As estatísticas do Estado Maior Estratégico da Polícia Militar do Pará, por meio da Seção de Inteligência e Estatística (SEI), revela um quadro assustador. Perderam a vida nos últimos dois anos e dois meses exatos 42 policiais militares, sendo que 2007 foi o ano em que a corporação mais enterrou companheiros, seja na capital ou no interior paraense.
Conforme dados da SEI, em 2007, foram 22 militares mortos. Já em 2008, este número chegou a 17 policiais assassinados e somente nos primeiros trinta dias de 2009 a corporação já perdeu três integrantes, que foram assassinatos fora de serviço.
De acordo com um informante do Jornal Diário do Pará, que possui alta patente na Polícia Militar, o número de PMs mortos fora de serviço no Pará preocupa, pois a proporção é alta. Por exemplo, em 2007, dos 22 que “caíram”, apenas cinco estavam em combate. E no ano passado, 14 estavam de folga e três foram vitimados durante o trabalho. A maioria das mortes destes profissionais da segurança vem acontecendo no interior e acaba ficando sem repercussão.
No leia mais você confere o relatório completo, feito pela PM/PA, sobre as morte dos militares.
Comparativamente, devido à natureza do trabalho, a Polícia Militar é a que apresenta maiores taxas de mortalidade entre os órgãos de segurança. Uma das grandes motivações para que o número de mortos fora de serviço seja alto é que existe um percentual de policiais militares que, para complementar a renda, exercem durante as folgas outras atividades, principalmente na área de segurança privada. Logo, os policiais, mesmo fora de serviço, continuam ocupando o tempo livre em trabalhos que também possuem elevado risco de morte.
Segundo o levantamento colhido com exclusividade pela reportagem, entre os casos de PMs mortos há casos em que os policiais são vítimas da violência banal que toma conta das cidades e que brigas em bares ou no trânsito acabam em mortes.
Já entre os mortos em serviço ou no momento que estão retornando para casa, a maioria é vítima de emboscadas por parte de criminosos. Como foi o caso do cabo Cunha, da Rotam, que foi executado no bairro do Curuçambá e provocou uma violenta reação da polícia que resultou em mais 5 mortes.
Muitos policiais são vítimas de assaltos
Em 2007, os números começaram em janeiro e não pararam. Em Redenção, o cabo José Estevam dos Santos, pertencente ao efetivo do 7º BPM, foi encontrado no dia 8 de janeiro morto com um tiro na cabeça. Ele estava de licença sem vencimento e iria se apresentar no dia 10 de janeiro.
No dia 18 de janeiro, em Tucuruí, dentro do 13º BPM, o cabo Genivaldo Barradas, com uma arma particular, matou com um tiro na cabeça o colega de farda Waldinei Moreira James, ambos pertencentes ao mesmo Batalhão, e em seguida ele se suicidou.
Em Ananindeua, o cabo Matias Teixeira Carrera foi assassinado por criminosos na avenida Belém, no Pará. O fato ocorreu no dia 24 de janeiro, quando o militar foi abordado por três homens que roubaram sua arma e dinheiro. Os criminosos chegaram a agredir a vítima, que foi mandada deitar-se no chão, mas ele correu e acabou alvejado. Em fevereiro, em Paragominas, o soldado Wellington Ribeiro, pertencente ao 19º BPM e à disposição da Junta de Saúde, foi assassinado. O PM estava em Imperatriz (MA), onde morava, bebendo em um bar próximo a sua casa, quando foi esfaqueado por um homem não identificado, que fugiu após o crime.
Em Belém, no dia 17 de fevereiro, o subtenente Ednaldo Pedro Pereira foi baleado na rua 6 do conjunto Catalina, ao intervir em um assalto. Baleado na cabeça, o PM morreu a caminho do hospital. No dia seguinte, também em Belém, o sargento reformado Miguel Rodrigues foi encontrado morto dentro de sua residência na ilha de Outeiro. Havia sinais de luta dentro da sua casa.
Já no dia 25 de fevereiro, o cabo Eloy da Silva Medeiros foi morto com um tiro no rosto na pizzaria Maramelo, na Teófilo Condurú, bairro de Canudos, após dois homens tentarem assaltar o local.
