Sabe-se pouco sobre o mega empreendimento de extração de ouro ‘Volta Grande’, localizado na cidade de Senador José Porfírio, sudoeste do Pará, às margens do rio Xingu. A pequena cidade, distante 11 quilômetros da usina de Belo Monte, já é chamada de ‘a menina dos olhos de ouro da Belo Sun’. O empreendimento vem sendo fonte de disputas, indignação e muita preocupação, especialmente da população local, que, a despeito do pouco que se tem falado sobre o projeto, vive dias de grande apreensão.
A mineradora Belo Sun pertence ao banco de capital fechado Forbes & Manhattan Inc. que desenvolve projetos internacionais de mineração e tem planos de aplicar US$ 1,076 bilhão no projeto “Volta Grande”, de onde sairiam 20 toneladas de ouro por ano, ao longo de 17 anos. No entanto, em sua página na internet, a Belo Sun Mining Corp afirma que “O Projeto Volta Grande hospeda um recurso de ouro compatível com 5,1 milhões de onças” (unidade de medida equivalente a 31,1 gramas) o que corresponderia a, aproximadamente, 158,6 toneladas de ouro. A previsão de início efetivo da extração do ouro é entre 2016/2017.
Os passos iniciais para a extração de ouro na Volta Grande do Xingu ocorreram a partir de uma licença prévia concedida pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Pará (Coema), após a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizado em 2009, e assinado pelo mesmo engenheiro acusado de ser o responsável pelo estudo de impactos da barragem de Mariana (MG), que rompeu em novembro de 2015. De lá pra cá muitas mudanças já aconteceram na região, resultantes da construção da usina de Belo Monte.
Em 2014, a Justiça Federal publicou uma sentença reafirmando uma decisão liminar de 2013, que suspendeu o licenciamento do projeto. Na sentença do juiz federal Cláudio Henrique Fonseca de Pina, a Belo Sun só poderia retomar as atividades depois que entregasse os estudos de impactos ambientais do projeto e também sobre as populações indígenas. O magistrado destacou que o impacto que o empreendimento vai exercer sobre populações indígenas é “fato incontroverso” e “com reflexos negativos e irreversíveis”.
Em meio ao imbróglio judicial, novos conflitos surgiram envolvendo os garimpeiros que vivem na região e lá trabalham há várias décadas. Eles foram acusados pela Belo Sun de terem ocupado, sem autorização, a área onde a empresa pretende instalar as máquinas para extrair o ouro. A Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema), vinculada à Polícia Civil, abriu inquérito contra os garimpeiros causando revolta da população local – em torno de 2 mil pessoas, incluindo povos indígenas e ribeirinhos.
Já afetada pelas obras de Belo Monte, a população carrega agora o temor de sofrer prejuízos ainda maiores com o projeto da Belo Sun, seja pela seca do rio, pelas explosões de dinamite e envenenamento do ecossistema, seja pelas mais recentes revelações que apontam que a barragem de rejeitos será bem maior que a que rompeu e causou a tragédia em Mariana.
Segundo o Instituto Socioambiental – ISA, a exploração do ouro ocasionará a abertura de uma grande mina a céu aberto, com o material retirado através de explosões das rochas que deixarão uma série de resíduos químicos na terra do local. A previsão é de que a montanha de lixo de mineração será 2 vezes maior que o Pão de Açúcar.
No Relatório de Impacto Ambiental a Belo Sun admite o risco de rompimento da barragem de rejeitos e a futura utilização de cianeto e ácidos altamente corrosivos na extração do ouro. Não informa, entretanto, as consequências aos índios e ribeirinhos que vivem na região, nem quem vai arcar com o passivo das montanhas de lixo da mineração, pois não preveem a remoção. Os detritos se configuram desde já uma ameaça inestimável ao Xingu e aos povos que vivem na Volta Grande.
Uma nota técnica do ISA conclui que o licenciamento da mineradora deveria ser responsabilidade do governo federal, e não do Estado do Pará. O Ministério Público Federal (MPF) exige na Justiça que o projeto seja avaliado pelo Ibama.
2 comentários em “Nova corrida pelo ouro no Pará”
” de onde sairiam 20.000 toneladas de ouro por dia”
É isso mesmo?
Esses números devem estar errados
Tá errado essa informação de 20toneladas de ouro por dia ,sendo o que o projeto tem 158.x então a Mina teria uma vida útil de uma semana!!!!