Pacientes com fratura óssea lideram internações em Parauapebas

Município, que não é um dos 100 mais populosos do Brasil, ocupa 41º lugar entre os que mais hospitalizam por acidentes que esbagaçam braços e pernas. Aumento horrível de internações com esse tipo de perfil pressiona saúde e aponta para título de ‘Capital dos Mutilados’ no futuro

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Pela primeira vez, pacientes que sofreram acidentes com fratura óssea exposta de membros inferiores e superiores em Parauapebas assumiram a liderança das estatísticas de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) local. Os acidentados dessa natureza representam 12% de todos os que deram entrada em unidades de saúde pública do município no período de janeiro a maio deste ano. No Pará, só em Belém e Ananindeua há mais registros de pessoas com fraturas ósseas.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados atualizados na tarde desta terça-feira (9) pelo Ministério da Saúde. Os números, assim como suas causas, são chocantes: 613 parauapebenses se acidentaram de alguma forma e tiveram fratura de ossos, grande parte exposta, numa assustadora média de ao menos um novo acidentado a cada seis horas. A maioria das vítimas (66%) é do sexo masculino e estava sobre motos (90%), conforme dados cruzados pelo Blog.

O número superou até mesmo o de partos espontâneos, com 541 registros, que historicamente liderava as estatísticas de internações no SUS. Até mesmo outras causas bem comuns de internação ficaram para trás, como as doenças do aparelho digestivo, sobretudo as fortes dores de estômago causadas por gastrite e pela bactéria H. pylori. Todas as doenças do aparelho digestivo totalizaram 503 internações.

Dias atrás, ainda sem os dados de maio fechados, Parauapebas figurava nas estatísticas do Ministério da Saúde como um dos municípios brasileiros campeões de internações por acidentes com moto. O Blog do Zé Dudu revelou os dados com exclusividade (relembre aqui).

Agora, os novos números reforçam a tese da explosão de acidentes, com a constatação de que esses sinistros têm causado fraturas graves, com exposição de ossos e até mesmo amputação de membros. Se forem considerados os casos de fraturas em outras partes do corpo para além de braços e pernas (como nos ossos da face, pescoço, tórax, pelve, fêmur e múltiplas fraturas), o total de pacientes sobe para 752, o equivalente a 15% de todas as internações hospitalares em Parauapebas, e com um novo acidentado grave a cada quatro horas de relógio, em média.

Isso representa um escalafobético aumento de 176% em relação à mesma quantidade de registro de fraturas ósseas nos cinco primeiros meses do ano passado, quando o Ministério da Saúde computou 272 internações de pacientes em situação delicada na rede pública municipal.

Mudança de perfil

Dez anos atrás, era mais fácil — ou mais comum — um parauapebense ir parar no hospital por quadros de pneumonia, infecção intestinal, apendicite, hérnia inguinal e acidente cardiovascular, o popular AVC, do que por fratura óssea. Mas com a “motificação” da população, particularmente com o aumento dobrado da aquisição e do uso de motocicletas, os acidentes de trânsito dispararam e Parauapebas chegou a esse panorama macabro.

Embora ainda não esteja entre os 100 municípios mais populosos do Brasil, a Capital do Minério já ocupa, segundo o Ministério da Saúde, a 41ª colocação em número de acidentes com fraturas de mãos, braços, pernas e pés. A Prefeitura de Parauapebas precisa desembolsar, em média, R$ 809 para tratar cada paciente, que chega a ficar internado por semanas, a depender da gravidade com que chega às unidades de saúde.

Por outro lado, o que se gastou de janeiro a maio, via SUS, para custear os cidadãos “quebrados” por acidentes e que deram entrada nos estabelecimentos de saúde da rede municipal, na ordem de R$ 609 mil, é 152 vezes superior ao orçamento destinado às ações de educação para o trânsito deste ano, de míseros R$ 4 mil.

A continuar nesse ritmo, em dez anos Parauapebas terá de cuidar de uma legião de coxos e aleijados e seu orçamento para reabilitação, atualmente em R$ 4,99 milhões, irá todo para cuidar de acidentados com fratura de ossos, e ainda assim será insuficiente. Se nada for feito para mudar o curso da história, a Capital do Minério chegará à velhice nas próximas décadas ostentando o título de “Capital dos Mutilados” por seu trânsito cada vez mais intenso e cruel.

3 comentários em “Pacientes com fratura óssea lideram internações em Parauapebas

  1. ELTON Responder

    LEGADO DA GESTAO DENIS A FRENTE DA SEMSI . . . UMA POPULACAO INTEIRA DE CAVALO MANCO PRA USUFRUIR DA MELHOR SAUDE DO MUNDO . . . ONDE HA “FARTURA” DE TUDO . . . E ESSE TIPO DE “GESTOR” QUE A POPULACAO QUER COMO VICE PREFEITO . VIVA PARAUAPEBAS !

  2. Rogerio Responder

    Povo imprudente de gestor permissivo. A cidade tá infestada de motoqueiros aloprados muitos até de fora pra ganhar dinheiro com Uber Moto. É morte todo dia…. cadê o dmtt dos agentes do concurso fraudado??? Tá tudo errado!!!!

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