Em março, em Marituba, o cabo Laércio Braga de Sales, da 18ª Zpol, foi baleado quando estava de folga em um bar na rua da Cerâmica. No município de Nova Ipixuna, no dia 7, seis homens armados assaltaram a agência do Basa. Durante a ação, o soldado Naelson Paixão foi morto.
Em Belém, no dia 30 de março, o cabo Francisco Bento de Freitas Filho foi morto com 3 tiros na cabeça na frente da sua residência, na avenida Pedro Álvares Cabral. No 1º de abril, o soldado Jocélio João Dias dos Santos, do 2ºBPM (11ª Zpol), estava na casa de sua namorada na Terra Firme, quando foi baleado em uma troca de tiros que também resultou na morte de um dos bandidos.
Dez dias depois, o sargento Rildo de Jesus Jardim Santos foi assassinado com um tiro na testa na travessa Souza Franco, no centro de Icoaraci. O militar se deslocava em sua motocicleta, quando foi abordado por dois indivíduos em outra moto. Após trocarem algumas palavras, o indivíduo sentado na garupa sacou a arma e disparou na testa do policial. Em julho, o soldado Charlet foi baleado e morto na praça matriz de Marituba após ter sido surpreendido por dois homens que roubaram a sua arma.
Em agosto, em Belém, o cabo Waudson Paixão de Carvalho, lotado no Ciepas, foi assassinado a tiros próximo a uma agência da Caixa Econômica Federal, no Entroncamento. O policial recebeu dois tiros, um no pescoço e outro na boca. No dia 31 de agosto, o cabo Daniel Castro foi baleado na cabeça durante uma tentativa de assalto a uma panificadora na avenida Alcindo Cacela, próximo à travessa Padre Eutíquio. Em setembro, o cabo Leonardo Siqueira Aragão, da 8ª Zpol, foi morto com um tiro na cabeça após ser reconhecido por dois criminosos que tentaram assaltar um ônibus na avenida Pedro Álvares Cabral com a passagem São Benedito.
Em Marabá, no dia 17 de setembro, durante uma operação no município, o tenente Djalma Barral Campos morreu após ser alvejado em uma perseguição. O policial coordenava uma operação de combate a assaltos efetuados por motoqueiros. No dia 22 de outubro, o soldado Ives Menezes Pereira foi assassinado em Ananindeua após reagir a assalto em um coletivo. Em Belém, no dia 29 de outubro, o cabo Raimundo Castro, da 4ª ZPol, foi assassinado com um tiro pelas costas em um trailer no Porto da Palha. A arma dele foi levada pelos criminosos.
Em 2007, também morreram o cabo Francisco Negrão Junior, do 6º BPM, o cabo Elton da Silva Rodrigues, do 12º BPM, e o soldado Rones Troad da Silva.
Em 2008 – O cabo Enéias Lobo Raiol, do 1º BPM, fazia uma serviço de segurança particular, no dia 11 de janeiro, quando, na rua da Olaria, no Guamá, foi surpreendido por cerca de 15 assaltantes que mataram o PM após baleá-lo nas costas. Em Imperatriz, no Maranhão, morreu no dia 15 de janeiro o cabo Antônio Costa, do 4º BPM de Marabá, que, segundo a PM do Maranhão, estaria participando de um assalto na cidade e reagiu à ação policial.
Em Ananindeua (25/01), o soldado Célio Carrera Pinheiro foi executado em um “churrasquinho” na passagem São José, no bairro do Atalaia. Em fevereiro, no dia 9, o cabo Luiz Augusto Tabosa da Silva (6º BPM) foi executado em uma lanchonete na rua do Fio, em Marituba.
Em Redenção, no dia 14/02, o cabo Sérgio Silva Neto morreu depois de ser baleado dentro de um veículo da empresa Souza Cruz. Já no dia seguinte, em Uruará, sete homens armados de fuzis e pistolas invadiram a cidade para assaltar o Banco do Brasil. Na troca de tiros foi morto o capitão Marcelo Augusto Ferreira de Oliveira, atingido com um tiro no olho.
Em abril, morreu 1º sargento Marcos Guilherme Monteiro Santos. Ele reagiu a um assalto na Cidade Nova 6.
Em Castanhal, o cabo Dorivan dos Santos Costa, lotado no 5º BPM, foi morto com três tiros dentro de um ônibus. Novamente em Belém, no dia 04 de maio, o cabo Éden Franc Farias de Carvalho (10ª Zpol) foi morto em uma emboscada no Canal do Acampamento, na Sacramenta.
