O suicídio de uma jovem de 17 anos, neste final de semana em Parauapebas, foi noticiado por alguns veículos de comunicação da região. De acordo com alguns relatos divulgados, a menina já teria tentado contra a própria vida em outra ocasião. Este ato, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) é um dos principais sinais de alerta.
“Para cada suicídio há muito mais pessoas que tentam a cada ano. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral”, diz a organização. Segundo dados de 2012 da agência da ONU, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Setenta e cinco por cento dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda.
“Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) esteja bem estabelecida em países de alta renda, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momentos de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida – tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças”, afirmou a agência. Além disso, enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida.
Depressão e o suicídio
Para a psicóloga Sara Giusti, que atende na rede pública e particular de saúde de Parauapebas, há mais relação de suicídios com casos de transtornos borderline que com casos de depressão. “Tenho observado em minha prática clínica que pessoas com esse transtorno têm sido muito mais suscetíveis à tentativas e à consumação de suicídios, por que são pessoas com muita dificuldades de adaptação social e que têm muitos problemas de relacionamento com familiares e com a sociedade em geral, e que gostam muito de experiências de risco, em se colocar em situações de risco, como jovens, usuários de droga; Essas pessoas têm forte relação com comportamentos destrutivos. A maior parte das pessoas que eu atendo com depressão não tem essa característica da tentativa de suicídio”.
O Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, o guia das doenças psiquiátricas da Associação Americana de Psiquiatria, caracteriza o transtorno de borderline com uma lista de nove sintomas: sensação constante de vazio; acessos injustificáveis de raiva; alternância constante e extrema de humor; relações interpessoais intensas e instáveis; comportamento impulsivo; ideias frequentes de suicídio ou automutilação intencional (em geral, com intenção de aliviar fisicamente a dor psíquica); episódios de paranoia; autoimagem instável; e esforços desmedidos para evitar um abandono verdadeiro ou imaginado.
Quando questionada sobre os sinais que o suicida dá, Sara Giusti afirma que não é fácil perceber, mas dá algumas dicas: “é interessante verificar se a pessoa está pesquisando alguma coisa sobre o assunto; observar se a pessoa está tendo um desinteresse pela vida; não quer mais fazer as coisas que fazia antes; não vê sentido nas coisas; ou está passando por um problema que pra ela parece ser insuportável, como caso de desemprego, ou o fim de um relacionamento amoroso, que são situações bastante complicadas. Temos que ficar sempre pensando nessa possibilidade, pois a tomada de decisão do suicídio é multifatorial, qualquer coisa que seja de difícil enfrentamento do sujeito, pode levar a pessoa a pensar nisso como uma saída do sofrimento”.
Centro de Valorização pela Vida
O Centro de Valorização pela Vida (CVV) é uma ONG que tem como objetivo trabalhar a prevenção do suicídio. Criado em 1962, em São Paulo, a ONG realiza um milhão de atendimentos por ano, no Brasil. No Pará, há pontos de atendimento em Belém e Santarém, os moradores de outras cidades podem fazer o atendimento à distância.
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, no número 141, e-mail, chat e Skype, 24 horas todos os dias. O site para mais informações éhttp://www.cvv.org.br/.
O trabalho da ONG é desenvolvido por voluntários, são 2.000 em todo o país. Para se tornar um, é necessário ter mais de 18 anos de idade e pelo menos quatro horas semanais para os plantões, as inscrições devem ser feitas também no site da CVV.