Novo diretor do Saaep não promete milagre, mas diz que já iniciou trabalho para melhorar atendimento à população

Biólogo concursado do município, ele reconhece as deficiências que existem no sistema de abastecimento de água de Parauapebas e adianta que estão em andamentos projetos a curto, médio e longo prazo, que visam melhorar o serviço no município

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Nomeado na nova gestão do prefeito Darci Lermen como diretor executivo do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (Saaep), Musa Nabih Musa Othman já começou a fazer mudanças e projetar ações visando melhorar o serviço de distribuição de água à população, que sempre apresentou problemas e gerou protesto dos consumidores. O diretor, no entanto, ressalta que não será feito milagres da noite para o dia, porque o município ainda está com a mesma estrutura de captação de água de quando o sistema foi implantado há 20 anos.

Natural do Rio Grande do Sul, Musa Nabih, de 36 anos, é biólogo concursado do município e, como técnico da autarquia, conhece bem a realidade do sistema de abastecimento de Parauapebas. Ele realizava o acompanhamento do tratamento de efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), e, antes de ser nomeado diretor, atuava como coordenador de Operação das Estações de Tratamento.

“A gente sabe dos problemas que o Saaep vem enfrentando nos últimos anos e, por isso, definimos estratégias de curto, médio e longo prazo para tentar sanar essas deficiências”, adianta o diretor.

Segundo Musa, em curto prazo está sendo trabalhado para melhorar a distribuição da água à população. “Estamos mapeando a rede, para saber exatamente para onde temos que enviar água, o horário de quando precisa ser aberto e fechado a distribuição para tal bairro. Antes, se dependia muito do conhecimento do servidor que operava e isso não era registrado. Ou seja, às vezes acontecia da pessoa sair ou ser demitida e, se ficava sem saber como estava ocorrendo à operação. Por isso, agora será tudo mapeado e registrado”, frisa.

Em médio prazo, o problema a ser sanado é a quantidade de água captada. Ele explica que o sistema tratamento atual foi projetada há 20 anos, para atender uma quantidade de habitantes. No entanto, a cidade teve e tem um crescimento demográfico acima da média nacional.

“A população aumentou, mas captação de água continuou a mesma de 20 anos atrás. Agora temos a parceria do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap), que pretende reverter esse problema em médio prazo, com o aumento da captação da Estação de Tratamento 2 e, da nossa parte, vamos tentar aumentar a capacidade de captação da Estação de Tratamento 1”, frisa Musa.

Segundo ele, a cidade foi dividida em dois eixos e se objetiva que o atendimento seja mais eficiente à população. “A gente precisa aumentar a produção de água. Só aumentar a rede de distribuição não resolve, porque a produção segue a mesma. Então, não existe milagre. Eu sei que minha missão não é fácil, mas eu estou colocando pessoas técnicas em cada área objetivando melhorar o nosso trabalho e nos ajudar nessa reestruturação do Saaep. Por exemplo, eu coloquei um engenheiro civil na coordenação de Planejamento, outro engenheiro civil à frente da diretoria de Operação e um advogado no comando da diretoria Administrativa”, pontua o diretor.

Sobre o sistema de rodízio de abastecimento, que é feito em alguns bairros, ele explica que, por enquanto, vai seguir assim. Em bairros onde os problemas são mais críticos, serão reativados poços ou, em curto e médio prazo, se houver necessidade, devem ser cavados outros poços.

“Nossa ideia não é cavar novos poços, porque esse é um sistema suscetível a problemas, além ter um custo de manutenção elevado e sempre há o risco de secar, porque o nosso subsolo não é de rocha sedimentar. No entanto, se houver extrema necessidade, em alguns locais, seremos obrigados a adotar esse sistema até aumentar a capacidade de captação das estações de tratamento”, destaca Musa.

Quanto ao aumento das estações de tratamento, ele informa que há projetos já em andamento, como é o caso do Prosap, que vai reestruturar a ETA2. Outro projeto é o de ampliação da ETA 1, que vai levar mais tempo.

“No caso da ETA 1, nós já estamos correndo atrás, para tentar agilizar o projeto o mais rápido possível”, garante.

Tanto a ETA 1 como a 2 fazem captação do Rio Parauapebas e estão localizadas na altura do Bairro Bela Vista. Além delas, há uma estação menor no Bairro Tropical, que faz captação de um lago, e uma estação na Palmares, que também faz captação do Rio Parauapebas.

Musa observa que, na área urbana, todos os bairros, regulares ou não, são de alguma forma atendidos pelo Saaep. Em alguns casos, como em áreas de morro, que ainda não há rede de distribuição, o abastecimento é feito com caminhão-pipa. Esse último, ele reconhece que é o pior sistema, mas é a única forma de atender a população dessas localidades, enquanto a rede não é instalada.

Sobre a situação em que encontrou a autarquia, o diretor é enfático. “Estou ainda tentando apagar incêndios, priorizando a solução de coisas que não podem parar. Depois é que eu e minha equipe vamos começar a gerir de fato. Por enquanto, estamos organizando as coisas mais simples, para partir para as ações de médio e longo prazo”, afirma.

Em relação à qualidade da água que hoje é fornecida à população, Musa, como biólogo, diz que está dentro do que determina a lei, porém com muito a ser melhorada. “A gente atende a portaria de Consolidação Nº 5, mas há muito a melhorar”, reconhece, dizendo que nesse sentido há projetos a serem colocados em prática em curto prazo e outros a médio e longo prazo.

A respeito do prazo para que Parauapebas tenha um serviço eficiente de distribuição de água, o diretor admite que isso ainda deve levar alguns anos, porque tudo passa pelo aumento da capacidade de captação. “Mas já estamos trabalhando com essa finalidade”, assegura.

Para a população, ele pede um pouco de paciência, mas ressaltando que tudo está sendo feito para resolver as questões mais urgentes. Ele observa que água é um serviço essencial e que ninguém vive sem o serviço, por isso a população tem todo o direito de reclamar quando houver falhas na distribuição.

“Eu só peço um pouco de paciência, porque não dá para resolver tudo do dia para a noite. No atual cenário, pode vir o gestor que for, não terá como equacionar rapidamente os problemas”, concluiu Musa. 

(Tina DeBord)