Mensagem enviada por Márcia Carvalho (foto), jornalista formada pela UF-MA e blogueira:
Quando se é criança a gente sonha com o que há nas nuvens. Nos imaginamos correndo e tropeçando, caindo e se misturando naquela brancura infinita. Tudo é lindo e fofo. Ah… como é bom ser criança! Nos permitimos vivenciar os momentos sem jamais pensar no quanto eles farão falta. Coisas simples como jogar bola, desenhar livremente, brincar com a bonequinha de pano e rir do palhaço sem graça e careca – que traz em sua roupa velha intenções de alegria – ficam marcados para sempre. E nós, pequenas e ingênuas crianças só nos damos conta dessa felicidade de ser menino ou menina, quando crescemos.
E quando crescemos e descobrimos de que são feitas as nuvens, não temos mais tempo para brincar, nem sequer sonhamos mais com o circo. A vida colorida do desenho sem compromisso fica cinza, carregada de problemas e marcas. As cicatrizes não saram, não são como na infância. As dores não passam, as quedas são maiores, as decepções nos fecham em mundos amargos, submersos na desesperança, no medo e na ignorância.
Nada é simples, tudo é real demais e os sonhos sempre são materiais. As pessoas não se entendem, não se querem, não se conquistam, não se abrem, constantemente se perdem e os sonhos não têm mais sentido.
Quando se é criança se é feliz porque não perseguimos a felicidade. Quando se é adulto acredita-se que a felicidade é vendida em pequenos frascos e nada como dinheiro para comprá-la.
Já quis tanto arriscar depois que cresci. Já quis voar, mas meus pés estão presos no chão. Eu tenho medo confesso. O medo que não tinha quando era criança. O medo que não tinha aos 17, o mesmo medo que tomou conta de mim aos 27. Tem gente que diz que esse medo tem a ver com maturidade, tem a ver com saber lidar com aquilo que é real e certo. Tem a ver com juízo e dinheiro. Tem a ver com o processo natural do ser humano. Eu tento me convencer disso, mas, acho que tem a ver com infelicidade.
Quando se é criança, sonhamos ser livres. Quando se é adulto, nos enclausuramos e matamos a cada dia os sonhos que nos fazem bem.
Eu queria muito realizar. Mas, que sonhos? Falo de sonhos e não das regras do nosso manual de sobrevivência. Esse livro cinza, velho e sem graça.
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13 comentários em “Os sonhos”
È muito importante termossonhos na vida.crescemos e continuamos sonhando.No entanto ao chegarmos aos trintae uns, garanto, nos tornamos mais realistas e fica mais facil nos guiarmos pela realidade dos fatos.
Querida Márcia,
Por um momento pensei tratar-se de uma grande amiga minha, também Márcia Carvalho, também jornalista, também talentosa, mas que mora em Belém. Já foi editora do Liberal e hoje trabalha no Instituto de Artes do Pará.
O mergulho revigorante que trazes na tua algibeira literária é tão necessário quanto breve. Dura o tempo de um sorriso numa tarde qualquer. É frágil como um segundo. Vês que nem todos conseguem fazê-lo, pois a água da infância tem um sabor adocicado que vicia e enlouquece, sobretudo quem é alérgico à poeira do passado. É importante voltarmos de lá, respirarmos essa fumaça cinza que cobre os telhados, pisarmos esse chão incandescente e negro das ruas, defendermo-nos das chicotadas da realidade. Mas há de se visitar a criança que nos habita, pois é ela que não se ilude, e sabe que horizontes devemos perseguir. Parabéns por ser uma nostálgica e romântica, isso nos faz agora irmãs em algum outro plano.
Sinceramente,
Fermina Daza
(ferminadaza@bol.com.br)
Parabéns Márcia, o texto é muito bom, é que algumas pessoas não estão acostumadas a um texto mais introspecto. E outras estão tão robotizadas que nem se lembram que foram crianças um dia, em que sonhamos ser tanta coisa e que isso nos dá asas… sonhamos até em melhorar o mundo, e depois de adultos vemos que não somos capaezes disso… sempre tem os politicos no meio, rssss, beijos e tudo de bom sempre!
