Nesta terça-feira, dia 22 de janeiro, o juiz Marcelo Andrei Simão Santos, titular da 2ª Vara Criminal de Marabá, publicou sentença contra oito pessoas acusadas de participar de uma complexa rede de tráfico de entorpecentes que fazia da cidade de Marabá um centro de transporte, distribuição e venda de drogas. Juntos, os oito condenados pegaram mais de 100 anos de prisão.
Os denunciados pelo Ministério Público foram os seguintes: Maria de Fátima Dantas, Simone Pereira do Vale, Lindenberg Aguiar Feitosa, Luana Chryste Aguiar Feitosa, Mayra Dantas Reis, Kelson Olegário da Costa, Agnaldo Palhares Bitencourt, Aunes Souza da Cruz, Maria Alves de Oliveira, Anderson Pereira dos Santos, Jorge Pereira da Silva e Dhony Souza dos Santos. Todavia, o processo dos dois últimos, que são policiais militares, foi encaminhado para a Justiça Militar e ficaram livres de punição em Marabá.
A operação, realizada em 2014 e denominada de “Sodoma”, foi comandada pela Superintendência de Polícia Civil do Sudeste. As interceptações telefônicas iniciaram no mês de março daquele ano, dando continuidade às investigações deflagradas na operação “Cavalo de Tróia”. Em 15 dias de escutas, foi constatado que Maria de Fátima Dantas e sua filha Mayra Dantas Reis administravam um dos pontos mais movimentados de venda de drogas na cidade, chegando a faturar aproximadamente R$2.000,00 por dia.
Mãe e filha, segundo a denúncia, também negociavam drogas com Anderson Pereira dos Santos, vulgo “Nenzão”, o qual mantinha um relacionamento amoroso com Mayra. Ele realizava as transações no interior do Centro Regional de Recuperação Agrícola “Mariano Antunes”, onde cumpre pena pelo crime de roubo majorado, sendo intermediada por sua ex-namorada.
Segundo apurou a polícia, as drogas comercializadas por Maria de Fátima eram fornecidas também por Kelson da Costa, com quem aquela dividia as despesas referentes às propinas pagas aos policiais.
Lindemberg, vulgo “Berg”, era outro fornecedor do “ponto de drogas” de Maria de Fátima. Por meio de interceptação telefônica Maria indagou Berg o valor de sua dívida, sendo respondido que estava em R$3.800,00. Na mesma oportunidade, Maria encomenda mais droga, porém, ressalta que “não quer da amarela e sim da escura. Justifica a encomenda informando que está gastando muito dinheiro para pagar a polícia e que, “de quarta até hoje, gastou quase R$4.000,00 com esse pessoal (polícia)”.
As investigações ainda apontaram a participação dos policiais militares Jorge Pereira da Silva e Dhony Souza dos Santos, “que se utilizavam do poder lhes conferido pelo Estado, para exigir dos criminosos verdadeiros “pedágios” para o comércio de entorpecentes”, diz a sentença.
Durante o processo, no entanto, houve mudança na legislação e o caso dos dois policiais foi encaminhado da 2ª Vara Criminal em Marabá para a Justiça Militar. Durante o andamento do feito os réus foram colocados em liberdade e atualmente encontram-se em cumprimento de liberdade provisória com medidas cautelares.
Embora Maria de Fátima Dantas tenha negado na Justiça que pagasse os policiais para manter sua boca de fumo, muitos são os diálogos da interceptação telefônica em que DHONY e JORGE, ambos policiais militares, solicitam vantagem indevida para evitar a ação da polícia, conforme se percebe abaixo:
Dhony: poxa Fátima eu sou teu parceiro.
Fátima: só consegui na marra o movimento tá fraco.
Dhony: pow Fatima eu to lisão q nem quiabo. Me tire da liseira.
Maria de Fátima: acabei de acordar. Se pode vi tá na mão, mas consegui 600, tá bom.
Jorge: Mas só avisando, tem você, tem uns dois lá na Vila do Rato e o Kelson, que entrega pra vcs. Ta avisado.
Jorge: quero saber se não vai me atender.
Maria de Fátima: sim meu querido alguma coisa?
Maria de Fátima: eu não conheço nenhum Kelson.
Jorge: Então blz já que não tem…Não vai ser necessário nem conversamos. Depois que eu levar vc e o KELSON não reclame.
Jorge: Depois não diga que não avisei.
Na sentença, Luana Aguiar Feitosa e Anderson Pereira dos Santos foram absolvidos, mas foram condenados Maria Alves de Oliveira, Simone Pereira do Vale, Auenes de Souza da Cruz, Kelson Olegário da Costa, Agnaldo Palhares Bitencourt Júnior, Maria de Fátima Dantas, Mayra Dantas Reis e Lindenberg Aguiar Feitosa. Vários veículos e objetos apreendidos com os condenados foram dados como perdidos em favor do Estado.
Abaixo, veja a pena que cada acusado recebeu do juiz Marcelo Andrei Simão Santos:
1) Simone Pereira do Vale – 8 anos de reclusão e 1.200 dias multa;
2) Kelson Olegário da Costa – 15 anos e 3 meses de reclusão e 1.671 dias multa;
3) Agnaldo Palhares Bitencourt – 11 anos de reclusão e 1.533 dias multa;
4) Mayra Dantas Reis – 14 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão e 1.810 dias multa;
5) Maria de Fátima Dantas – 15 anos, 11 meses e 16 dias de reclusão e 1.722 dias multa;
6) Maria Alves de Oliveira – 8 anos e 4 meses de reclusão e 832 dias-multa;
7) Auenes Souza da Cruz – 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão e 970 dias-multa;
8) Lindenberg Aguiar Feitosa – 17 anos, 4 meses e 20 dias de reclusão e 2.202 dias multa, além de mais 1 de detenção e 10 dias multa.
1 comentário em “Oito presos na Operação Sodoma são condenados a 100 anos de prisão em Marabá”
antes de publicar deveria entrar em contato com a corregedoria de Marabá, pois os dois são Ex-PM’s, no caso qdo vc falou “ficaram livres da punição em Marabá”. pois os mesmos foram excluídos por esse motivo. caso tenha alguma duvida. entre em contato, fone 094 33221854