Em Abaetetuba, o cabo Lima matou com um tiro no peito o soldado Adelcio Margalho Moraes. O acusado estaria enfrentando problemas psicológicos. Os militares estavam bebendo em um bar na orla da cidade, quando a vítima passou ao fazer brincadeiras com o acusado.
No dia 07 de junho foi encontrado o corpo do cabo Cláudio Maciel Pinto (3ª Zpol). Ele foi executado com um tiro na cabeça após ser assaltado no Curuçambá. Depois, no dia 14 de julho, o cabo Raimundo Nonato Ramos (Rotam) estava de folga, quando foi morto às proximidades de sua residência, na Sacramenta. Em Igarapé-Miri (13/11), durante uma perseguição, o soldado Dilvanei Araújo da Silva foi baleado e morto. Já em setembro, em Abaetetuba, o cabo Antônio Carvalho foi morto com um tiro no rosto logo depois de ministrar uma palestra para adolescentes em uma escola.
Também foi vítima de latrocínio o cabo Marcos Paulo Cardoso Bahia. Ele foi atacado na Arterial 18, na Cidade Nova. Depois, no dia 7/12, na Sacramenta, o soldado Elton Augusto Rocha de Sena (19º BPM) foi baleado na cabeça por assaltantes.
Em 2009 – Este ano começou com grandes perdas para a PM na Grande Belém. No início de janeiro, o cabo José Maria Ferreira de Sousa (10º BPM) foi alvejado quando retornava para casa com dois tiros por assaltantes. Foi socorrido, mas não resistiu.
A segunda perda do ano foi no Curuçambá, quando o cabo Paulo Sérgio Cunha Nepomuceno, da Rotam, foi executado durante um assalto.
Há duas semanas, em Canaã dos Carajás, o capitão Robson Farias França (23ºBPM) foi alvejado na cabeça por um motorista de caminhão após uma discussão.
Fonte: Diário do Pará
5 comentários em “Nos últimos dois anos 42 militares foram mortos no Pará”
Como podemos ver, o trabalho policial não é reconhecido ” morrem uns, permanecem outros…” as nossas vidas são como penas que se perdem pelo ar. É bom enfatizar que mesmo que um policial se perca, a bravura destes homens prescinde de qualquer preconceito social.
Em quem vc confia ?
no policial corrupto;
no meio termo ou no policial
qual procura trabalhar honestamente, mesmo contra o sitema estuda (pensando em sair da policia de cabeça erguida) e/ou trabalha muitas das vezes tirando bico para ganhar seu dinheiro com dignidade?
uma boa fonte para estudo,tem q mostra essa estatística para algum politico desses picareta q tem por ai!!
para ver se muda alguma coisa na vida de um policial.
parabéns… pela matéria.
É de estrema importancia que as pessoas que tanto nos descriminam e criam um preconceito sobre nossa profição tenham conhecimento de nossas perdas em combate a violencia que assombra toda esta sociedade, quero tambem salientar que é de folga, independente do policial esta ou não em serviço estra que ele torna-se mas vuneravel. temos que criar leis mais rigorosas para estes infratores que seivam a vida de um policial pois e imoral o Estado ser desmoralisado por marginais que menospresam a justiça e achaqualham o bom nome do nosso estado; O estado é o primeiro a abandonar seus defensores.
Eu quero salientar os casos de policiais mortos de folga dentro de coletivos em Belém. A questão é que o policial mesmo de folga é reconhecido como tal pelo meliante, e por isso, paga com a própria vida pela profissão que exerce. Se o assaltante, que é descumpridor da lei, reconhece o policial mesmo de folga e o condena. Por que a prefeitura não reconhece o mesmo, com ou sem a farda, nos coletivos no que diz respeito ao passe-livre? Ou então o Estado não reconhece o profissional com tempo integral e dedicação exclusiva já que mesmo de folga ele não pode se portar como um cidadão comum e assim não ter sua vida ceifada durante um assalto? Pois devo ainda enfatizar que os servidores mencionados não possuem a “regalia” de não reagirem num assalto e continuarem ilesos. Vale lembrar que o policial quando é reconhecido, ele só tem duas saídas…