No Pará, 60% das prefeituras passaram da conta com funcionários públicos

Levantamento exclusivo do Blog revela que Prefeitura de Gurupá tem pior situação fiscal do país, ao passo que Canaã dos Carajás tem 4ª melhor. CNM diz que 11 prefeituras do estado estavam estranguladas no ano passado, mas nenhuma delas declarou calamidade financeira.

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Em 2019, nenhum dos municípios elegíveis à situação de calamidade financeira decretou formal e oficialmente a situação no Pará. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 11 estavam com as contas públicas estranguladas, sendo que a despesa com pessoal — como tantas vezes já alertado pelo Blog do Zé Dudu — é o maior dos calos no sapato de vários prefeitos do estado. A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog, que acessou um estudo técnico produzido pela entidade nacional dos municípios que ainda prevê que este ano o número de municípios em situação de calamidade deve aumentar.

De acordo com a CNM, as justificativas dos municípios geralmente recaem sobre o desequilíbrio entre receitas e despesas, as dificuldades de pagamento de pessoal e o fornecimento de serviços essenciais, como saúde e educação. “Os gestores se deparam com grandes dificuldades, e o decreto faz reconhecer que as cidades não possuem recursos financeiros suficientes para honrar com suas principais e essenciais despesas. Ressalva-se ainda que esse número tem aumentado dia após dia”, alerta a entidade.

Mas, a julgar apenas pelos gastos com pessoal, a situação de muitos municípios paraenses é muito pior que a encomenda e, em tempos de pandemia do novo coronavírus e de contração de receitas, muitas prefeituras terão mais facilidade de fechar as portas que fechar o caixa.

Neste domingo (3), o Blog do Zé Dudu fez um levantamento exclusivo e o mais completo já realizado com dados informados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) sobre as 144 administrações e constatou que 112 extrapolaram o limite de alerta (48,6% da receita líquida) para gastos com pessoal. O pior é que 85, ou mais da metade, romperam o limite máximo (54%) preconizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para uso com o funcionalismo público, o que compromete sobremaneira a prestação de serviços básicos, já que falta dinheiro para suprir as necessidades mínimas da população. Em 2019, as folhas de pagamento das 144 prefeituras do estado juntas perfizeram R$ 9 bilhões.

E tem mais: no Brasil, de todas as prefeituras que entregaram o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) referente a 2019, o governo de Gurupá, do prefeito Neucinei de Souza Fernandes (PSDB) tem a pior situação, comprometendo 87,8% da arrecadação enxuta. As administrações de Igarapé-Açu, do prefeito Nivaldo Costa (SD,) com 82,43% de comprometimento, e de Santarém Novo, do prefeito Pedro Cabral de Oliveira Neto (SD). com 81,75%, também estão em situações para muito além do que vem a ser considerado crítico.

Por outro lado, a Prefeitura de Canaã dos Carajás, administrada por Jeová Andrade (MDB), ao usar apenas 24,32% da receita líquida com o pagamento de seu funcionalismo, tem a 4ª melhor gestão fiscal do país. Sendo acompanhado pelos governos de Parauapebas, de Darci Lermen (MDB), com 34,32%; Ourém, de Valdemiro Fernandes Coelho Junior (DEM), com 38,33%; e Vitória do Xingu, de José Caetano Silva de Oliveira (PSB), com 39,55%. Tecnicamente, se quisessem oferecer bons reajustes salariais a seus servidores, essas prefeituras o fariam sem apertos. Isso, no entanto, não implica dizer que o resto da arrecadação esteja sendo empregada em serviços sociais básicos como deveria. Longe disso.

O Blog do Zé Dudu preparou um listão inédito com a situação fiscal de absolutamente todas as prefeituras que consolidaram documentos de gestão fiscal referentes ao ano passado ou ao mais recente quadrimestre. Confira!

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