Nossa, não esquento…toda crítica é bem vinda. Na verdade foi muito estimulante, e, mais uma vez , obrigada. abraços.
Minha cara, minha prima… não te jogarei confetes, nem te encherei de nada além do que seu texto merece.
Mas posso dizer que ele merece ser lido. são encontramos as coisas de nossa meninice e amadurecimento, que nos fazem um adulto iludido, sensível ou esperançoso. Que explico:
O iludido: diz que a vida é sempre linda – e não enxerga as mazelas do mundo. Crê que qualquer texto que não exalta a felicidade cega é pessimismo.
O sensível: Diz o que sente em seu presente estado de espírito; pelos momentos que se vê, que se sabe e que na maioria das vezes são – ao menos para sí mesmo.
O esperançoso: É parecido com o iludido, mas chega a vê as mazelas, chegar a sentir-las… mas não se abate com facilidade e luta.
Em seu texto vive algo do sensível, algo de esperança… mas sua mensagem é de nostalgia, o resgate das lembranças de uma meninice, e um pouco da tristeza profunda que muitos adultos/maduros, tentam esconder.
Parabéns minha querida – Adorei o texto, e sabes como sou exigente kkkk.
RiCarvalho
Blog:
-http://ricarajas.blogspot.com-
Esquenta com esses comentarios não Marcia, se vc tivesse postado esse texto com o nome de CORA CORALINA, OU CECILIA MEIRELES, tinha um monte de comentario dizendo assim, ” que coisa mas profunda, a Cecilia e a Cora eram demais.
Falamos sobre os sentimentos que estamos experimentando no momento… Não acho que signifique que a Márcia Carvalho é negativa, como o sugeriu o leitor Alexandre. Mas tão pouco concordo que a vida seja cruel.
Deixo, então, minhas perguntas:
Caro Alexandre, tens problema de depressão ou não entendes mesmo de literatura?
Pink Freuds, o que achas que tem valor na vida? Talvez a descoberta disso lhe faça sentir melhor.
A dica (pelo menos, funciona pra mim): já que geralmente associamos a felicidade a idéia de riqueza (dinheiro, saúde, relações…), penso, então que, se queremos mesmos nos sentir ricos, que contemos todas as coisas que temos que o dinheiro não pode comprar.
Abraços!
Pink Freud sou sua fã!!hehehe. Mas, entendo a poesia literária da jornalista que escreve muito bem! O problema é que na infância não nos ensinam que a vida é feita de escolhas, e que precisamos nos primeiros tempos da fase adulta sermos racionais para fazer as escolhas certas para que mais tarde não tenhamos o colorido da vida tolhido do nosso dia a dia…
Obrigada.
Pink, eu já estou acordada há tempos… os sonhos que ainda me restam estão na infância. Sinto falta deles.. Isso é triste, muito triste. Entretanto, caros amigos… a vida segue.
Não entendo como uma pessoa perde seu tempo escrevendo coisas tão negativas e ainda as publicam, pensar, escrever, viver coisas negativas só nos colocam cada vez mais para baixo, a vida é bela, vamos viver caisas boas, se afaste das coisas ruís, já acontece bastente coisas erradas em nossa realidade, para que levar isso para a imaginação, um artigo desse lido por uma criança e até mesmo um adolescente o fará quer desistir da vida, e não é isso que queremos; claro que temos que preparar nossos filhos para o mundo, mais não para um mundo do errado, pois se assim fizer-mos nosso mundo nunca terar salvação.
Gostei do texto, me indentifico bastante nele.As vezes penso que a “tal felicidade ” que procuramos encontrar neste mundo de hoje é a causa de tantos outros males, como dizem toda ação promove uma reação.
Oh linda! Que bom que você acordou, seja bem vinda ao clube da realidade nua, crua e cruel.
Linda mensagem, também me identifiquei com o fato da realidade nos tirar o doce gosto de sonhar!