O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sancionou o Projeto de Lei (PL n° 10/2020), que inscreve o nome do Padre Cícero Romão Batista no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia. No ano passado, o Vaticano iniciou o processo de canonização do religioso, após décadas de cassação de sua ordem sacerdotal.
A fama de milagreiro começou em 1889, quando a hóstia que ele deu a uma fiel teria virado sangue em sua boca. O fenômeno teria se repetido dezenas de vezes. A Igreja, porém, entendeu os episódios como farsa e o proibiu de atuar como padre. Ele morreu aos 90 anos de idade sem conseguir recuperar as ordens sacerdotais e migrou para a política.
O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria registra o nome e homenageia os brasileiros ou grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida em defesa e construção do país, com dedicação e heroísmo excepcionais. Este livro fica guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).
O padre Cícero Romão Batista, também conhecido como “Padim Ciço”, nasceu em 1844, em Crato (CE). Foi ordenado padre em 1870 na capital cearense. Dois anos depois foi para a região de Juazeiro do Norte.
Um possível milagre ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. Logo a notícia se espalhou e o fato teria se repetido em público várias vezes. Juazeiro passou a receber peregrinos de vários lugares desde então.
Em 1894, o padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem, acusado de manipulação da crença popular pela Santa Sé. Proibido de celebrar missa e inconformado com a situação, o padre foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado.
Em 1911, o distrito de Juazeiro foi elevado a município e o padre Cícero se tornou prefeito, realizando diversas benfeitorias.
O padre Cícero morreu em 20 de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, local que até hoje celebra seus feitos e obras.
Após um trabalho de revisão histórica sobre a causa do padre Cícero feito pela diocese de Crato, a Santa Sé o reconciliou com a Igreja Católica, em 2015. Em 30 de novembro de 2022, o processo de beatificação do padre Cícero foi oficialmente aberto, na basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte.
O relator do projeto de lei, senador Cid Gomes (PDT-CE), disse que o padre Cícero é considerado um verdadeiro ‘’santo popular’’ por muitos fiéis católicos. “Padre Cícero desempenhou um papel não só religioso, mas político, combatendo injustiças e desigualdades. Até hoje é reconhecido como o santo do povo nordestino’’, disse.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.