós atuamos em todos os tipos de crimes: do furto na esquina, passando pela investigação de mortes, até o roubo de grandes valores. Entretanto, com base no nosso Núcleo de Inteligência Policial (NIP), estamos investindo fortemente na investigação e prisão dos cabeças desses crimes. Essas pessoas são as que comandam o tráfico de drogas, as execuções de agentes públicos, entre outros crimes de grande potencial. Desta forma, agindo por cima, estamos conseguindo combater delitos em todas as esferas e economizando o erário público”, destaca o delegado-geral.
O delegado destaca que o NIP, através do Grupo de Trabalho de Combate a Facções Criminosas (GTF), em uma primeira etapa, iniciou o levantamento das ações e responsáveis por crimes cometidos contra a população paraense. Em um ano de trabalho intenso, cerca de 100 faccionados foram retirados da liberdade.
Desse total, 12 eram conselheiros finais e tiveram suas organizações criminosas desmontadas no Pará. A primeira grande ação aconteceu há um ano. À época, foi deflagrada a “Operação Cabeças I”, que teve como resultado a prisão de quatro pessoas apontadas como chefes de uma associação criminosa.
Ainda nesta etapa da operação, um dos alvos revidou a prisão, trocou tiros com os agentes da PC e acabou morrendo. Apesar dos crimes investigados terem acontecidos no Pará, as prisões foram feitas em quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Amazonas e Santa Catarina.
Segundo delegado titular do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil, delegado Temmer da Cunha Khayat, morar em outro estado é uma estratégia dos criminosos, mas isso não é barreira para a Polícia Civil do Pará. “Nós fazemos o monitoramento das facções que se instalam ou tentam se instalar no Pará. Ocorre que a maioria das pessoas que estão à frente das organizações criminosas é foragida da Justiça. Eles têm mandados de prisão em aberto, em virtude de condenações, de inquéritos com prisão preventiva decretada. E, em razão disso, evadem-se do nosso estado. Procuram outras localidades da federação para se abrigar, geralmente com identidades falsas, e tentam viver normalmente. Mas, à distância, passam as diretrizes de atuação e o comando para criminosos no Pará“, explica o delegado.
Dentro desse trabalho de investigação, em julho deste ano foi dado mais um golpe na desarticulação do mundo do crime no Pará, com a realização da Operação “Medusa”. A operação envolveu a Diretoria de Polícia Especializada, por meio da Divisão de Homicídios (DH/DHAP) e Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO/DRFC), e a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), além do apoio da Polícia Civil dos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina.
No Pará, as diligências foram realizadas em Belém e Ananindeua, na Região Metropolitana. “Nesta importante operação, nosso foco centralizou na captura de pessoas que estavam por trás da morte de agentes da segurança pública. Por meio de uma força-tarefa, conseguimos identificar e localizar esses indivíduos, que ceifaram a vida de pelo menos 25 trabalhadores. Com a ajuda inerente da Justiça, conseguimos mandados de prisão e busca e apreensão”, infirmou Walter Resende.
Doze pessoas foram presas no dia “D” da Mega Operação. Em agosto, o 13° alvo, que estava foragido, foi localizado e preso na cidade de Palhoça, município que fica a 30 quilômetros de Florianópolis, capital de Santa Catarina.
Com essas ações, segundo a PC, caíram os índices de criminalidade no estado. Desde 2010, julho foi o mês com menor registro de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), em comparação aos demais meses. Foram 153 casos de CVLI, que englobam homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte, superando, inclusive, meses em que havia restrições de circulação em via pública e proibição de funcionamento de estabelecimentos comerciais durante o período mais grave da pandemia de Covid-19.
No período anterior a 2019, entre 300 e 400 paraenses perdiam a vida em um único mês, vítimas da violência. Segundo a Polícia Civil, o resultado positivo reflete a presença policial nas ruas e o trabalho integrado de todas as forças de segurança pública.
Tina DeBord – com informações da PC