“Novo Marco Fiscal só passa com ajustes”, garante Arthur Lira

Relator está reunido com líderes para apresentar texto do substitutivo que vai ao Plenário
Governo entrega projeto do novo arcabouço fiscal para o Congresso. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e 1º Vice-presidente do Senado Federal, Veneziano Vital do Rêgo

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Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse, nesta segunda-feira (15), que o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal (PLP nº 93/2023), em análise na Casa, terá que passar por “ajustes” para ser votado no Plenário. O governo não tem votos garantidos para aprovar a matéria.

No final da tarde desta segunda-feira (15), Lira comandará uma reunião com o relator do projeto, deputado Claudio Cajado (PP-BA), os líderes da base aliada e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Cajado deverá apresentar o relatório preliminar aos líderes. O texto será o substitutivo que vai à votação em Plenário. Cajado acredita que até o meio-dia conseguirá finalizar o relatório.

Segundo Lira, alguns partidos querem a inclusão de mecanismos que comprometam o governo com o cumprimento da meta de resultado primário, o chamado enforcement (imposição, no caso, de regras). Também nesta segunda, o primeiro-vice-presidente da Casa, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), divulgou um vídeo defendendo mudanças nesse sentido.

“Os ajustes serão necessários. Nós temos que construir votos no Plenário e há determinados partidos que não votarão se o projeto for muito frouxo, for muito flexível, se não demonstrar as amarras e os enforcements necessários”, disse o presidente da Câmara.

CPIs

Além do projeto do novo marco fiscal, o presidente da Câmara dos Deputados tratou de outros temas na entrevista. Ele adiantou que devem ser instaladas nesta semana, possivelmente na quarta-feira (17), as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que vão investigar a manipulação de resultados de partidas de futebol, fraude nas lojas Americanas e a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Elas foram criadas no final de abril.

Deputados da Bancada do Pará se articulam para participar das CPI’s. Até o momento há apenas a confirmação do deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA) que foi indicado pelo seu partido para a CPI do MST.

Lira falou especialmente da CPI do Futebol e defendeu a regulamentação dos jogos no Brasil. “A Câmara já votou a regulamentação, que está esperando a deliberação do Senado há mais de um ano. É importante que a gente regular o setor. Está clara a influência dessas apostas online, que hoje patrocínio 100% dos clubes brasileiros”, disse.

Relação com governo

Arthur Lira também falou da relação da Câmara dos Deputados com o governo Lula. Após ser questionado, ele afirmou que não há possibilidade de rompimento, mas sugeriu mudanças na articulação governista.

“O que eu penso, e apelo, é que o governo precisa de três movimentos: o governo precisa descentralizar, confiar e precisa delegar. Ele descentralizando, acreditando, confiando, melhorará a sua articulação política”, disse.

Lira reforçou ainda que o Congresso não vai apoiar propostas que cancelem leis aprovadas nos governos passados, como a da independência do Banco Central ou o marco legal do saneamento. No início do mês a Câmara anulou trechos de dois decretos presidenciais que alteravam ponto desse marco legal. O governo tem feito ruído também com a privatização da Eletrobrás, processo que cumpriu todo o rito legal para ser concluído.

Outro ponto tratado pelo presidente da Câmara foi o projeto que pretende coibir a disseminação de discursos de ódio e notícias falsas na internet (PL nº 2.630/2020), popularizado como PL das Fake News. Lira defendeu a regulamentação do que é divulgado por meio das grandes plataformas de internet, preservando a liberdade de expressão, mas disse que ainda não há clima político para votar a matéria.

Deputado federal Raimundo Santos (PSD-PA), é um dos críticos ao texto do PL das Fake News

O deputado federal Raimundo Santos (PSD-PA) e o colega paraenseOlival Marques (MDB-PA) continuam com grande resistência ao relatório do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ao substitutivo do PL das Fake News. “Seguramente não é a regulação que o Brasil precisa”, disse Raimundo Santos, criticando a pressa do governo em aprovar o polêmico projeto.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.