“Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais
Brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
Foi o que restou”.
O texto acima foi extraído da música “A marcha da Quarta-feira de Cinzas”, dos inesquecíveis Vinicius de Moraes e Carlinhos Lyra. Acabei de ouví-la, o que me remeteu ao dia 1º de janeiro de 2017. Nesse dia tomará posse como prefeito de Parauapebas o peemedebista Darci Lermen, pondo fim ao governo de Valmir Queiroz Mariano.
Dia 1º de janeiro de 2017 será um domingo. Todavia, para o grupo de Valmir Mariano será uma quarta-feira, de cinzas.
O seleto e fechado grupo de Valmir Mariano certamente sentirá o término do poder. Deve ser difícil estar acima de tudo e de repente voltar a ser um simples mortal. Andar pelas ruas da cidade que governou por qutro anos. Verificar que nem tudo que precisava ser feito o foi. E, acredito que a pior parte, ver que tanta coisa errada, ruim, incabível no atual momento, poderia não mais existir, mas existe simplesmente porque não se teve a atenção devida, ou o carinho necessário para resolver.
Mas não é disso que quero tratar nesse post. Quero que os leitores tentem se colocar na posição do prefeito Valmir Mariano como ex-prefeito, tentem pensar em como será seu cotidiano doravante.
O prefeito de Parauapebas, não só Valmir, mas todos eles, sempre tiveram um grupo de pessoas que cuidaram da logística do gabinete e da vida pessoal dos gestores. Eles sempre viveram enclausurados no gabinete ou em suas residências em reuniões intermináveis; ou em poltronas de aviões em viagens necessárias para uma boa gestão. Tiveram suas vidas privadas meio que interrompidas por quatro longos anos e a volta ao cotidiano pode e deve ser difícil. Normalmente os que deixam o cargo viajam por um período para novamente tentar se adaptar a rotina do dia a dia normal de um cidadão comum.
O mesmo acontece com os asseclas do primeiro escalão. Alguns deles se consideram hoje verdadeiros deuses. Não atendem ligações, não respondem mensagens via WhatsApp, não dão sequer um bom dia à ninguém. São, em sua maioria, emergentes temporários cuja a função subiu à cabeça e, devido ao pouco preparo para a vida, não sabem reconhecer que tudo, tudo nessa vida é passageiro, nada é infinito.
Deve ser difícil acordar no dia seguinte e não ter nenhum puxa-saco a tiracolo. Deve ser legal, também, saber que doravante a responsabilidade por tudo que acontece na cidade não é mais sua.
Eu sou daqueles que anda pela cidade observando tudo. Volta e meia me coloco na posição de gestor e me pego pensando em como resolveria esse ou aquele problema fosse eu o responsável por isso. Desde um simples bueiro entupido por centenas de dejetos que a população insiste em jogar na rua, até a falta de empregos, hoje tão comum nos municípios brasileiros.
Para quem teve a oportunidade de resolver deverá ser difícil, no futuro, olhar um problema e ver que ele não foi resolvido. Lembrar os motivos que levaram à não solução… Certamente quem já esteve lá tem um modo diferente de olhar a cidade e uma resposta convincente por não ter resolvido esse ou aquele caso pontual.
Boa sorte a quem está saindo. Que no futuro colham todos os frutos que plantaram, sejam eles bons ou ruins.
Darci Lermen assume no domingo. Ele já passou por isso. Deixou a cidade depois de oito anos na prefeitura e já sabe o que é estar no poder e fora dele. Acredito que isso é bom para Parauapebas. Pequenas situações que foram negligenciadas por ele no passado certamente terão mais atenção do novo gestor no futuro. Falei com Darci logo após a posse de Valmir, em 2013. Ele me disse que saia, à época, com o sentimento do dever cumprido. Quiçá, em janeiro de 2021, a população de Parauapebas tenha o sentimento de que Darci foi o melhor prefeito que essa cidade já viu, porque, na verdade, o que importa é o sentimento do povo. Este sim, deve estar com o sentimento, voltando ao poeta, de que:
“A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida
Feliz a cantar”.
2 comentários em “O dia seguinte…”
Post criativo.É realmente uma grande experiência.O tempo é algo que não se volta a traz e as decisões tomadas nesses quatro anos irão com certeza refletir em suas vidas,espero que de forma positiva. Pra mim como eleitora que não votei em Walmir Mariano mas decepcionada como esse governo…Que bom acabouuuu…
Bom texto. Simplesmente assim. Estou aqui há 28 anos e algumas pessoas se portam desta forma. Quando assumem um cargo publico se tornam extraterrestres, costumo dizer que as pessoas não mudam se revelam. Veremos o que acontecerá com esse grupo. Que Deus abençoe a todos.